O ATAQUE DE TRUMP
À SÍRIA
O
ataque da nova administração americana, no passado dia 7 de abril, a uma base
aérea síria deixou meio mundo boquiaberto e baralhado.
Mas,
convenhamos, que só se o Presidente Assad da Síria e os seus conselheiros russos
fossem completamente tresloucados é que teriam realizado o tal ataque com armas
químicas que justificou a retaliação americana, à revelia, aliás, da política
anunciada para a região pelo novo inquilino da Casa Branca.
E,
já agora, do Conselho de Segurança da ONU.
Este
ataque na cidade síria de Khas Shaykhum é pois de todo inverosímil, da maneira
como foi relatado, como já foi denunciado por várias fontes de informação.
O
ataque melhor se percebe como sendo montado em “fake news” (notícias falsas) e
“false flag operations” (operações sob bandeira falsa) e não seria de todo
impossível ter sido realizado pelos “white helmets”, o grupo próximo da
Al-Qaeda e alegadamente financiado por várias entidades como, por ex. George
Soros e o Governo Britânico.
A
Primeiro-Ministro Theresa May foi rápida a condenar o Governo Sírio - e a
afirmar que a sua visão sobre o futuro de Assad não era o mesmo de Donald Trump
– seguida do Governo Francês, a Amnistia Internacional, o Governo Israelita,
bem como a Senhora Frederica Mogherini, representante da UE.
Recorde-se
que o último “false flag attack” químico ocorreu em 2013, quando o exército
sírio foi acusado de o fazer, justamente no mesmo dia em que Assad tinha
convidado inspectores de armamento, a irem a Damasco, o que terá resultado na
alienação do seu arsenal de armas químicas.
A
“guerra” de informação é total…
A
pergunta óbvia que se tem que fazer é a de saber a quem verdadeiramente serve a
situação criada.
Mas
arriscamo-nos a dizer que mesmo esta pergunta não responde a tudo o que foi
espoletado por este evento e outros, numa sucessão muito curta de tempo.
O
tabuleiro de xadrez em que esta jogada foi feita é muito mais complexo,
alargado e maquiavélico do que possa parecer, mesmo sem ser à primeira vista, e
visa vários objectivos em simultâneo.
Porém,
e digo isto por evidentes lacunas na informação disponível, parece ter havido
um objectivo central em todo este “teatro”, que aproveitou a Trump. Esse
objectivo chama-se China.
Porquê
a China perguntarão, ou o que é que a China tem a ver com a Síria?
A
China é neste momento a maior ameaça geopolítica e geoestratégica que os EUA
enfrentam.
Em
primeiro lugar pela expansão que está a ter no Mar da China e em várias
vertentes: a tentativa nunca negada de recuperação de Taiwan; o reforço da
marinha de guerra e mercante; a criação de atóis habitáveis e reivindicação da
área marítima circundante; a ameaça latente à Coreia do Sul e ao Japão e o
alargamento da sua influência a todo o Sueste Asiático - a China tem, aliás,
uma estratégia mundial, que até passa pelos Açores...
Depois
temos o apoio à Coreia do Norte, traduzido num regime totalitário feroz, que
dispõe de muitas armas nucleares – que quer expandir – e com comportamento
agressivo. Um problema que ninguém sabe como resolver, tendo-se optado por
esperar que impluda, o que não se tem revelado realista.
De
seguida existe o problema económico e de comércio, com os elevados índices de
crescimento das exportações chinesas e deslocamento das empresas americanas para
o exterior.
Tudo
isto tem sido acompanhado pelo aumento extraordinário de reservas de dólares
pela China e por ameaças veladas (ninguém sabendo o que daqui pode resultar)
deste país, tenta criar uma moeda de referência concorrencial com o dólar,
quiçá baseada no padrão ouro.
Como
pano de fundo de tudo isto temos uma matriz civilizacional e de conduta
completamente distintos, entre os poderes e sociedade, americana e chinesa.
Já
veremos onde é que a Síria se encaixa nisto tudo.
Ora
os EUA precisam da Rússia para fazer frente à China e conseguirem de certo
modo, ensanduichá-la.
Outro
dos aliados potenciais para tal, chama-se Índia.
