A GUERRA
CIVIL LARVAR E PERMANENTE EM QUE VIVEMOS
28/6/19
“O tempora! O mores!
“Ó tempos! Ó costumes!”
Exclamação de Cícero
(Contra a depravação dos seus contemporâneos)
O problema
fundamental que temos é um problema Moral. Já o escrevemos várias vezes,
mas não é demais repeti-lo.
O problema moral
origina um problema político, que resulta num problema financeiro que desemboca
num problema económico e todos resultam num problema social.
Atacando efeitos e
não causas ou não entendendo a hierarquia dos problemas, apenas se baralha tudo
cada vez mais e não se resolve nada.
É no que estamos.
O problema
fundamental são as pessoas e a sua natureza (humana) – vejam até como no mundo
animal e vegetal, tudo corre “normalmente” baseado no equilíbrio natural, cujo
problema disruptor maior é, justamente, o ser humano…
Porém os animais e
as plantas, para já não falar nas rochas e minerais, não têm um cérebro nem
sentimentos, que se possam assemelhar ao ser humano.
Nos humanos convive o Bem e o
Mal, sendo capazes tanto de actos de santidade como das piores atrocidades.
Na mente humana
convivem grandes ideias e verdadeiros disparates e a maioria passa por cá sem
se lhe conhecer uma ideia. E mil minudências de permeio.
E, ao contrário da
procura da simplicidade, tudo se torna cada vez mais complexo e emaranhado
correndo a informação e desinformação a níveis frenéticos que deixam pouca
margem para pensar e reflectir!
A Moral e a Ética
nunca foram muito do agrado da natureza humana e pioram catastroficamente com a
falta de exemplo, que vem sempre de cima – quanto mais não seja por efeito da
gravidade…
Nem as diferentes religiões, que
estudaram e se adaptaram particularmente, à natureza humana que, supostamente é
feita à imagem e semelhança de Deus - o que à partida representa uma
contradição algo insolúvel dado que por definição Deus é perfeito, é bom, é
amor, etc., e o género humano estar tão longe disto, como as galinhas terem
dentes – dizia, a conseguiram domar ou meter em carris.
E desde que inventaram o
“Relativismo Moral” as coisas tornaram-se ainda mais complicadas. A Política, a
Sociedade, a Família está cada vez mais atomizada. Tudo é centrífugo, nada é
centrípeto.
Ora nestes termos não é possível
manter nada de pé, nem países, nem empresas, instituições, religiões, família.
Desta anarquia resultará cada um ser cidadão do mundo; a sua individualidade
considerada acima de tudo; ser “Deus” de si mesmo, resultando que a Humanidade
será apenas uma. Mas será una? E será verosímil?
Quem governará toda esta mole
humana?
Talvez quem esteja a empurrar as
coisas nestes termos…
Eis um bom tema para reflexão,
para quem quiser e souber.
Entretanto (e limitemo-nos a
Portugal) a “guerra civil” e a maldição moral continuam.
Implantou-se um regime político
na forma republicana – ou seja uma fórmula potencialmente anárquica e
abandalhada – não por acaso as residências dos estudantes em Coimbra são
denominadas de “Repúblicas”…
Sem embargo funcionam bem melhor
que a dita cuja oficial - solapada por um conjunto de partidos – cuja
designação é bem o espelho do que representam – em que se oficializou uma
ditadura partidocrática, que impuseram uma carga fiscal opressora das famílias
e empresas e uma dívida de escravatura à Nação; alienam constantemente, a
soberania e o património material dos portugueses; mentem sobre a sua História;
andam a destruir a matriz cultural, através da importação massiva de emigrantes
e pela criminosa facilitação na atribuição da nacionalidade; acabaram com a
moeda nacional (coisa que nem o Filipe I, se atreveu); reduziram as Forças
Armadas a uma quase ficção; elevaram as “garantias dos direitos individuais” a
tal ponto que paralisaram e viciaram o exercício da Justiça; transformaram a
diplomacia num mero exercício de relações internacionais, em detrimento da
defesa dos interesses estratégicos permanentes portugueses; transformaram o
ensino numa manta de retalhos inadjectivável, que mal prepara a juventude para
a vida, em todos os campos em que toca, etc..
