A HIPOTÉTICA INDEPENDÊNCIA
DA CATALUNHA
6/10/17
“Obrigar o Governo às cedências que rebaixam e às
violências que revoltam”.
Brito Camacho
Tem
sido notícia durante algum tempo, e sê-lo-á, previsivelmente durante algum
mais.
Em metropolitano
rápido da História:
A
Catalunha (que também tem território do lado francês, do qual ninguém fala, tal
como o País Basco), integrou o Reino de Aragão, no século XII, após união
dinástica com o Condado de Barcelona, o qual Reino, por sua vez, se uniu a
Castela – que entretanto já tinha integrado as Astúrias, o Reino de Leão e se
expandia pela Andaluzia até ao mar – ao tempo dos Reis Católicos, Fernando e
Isabel, o qual tinham juntado esforços para conquistarem ambos, o Reino de
Granada, grande parcela de território que restava aos muçulmanos, desde que
estes tinham posto pé na Península Ibérica, em 711, com Tárique.[1]
Em
1492, ficou formada a Espanha, a qual veio a aglutinar também o Reino de
Navarra, em 1512, ao passo que obtinham a soberania sobre as Ilhas Canárias,
pelo Tratado de Alcáçovas/Toledo, de 1479/80, celebrado ainda em vida do rei D.
Afonso V.[2]
Na
Catalunha manteve-se sempre algum espírito independentista, havendo revoltas
severas em 1639 e 1705, que foram esmagadas militarmente.[3]
A primeira
aproveitou à Restauração da completa independência portuguesa, em 1640, embora
os dois casos sejam em muito, distintos.
Após o século XVIII, o Iluminismo e a Maçonaria tiveram grande
proeminência na Catalunha apesar da repressão exercida.
A
Catalunha, com uma área de 32.114 Km2, dispõe actualmente de 7,5 milhões de
habitantes, dos quais apenas metade será oriunda de sangue e nascida no
território. Tal representa respectivamente 6,3% do território espanhol e 15,7%
da população.
Muitos
outros catalães (não se sabe quantos) estarão disseminados pelo resto da
Espanha.
Desde
o princípio do século XX despontou na Catalunha uma forte corrente comunista e
anarquista que teve grande influência na guerra civil espanhola entre
1936-1939, e que ficaram derrotados no fim do conflito tendo sofrido uma
repressão posterior apreciável.
Com a
morte do Generalíssimo Franco, em 20 de Novembro de 1975, e na evolução
política e social que se lhe seguiu, a Catalunha veio a usufruir de uma ampla
autonomia – talvez a mais ampla de todas, que ficou consignada na Constituição
de 1978 e cuja democraticidade ninguém até hoje contestou – tendo a região de
Barcelona passado a ser concorrente e desafiadora de Madrid, e não poucas
vezes, adversária.
Agora
está a querer tornar-se inimiga.
Em
1994, a completa autodeterminação de Andorra veio, também, incentivar os
instintos independentistas de Barcelona.
Esta
autonomia que, penso, foi levada longe demais pela permissibilidade do Estado
Espanhol, teve a sua origem próxima, na irresponsável independência do Kosovo,
em 17 de Fevereiro de 2008, forçada pelos EUA, e que o governo de Madrid foi
dos primeiros a não reconhecer – o que se mantém até hoje – e no reforço das
forças esquerdistas na política catalã o que condiciona o tratamento do tema em
grande parte dos “média” ocidentais, dominados por tais tendências ideológicas.
A
questão catalã não configura obviamente nenhum caso de colonialismo, como os
definidos após a Segunda Guerra Mundial e constam da Carta da ONU.
Mas
independentemente de tudo mantém-se o princípio de autodeterminação dos povos.
Esta
autodeterminação pode conseguir-se pela integração (no Estado actual ou noutro),
ou emancipação e tal ser conseguido por meios violentos ou por referendo.
Ora a
questão neste caso como em todos – e não vamos aqui discutir quem tem razão ou
deixa de ter – é que se uma população, por razões de religião, rácicas,
culturais, sociais ou outras, ganha uma consciência nacional que a leva a
querer libertar-se do controlo político de outra entidade, vai ter de lutar
para o conseguir. E, na maior parte dos casos, vai ter que verter o seu sangue
para obter tal desiderato.