Isto
também explica a falta de prioridade na Europa e na NATO, além de não se pode
acorrer a todos os lados, os europeus têm abusado do contributo americano e
basicamente destruíram os seus exércitos, para se dedicarem a engordar, (de
corpo e espírito), ir de férias, subsidiar quem não trabalha, enlearem-se com
os “LGBT+”, feminismos serôdios, etc., e afundarem-se no relativismo moral.
Tump
começou a pisar-lhes os calos; aguardemos pelos resultados.
Mais
ainda: as várias administrações americanas empurraram a barriga para cima da Rússia,
explorando a fraqueza em que este país caiu depois da queda do Muro de Berlim,
o fim da União Soviética e a descolonização de parte do seu império. Foram
metendo a maioria dos países da Europa de Leste na NATO e basearam lá misseis,
com a desculpa de que serviam para defesa contra o Irão; tentaram
estrangular-lhe o Cáucaso com a questão da Geórgia e avançaram para cima da
Ucrânia – a verdadeira “buffer zone” e celeiro da Rússia e tentando amputá-la
de outra região estratégica, a Crimeia.
Em
simultâneo tentaram controlar as exportações russas de petróleo e gás natural.
Quando
o Kremlin começou a reagir através do temível Putin, decretaram-lhe sanções
económicas.
A
coisa azedou, mas Moscovo recuperou o seu poder e está a usá-lo. E tem uma
liderança inquestionável, ou seja não pode ser ignorado.
A
nova administração americana percebeu, certamente, tudo isto e entendeu que não
podia continuar na senda anterior. Além disso, precisa da Rússia como já disse,
para conter a China e combater o terrorismo e jogá-la na Turquia.
E
passou a ter que lidar com ela de igual para igual, quando Putin decidiu actuar
em força no Médio Oriente.
Porém
as eventuais ligações do candidato Trump e de figuras da sua “entourage”, com
personalidades russas, sejam elas quais tivessem sido, conseguiu causar sérios
danos na imagem do actual presidente, levando até à demissão de conselheiros
importantes.
Fala-se
até, de que as empresas de Trump passaram por um muito mau período financeiro e
que foram empresários russos e judeus, endinheirados, que o salvaram (alguns do
grupo de Yeltsin). Putin já perseguiu alguns e prendeu outros…
E
aqui já se começa a perceber a decisão súbita, do ataque na Síria…
É
duvidoso que o Governo de Damasco ainda possua armas químicas, mas poderia ter
atacado um local, por engano, onde estas armas estivessem guardadas, ou lá
tivessem sido introduzidas há pouco.
E
seria fácil a mais do que um dos intervenientes ou de quem esteja aparentemente
na sombra, fazer tal acto ou, até, pura e simplesmente detoná-las e montar o
circo que se seguiu.
A
quem é que isto serve objectivamente?
A todos os que combatem o regime sírio
e seus apoiantes, como sejam o Irão e o Hezbollah, ou seja os Xiitas. E quem é
o principal beneficiado? Israel, é claro, que nunca se conformou em que o
ataque ao Irão não se desse em 2012 – a guerra na Síria parece ser apenas uma
estratégia indirecta de atacar aquele país – e que a resolução da questão das
armas nucleares no antigo Império Persa, estejam em “banho-maria” com as
negociações de Viena - o que levou, estamos em crer, o Primeiro - Ministro de
Israel Netanyahu, a falar no Congresso Americano contra a política de Obama!
E,
também, sai bebeficiada a Casa de Saud, principal financiadora e defensora dos
muçulmanos sunitas e arqui-inimiga da Pérsia e dos Xiitas; mas também, dos
Otomanos, dos judeus, dos cristãos, da civilização ocidental e sabe-se lá mais
do quê!
Ora
não deixa de ser significativo, que o ataque que ninguém acharia previsível à
base aérea síria de Shayrat, tivesse ocorrido no próprio dia da visita do
Presidente Chinês, convenientemente deslocado para a Florida; que este tenha
sido avisado do ataque e tenha assistido em simultâneo ao aviso prévio feito ao
Kremlin, de que o ataque se iria dar (o que permitiu que Assad retirasse os
meios aéreos da base) e feito saber aos russos que o ataque não era objectivamente
contra eles. Uma salvaguarda de confiança…
A
seguir os navios americanos disparam uma salva de 59 misseis Tomahawk dos quais
apenas 24 atingiram o alvo…
Lembra-se que estas armas são de
grande precisão e letalidade custando cada uma cerca de 1.5 milhões de dólares…
Fotografias
posteriores da base aérea denotam que os estragos foram mínimos e nenhuma
cratera existia na pista, o que permitiu à Força Aérea Síria, operar na base no
dia seguinte ao ataque!