Destruíram ainda, grande parte do
tecido produtivo português, em troca dos fundos comunitários de coesão, dos
quais nunca se apresentaram contas, nem se apuraram responsabilidades.
É certo que não se prende
ninguém (até ver) por afirmar coisas, mas daí até haver oportunidades para o
fazer vai alguma distância; a censura continua a existir a todos os níveis, só
não tem um carácter oficial e ninguém admite que a faz. Sendo que, a tentativa
de condicionar o pensamento, é uma realidade permanente.
Como pano de fundo de tudo isto,
temos uma Constituição da dita República, anacrónica, prolixa, mal escrita,
irrealista e desajustada da realidade nacional.
Que impôs um “sistema” semi -
presidencialista, que não é carne nem é peixe, com um predomínio idiota e
antinatural dos “Direitos” relativamente aos “Deveres”; uma organização
desequilibrada do trabalho onde predomina uma relevância nefasta das
organizações sindicais, donde resulta estar cerca de metade do funcionalismo
público permanentemente de baixa ou em greve; uma permissividade irresponsável
que, não poucas vezes, imobiliza sectores cruciais do país pondo em causa a
própria economia e segurança nacionais; potencia um conflito constante nas
empresas privadas oscilando o braço de ferro entre a ditadura dos sindicatos ou
o capitalismo selvagem, e os órgãos de concertação social, raramente concertam
seja o que for.
No fundo uma verdadeira guerra
civil, sem tiros (até ver) …
Mas quase todo o mundo fica
paralisado quando se ouve uma palavra mágica: Democracia!
Esquecem-se é de dizer que a
situação de “perda” em que nos encontramos foi conseguida, justamente, usando
os tais “princípios ditos democráticos”!...
Mas a questão Moral e Ética não
originou apenas todo este descalabro, não. Fê-lo acompanhar de um cortejo de corrupção,
nas suas vertentes moral, económica, financeira, de costumes, compadrio,
nepotismo, etc., que passou a ser transversal ao país (e nenhuma instituição
lhe está imune) com especial incidência nos organismos do Estado, nas
Autarquias (que apenas são prolongamentos dos Partidos) e na Banca. Já nem falo
do futebol…
Por isso não passa um
santo dia em que os jornais, as rádios e as televisões não relatem os casos
mais incríveis neste âmbito, acompanhados por barbaridades várias (a asneira
passou a ser livre) e imbecilidades muitas, pois uma verdadeira campanha de
imbecilização caiu sobre todos nós - basta ouvir esta pergunta repetida à saciedade,
“vem aí uma vaga de frio, (ou de calor), o que é que o senhor pensa fazer?”.
Numa síntese que dói, bem pode
dizer-se que o que se passou em Tancos, em Pedrógão Grande e à volta do
Comendador Berardo ilustra bem o Estado em que estamos e a Sociedade que
criámos.
O problema fundamental não está
entre “Esquerda” e Direita”, mas sim entre portugueses defensores da sua Nação
e entre internacionalistas, globalistas ou defensores de ideologias estranhas à
matriz cultural portuguesa; entre Patriotas e traidores, entre corruptos e
sãos; entre viciados e limpos; entre competentes e coiros, entre degenerados e
íntegros.
O tal problema Moral e Ético (este
sim civilizacional), que a actual Ministra da Cultura confundiu com as
touradas.
Perante tudo isto apetece fazer
uma de três coisas: ir para a praia sempre que possível (leia-se também
discutir futebol, novelas ou ir a um concerto rock); lutar contra o sistema ou
eutanasiar-se.
Em face do exposto não é difícil
ao leitor e meu excelente concidadão acertar naquilo que a esmagadora maioria
tem feito.
É o que de resto, está mais
conforme à natureza humana.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)