APONTAMENTOS
SOBRE O 1º DE DEZEMBRO
Aos 1 de Dezembro, de 2016 – 376 anos depois.
“Não podemos
reconhecer nunca, nem ao filho de Henrique de Borgonha nem aos portugueses, o
direito à emancipação.”
Lafuente, citado
pelo Professor Hernâni Cidade.
E o primeiro é já
este: quem discursou e pediu, logo obteve!
Ou seja, obras no Palácio
dos Almadas, para o Presidente da SHIP e o PR membro honorário do Movimento 1º
de Dezembro, para o Presidente do mesmo.
Nunca vi semelhante
rapidez, em nada!
A cerimónia sofreu
de alterações de última hora; esteve pouco marcial; o protocolo caótico e a
segurança inexistente. Continuamos um povo de brandos costumes…
Os discursos,
porém, foram bastante equilibrados e assertivos e os eventos do dia alargados,
mas o número da assistência mantêm-se curto. Lamentável e dramaticamente, curto.
O Presidente da
Sociedade Histórica para a Independência de Portugal (SHIP) notável instituição,
fundada em 1861 - e que está na origem da comemoração do feriado - agradeceu a presença
das altas figuras do Estado, o que já não acontecia faz bastante tempo. [1]
Ficam bem os
agradecimentos, mas a verdade é esta: tais personalidades não fazem mais do que
a sua obrigação em estar presentes…
Falou-se muito na
reposição dos feriados (o que serviu de crítica ao governo que os tinha
liquidado) e que, sobretudo este (o 1/12), nunca devia ter sido suprimido.
É verdade, mas
quero acrescentar que os feriados destinam-se a comemorar o (s) evento (s) a
que dizem respeito e que os justificam.
Não é para
descansar ou ir à praia, como algumas forças políticas e sociais defendem…
Se esses eventos já
não dizem nada à população e aos poderes do Estado que dela emanam, e deixaram
de ser sentidos, e, por isso, votados ao ostracismo, então não se justifica
mantê-los. Ou não será assim?
Passam a ser como
as estátuas que só servem de pouso aos pombos!
Também foi muito
enfatizado que a data tem uma importância fundamental pois é um símbolo da
soberania e independência de Portugal. O que também é verdade.
Regozijamo-nos com
o facto, mas estranhamos que muitos dos que hoje falam nisso – e alguns
estiveram presentes nos Restauradores – tudo têm feito, por acção ou omissão,
nos últimos 40 anos, para que essa independência e soberania – que não é mais
do que a liberdade da Nação e de todos nós – tenha caído de ravina em poço, ao
ponto de hoje estar reduzida a uma quase ficção.
Porquê,
perguntarão?
Pois porque para
além de termos alienado alegremente quase todo o nosso Poder Nacional,
criámos e fomos acumulando uma dívida, que agora, é gigante e, nas actuais
circunstâncias, impagável.
Isto é uma
realidade que apesar de ser permanentemente escamoteada por todas as
forças políticas, incluindo o PR (para só ficar por aqui), não deixa de ser a
realidade. E mesmo assim ainda existem muitos empertigados e bem - falantes que insistem no suicídio, de querer aprofundar o
federalismo europeu!
Gostaria de saber
se tal fosse para a frente (o que implicará graves e violentas convulsões), se justifica
ter reposto o feriado do 1º de Dezembro…
Por tudo isto me
parece estar na altura de intentar nova Restauração, só não se sabendo quem
iremos aclamar...
Também não sei como
deva encarar uma série de alusões ao “Patriotismo”, aparentemente recuperado
como coisa boa por alguns, que dele anteriormente afirmavam o que Maomé não
dizia do toucinho!
E tem razão o Dr.
Medina, Presidente da CML, quando disse que o Patriotismo não é de esquerda nem
de direita (embora, na prática, não seja assim interpretado). Eu diria até
mais, o Patriotismo dispensa bem a Direita e a Esquerda…
Fazem-no (aqueles
que ora falam no patriotismo), no entanto, tendo sempre o cuidado de o
contraporem ao “Nacionalismo”, que continuam a verberar como maléfico!
Ora o nacionalismo
está ligado e deriva da Nação (que somos todos nós e não os outros, mesmo que
sejam imigrantes, refugiados, asilados, turistas, etc.); enquanto o Patriotismo
deriva da Pátria e é, seguramente, um sentimento superior, por sublimado e
espiritual.
O elo e o
sentimento que nos liga ao sangue dos nossos pais e à terra dos nossos avós.
Mas o Nacionalismo
derivado da Nação não tem mal algum, já que é uma afirmação da nossa
identidade, daquilo que nos une como comunidade, o sentimento comum das glórias
e tragédias vividas, caldeadas numa maneira específica e característica de ser
e estar, e uma matriz cultural própria, firmada num destino comum que queremos
continuar que seja comum.
O Nacionalismo é,
ou deve ser, uma afirmação de nós mesmos, não uma negação dos outros.