Isto
não tem nada a ver com Democracia, nem com “Estados de Direito Democrático”, é
escatológico, ou seja, tem a ver com o princípio e o fim das coisas.
Por
isso é que eventuais consequências são secundárias aos fins em vista, havendo
apenas que os pesar em termos de Estratégica, ou seja, em termos de saber se os
meios existentes conseguem atingir os fins e subsistir.
Ora o
que não tem sido devidamente sopesado e evidenciado é que, se os catalães têm o
direito de querer ser independentes (e não se sabe qual é a sua real
expressão), o resto da Espanha também tem o direito a se lhes opôr. Ou não será
assim?
E, no
fim, se chegarem a tanto, será a força (isto é o poder de coação) a impôr a sua
lei.[4]
É
evidente que à luz do Direito espanhol (e, até, Internacional) o referendo ou a
declaração de independência, são ilegais.
Por isso o uso de violência pela Polícia e Guardia Civil, espanholas –
resta ver o que acontecerá quando e se, enviarem o Exército – é perfeitamente
lógica e decorre da natureza das coisas (e também do que afirmou o Brito
Camacho…).
O que é de admirar é que ainda não tenha morrido ninguém. Mas lá
chegaremos.
Porém é raro, se é que em algum caso, se tenha
declarado uma independência sem dor…[5]
E
já repararam o que pode acontecer ao actual Reino de Espanha se tergivizar
neste caso face às 17 comunidades autónomas e duas cidades autonómicas (Ceuta e
Melilla) em que se dividiu?
Se
houver conflito, os diferentes países que constituem o Planeta Terra, apoiarão
uma ou outra parte e a maioria ficará neutra, pois o conflito não os afecta.
O
silêncio que se ouve na UE e nos governos do mundo inteiro é sinal da
incomodidade que a situação provoca. [6]
Os
apelos que se ouvem para obstar à violência são inúteis e supérfluos, numa
situação destas. É evidente que irá haver violência, de um lado e de outro.
A
Soberania é uma coisa séria e tem que ser levada a sério. Parece que só em
Portugal é que se deixou de perceber isto.
Acontece
que pela História e situação geográfica, Portugal não pode ficar neutro em toda
a questão nem vai conseguir “desenfiar-se” como fez com a questão do Kosovo.
Mas
isso ficará, talvez, para uma próxima oportunidade.
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1] Convém lembrar que o Reino
de Aragão se tinha expandido para sul, até Valência, e no Mediterrâneo,
conquistando as Ilhas Baleares e a metade sul da Península italiana, a Sicília
e ainda conseguiram criar os Ducados de Atenas e Neopatia (entre 1311 e 1390)!
[2] O Reino de Navarra foi
fundado no século IX e continha territórios de ambos os lados dos Pirenéus,
incluindo o País Basco desde o século XII.
A parte francesa foi anexada em 1620 e definitivamente
incorporada em 1789. A parte espanhola manteve um vice-rei até 1841.
[3] A revolta de 1640 durou
até 1652 e ficou conhecida pela “Guerra dos Segadores”, contra o domínio de
Filipe IV; O conflito de 1705 nasceu da Guerra da Sucessão de Espanha e só
terminou em 11/09/1714. Este dia passou a ser considerado como o dia nacional
da Catalunha.
[4] Existem vários tipos de
coação, a saber: política, diplomática, económica, financeira, psicológica e
militar.
[5] A
não ser na “Descolonização” portuguesa em que, na prática, se obrigou a
população dos vários territórios ultramarinos a ser independentes mesmo
naqueles onde não se tinha disparado um tiro, como foi o caso de Cabo Verde e
S. Tomé e Príncipe e a empurrar a de Macau para os braços da China…
Ao passo que se reconheceu a escabrosa
anexação militar do Estado Português da Índia pela União Indiana. Malhas que o
mal fadado fim de império teceu!
[6] Apenas o Presidente Russo
foi lapidar no que disse, por sinal aquando da apresentação de embaixadores
estrangeiros entre os quais o português: “Estamos muito preocupados com a
situação na Catalunha, mas isso é um problema interno da Espanha”…
É A LUTA PELA LIBERDADE QUE ESTÁ EM CAUSA!!!