Provavelmente
a salva de misseis seria de 60, o que pode levar à especulação de que um dos
misseis não tenha saído do seu lançador. E seria curioso conhecer o que
aconteceu aos 35 misseis que não chegaram ao alvo. Teriam sido abatidos pelas
baterias anti - aéreas russas? Foram “confundidos” por contra medidas
eletrónicas? Perderam-se alguns por falhas várias? Foram direccionados para
outros lados?
Não deixa, ainda, de ser verosímil
que este ataque tenha servido a americanos e russos que assim testavam as
medidas e contramedidas mútuas…
A
seguir e sem que nada levasse a tal suspeitar, Trump manda uma poderosa “task
force” aeronaval que ia a caminho de casa, reposicionar-se junto à Coreia do
Norte, depois de ameaças de retaliação caso aquele país fizesse mais testes com
armas nucleares. Não deixando de dizer que esperava que outros ajudassem a
conter o governo de Pyong Yang, nomeadamente a China…
Não perdeu tempo, quase em
simultâneo, em lançar, pela 1ª vez em campanha, a bomba mais potente existente
no seu arsenal não nuclear (crismada de mãe de todas as bombas), sobre um alvo subterrâneo
que supostamente constituía o QG do Estado Islâmico no Afeganistão (onde se
julgava que dominava a Al-Qaeda…).
Ora
isto deve ter feito pensar duas vezes uma quantidade de cabeças no mundo, a
começar pela do Presidente Chinês Xi Jinping, entretanto, e para já, cumulado
de elogios.
Mesmo
para uma civilização milenar e peculiar como a chinesa, tem que dar que pensar…
Trump
provou assim, que sabe passar das palavas aos actos, mesmo aqueles que são
arriscados e, ou, “politicamente incorrectos”.
E
que o pode fazer de surpresa.
Ora,
com todas estas acções, Trump marcou pontos em todos os tabuleiros e,
nomeadamente, na frente interna.
A
coisa pode descambar, porém, se os interesses sionistas começarem a ter
demasiada preponderância, como a nomeação do seu genro Jared Kushner, como seu
conselheiro indicia[1]; os elogios do governo de
Telavive não desmentem e a ideia de mudar a embaixada americana daquela cidade
para Jerusalém, como anunciado na campanha eleitoral, pode vir a ser a mãe de
todas as asneiras.
Vamos
esperar para ver, pois feliz ou infelizmente, não podemos fazer nada.
O
mundo está perigoso, se é que alguma vez deixou de estar.
E
não vai lá com “afectos”.
João
José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1] Jared
é casado com a filha de Trump, Ivanka que quer converter ao judaísmo, e três
filhos, educados na estrita ortodoxia religiosa. É ainda, supostamente, membro
da “seita” Chabad Lubavitch, que difunde a velha ideia de que os judeus são o
“povo escolhido por Deus” e tudo o resto é lixo. O grupo encontra-se
activamente envolvido na “profecia” da terceira guerra mundial e o fim dos
tempos. Também existem indícios de que Jared Kushner frequentava a “Chabad
House”, na Universidade de Harvard.
Cumprimentos caro amigo.
ResponderEliminarAconteça o que acontecer, desta vez provavelmente não vai dar na televisão.
https://www.youtube.com/watch?v=1yurYkyE4Bg
ResponderEliminarfemem ataca muçulmanos e cristaos , mas nao judeus .porque? diante dessa pergunta a lider da femem frança foge ao mesmo tempo em que o entrevistador é ameaçado pelo advogado judeu que a defende.
todas as açoes sao de inteira responsabilidade de trump. suas conexoes deveriam ser expostas antes das eleiçoes ,nao agora.
ResponderEliminarFelicitações. Este artigo apareceu hoje (1 de Maio) no Observador.
ResponderEliminarLi os comentários. A maioria apreciando a sua liberdade e lamentando haver tão poucos a escrever livremente.
Uma ou duas críticas `sua' prosa. No meu ver, têm razão. Vexa é difícil de ler.
Lá sempre estão os 'tolos do costume' a denegri-lo. Ainda bem.
Cumprimenta, eao