Em Portugal, por
ex., pegamos o touro de caras (ou de cernelha – uma maneira genial de dar a
volta à impossibilidade de o fazer de caras) e mais ninguém o faz no mundo; indo
a nossa sensibilidade ao ponto de salvar o animal, não o matando no redondel,
ao contrário dos nossos vizinhos europeus (agora únicos), que o matam de
estocada. Sendo ambas as opções respeitáveis, não deixam de ser diametralmente
diferentes…
O Nacionalismo
português nunca foi agressivo para ninguém e nunca se arrogou laivos de
superioridade para com outros (infelizmente às vezes até se rebaixa) pelo que
os compatriotas que se mostram preocupados com tal termo podem dormir
descansados.
Agora, atenção, (e
também por exemplo) não queiram substituir as sardinhas assadas com pimentos ou
o bacalhau com todos, pelo couscous ou pelo arenque fumado, produtos, porém,
que temos todo o gosto em degustar e conhecer.[2]
Muito menos nos
queiram impô-los, ou outros, pois isso dará um arraial de pancadaria
monumental.
Por último, quem
condena o Nacionalismo, nunca tem pruridos com o “internacionalismo” – que é
uma verdadeira praga - antes pelo contrário, muitos são até seus fervorosos
defensores.
Como é que tal se
coaduna em simultâneo, com o “Patriotismo” é que não há maneira de explicarem…
Espero ter
ilustrado o ponto.
Finalmente falou-se
em sermos amigos da Espanha e cooperar com ela em vários domínios, não ficando
agarrados “a serôdios sentimentos anti – castelhanos” como afirmou o ministro
que tem a categoria de “primeiro”.
Não podia estar
mais de acordo; ”pero hombre”, sempre lembraria, que não se perderá nada em
ficar com os dois olhos bem abertos, assim a modos que um no burro e outro no
cigano…
Por isso a alusão
sibilina do PR ao facto do Rei de Espanha e ele próprio, em Guimarães, três
dias antes, terem homenageado o D. Afonso Henriques, foi muito bem metida!
Não fosse Filipe VI
ter lido o Lafuente, autor da citação cimeira.
No fim todos
disseram “Viva a Restauração” e “Viva Portugal”.
Mas tal só terá
sentido se assumirem – se todos assumirmos - o ónus que tal frase implica.
E aí, é que a
porquita torce o rabiosque…
João José Brandão Ferreira
Oficial
Piloto Aviador
[1] Lembra-se que foi o Dr. Jorge Sampaio, enquanto PR, que começou a
desvalorizar a cerimónia e quis até, acabar com ela, na prática; sem que
ninguém se tivesse oposto, à excepção (comedida) da então Direcção da SHIP,
presidida pelo General Themudo Barata.
[2] Por vezes até descobrimos coisas que incorporamos na nossa
alimentação. Foi o caso da “chamuça”, que conhecemos na India e nos serve de
aperitivo ou entrada…
Sr. Tenente—Coronel João José Brandão Ferreira:
ResponderEliminarLi o seu texto que apreciei e da minha parte agradeço.
É bem verdade que este, como outros feriados, são encarados como oportunidade de folguedo ignorando-se sistematicamente o seu verdadeiro significado e função.
Em parte eu compreendo o desinteresse que a população demonstra... no fundo ele é o resultado de dezenas de anos de lavagem ao cérebro e intensa campanha anti—nacional !
Terão que ser alguns a transportar o fardo da plena convicçao dos valores e a rellembra-la aos demais nas alturas certas, o que V.Exa tem feito incansavelmente.
Mas existe uma outra causa para a (aparente ou real) indiferença: existe um enorme défice de iniciativas oficiais ou semi-oficiais !
Em Lisboa elas existiram, mas o País é um pouco mais do que isso, e nele nada foi organizado ou foi minimamente publicitado!
Pela minha parte, e com a devida antecedência, tentei encontrar iniciativas na minha cidade do Porto nas quais eu pudesse participar, e... nada!
Procurei noutros locais e... igual resultado!
Nem o Movimento1Dezembro se dignou a ter uma iniciativa !
Assim, não há vontade de participar que resista...!
(escusado seria esperar algo da CMP que se preocupa somente com tretas pseudo-artísticas ou meramente turisticas (que dão dinheiro portanto).
Até procurei programas televisivos que pelo menos assinalassem e descrevessem os acontecimentos do 1° de Dezembro, e... também nada !
Em suma, muito mais falhou para além do (aparente) desinteresse da população ... !
Faço votos para que isso evolua positivamente.
Cumprimentos,
Paulo Lopes
PORTO
Aproveito para assinalar a data do trágico desaparecimento do Doutor Feancisco Sá Carneiro neste dia 04 de Dezembro que muita falta nos fez !
ResponderEliminarPaulo Lopes
PORTO
Entretanto o pastor chefe da Roma católica diz que precisamos de líderes na Europa(lol ou talvez não)http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/papa-afirma-europa-precisa-lideres-97461 A Europa precisa de líderes sim mas fortes e corajosos que defendam os povos e a civilização europeia.Não precisa de líderes fracos e corruptos como tem actualmente(nem precisa de pastores de rebanhos,sejam eles religiosos ou ideológicos).----Afonso Manuel
ResponderEliminar