ResponderEliminar---»»» É preciso dizer não aos hitlerianos que não suportam a existência de outros; leia-se: separatismo-50-50.
{os nazis que não suportam a existência de outros... olha, atirem-se ao mar e digam que os empurraram}
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Explicando melhor:
---»»» Todos Diferentes, Todos Iguais... ou seja, todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
-» Os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
-» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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Nota 1: Os Separatistas-50-50 não são fundamentalistas: leia-se, para os separatistas-50-50 devem ser considerados nativos todas as pessoas que valorizam mais a sua condição 'nativo', do que a sua condição 'globalization-lover'.
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Nota 2: É preciso dizer NÃO à democracia-hitleriana; isto é, ou seja, é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros.
[obs: nazi não é ser alto e louro, blá, blá... mas sim, a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros]
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Existe uma ameaça global: mercenários ao serviço da alta finança (capital global) trabalham para a eliminação de fronteiras: a alta finança ambiciona terraplanar as Identidades, dividir/dissolver as Nações para reinar...
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---»»» É necessário um activismo global: mobilizar resistentes autóctones de todo o planeta - sejam de Direita ou de Esquerda - para o Direito à Sobrevivência da sua Identidade; leia-se SEPARATISMO-50-50.
[manifesto em divulgação, ajuda a divulgar]
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Um problema global -» mercenários (ao serviço da alta finança), aspirantes (a donos-disto-tudo) e penduras (lambe-botas) estão impregnados de hitlerianismo: não suportam a existência de outros!
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Os MERCENÁRIOS gostam de evocar (como se tal fosse o único valor existente no planeta) que o SEPARATISMO vai trazer problemas económicos.
Na sua cegueira anti-Trump (tocou no tema-tabu -» fronteiras), os mercenários chegaram ao ponto de andar a evocar a imigração para a América... quer dizer, ao mesmo tempo que eles andam por aí a acusar povos de deixarem 'pegada ecológica' no planeta, em simultâneo, os mercenários revelam um COMPLETO DESPREZO pelo holocausto massivo cometido sobre povos nativos na América do Norte, na América do Sul, na Austrália, que (apesar de serem economicamente pouco rentáveis) tiveram o «desplante»... de quererem ter o seu espaço no planeta, de quererem sobreviver pacatamente no planeta, de quererem prosperar ao seu ritmo.
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ASPIRANTES: pessoal dotado de uma elevada taxa demográfica... ambiciona/aspira ser dono-disto-tudo.
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PENDURAS: na Europa existem muitas comunidades nativas penduras -» não trabalham para a sustentabilidade da sociedade (média de 2.1 filhos por mulher)... penduram-se na boa produção demográfica de outros!
[e mais, os penduras ao mesmo tempo que são contra a repressão dos Direitos das mulheres, em simultâneo, são uns lambe-botas da boa produção demográfica daqueles que tratam as mulheres como 'úteros ambulantes' - exemplo: islâmicos]
{Os penduras são uns lambe-botas dos aspirantes a donos-disto-tudo e da alta finança}
Exmo. Senhor Tenente Coronel
ResponderEliminarEsta questão da Catalunha é um problema bicudo. A Espanha actual depara-se com a consciência (apesar de sublimada tantas vezes) que ela própria é composta por nações culturais e que mais cedo ou mais tarde se irá desagregar tal como a teoria tresloucada da Europa Unida. A aspiração independentista da Catalunha é histórica e não só de hoje. E prova essencialmente que as teorias iberistas são uma treta e não passam disso mesmo! A Espanha moderna terá de admitir isto e a Europa e os europeístas também! Todo este espaço europeu é composto por nações e só assim se poderá construir a paz noutros moldes em que todos se respeitem soberanamente! E já que a Espanha argumenta com o primado da lei então eu faço uma pergunta! E Olivença??? Não está ela própria ocupada à revelia da lei internacional até hoje? Para os espanhóis/castelhanos esse primado só serve para determinadas fim mas não para outros? E a reclamação da Espanha sobre o território de Gibraltar? Será ele legitimo ou não?
Muitas perguntas ficam no ar mas uma certeza se prova. O iberismo acabou por morrer com a Catalunha e ainda bem!
Com os meus melhores cumprimentos
Rui Silva