quarta-feira, 29 de junho de 2016

SÍRIOS FOGEM DE MANGUALDE …



SÍRIOS FOGEM DE MANGUALDE …

29/6/16

“Infinitus est numerus stultorum”
(É infinito o número dos tolos).

Eclesiastes


Conta a Comunicação Social que um casal de sírios, seus quatro filhos e mais um a caminho; que tinham sido abrigados na Misericórdia de Mangualde, fugiram, desapareceram, eclipsaram-se. Sem deixar rasto, e nem um obrigado.
A notícia deixou-me em choque! Como é possível?
Então a antiga vila de Mangualde (ou será cidade? Houve uma altura em que se promovia “tudo” a cidade, assim a modos como se quer fazer de um português, um licenciado em qualquer coisa…) não se esforçou por acarinhar estes infelizes de modo a que eles não quisessem refazer a sua vida neste paraíso à beira mar plantado?
A edilidade local não tem a noção da ofensa que fez a todos os migrantes que vagueiam pelo mundo? Do mau aspecto que dá perante a opinião pública internacional? Dos conflitos diplomáticos que pode gerar e das multas que a Comissão Europeia nos pode querer impôr?
Não têm sequer a noção do desgosto que infligiram aos nossos Presidentes da República e do Conselho, perdão, Primeiro-Ministro, que gastam solas e garganta para os trazerem para cá e até ficam chateados por eles não quererem vir?
Pois só há uma solução para tão infausto acontecimento:
Mangualde deve ser arrasada!
Os bens dos seus habitantes confiscados e revertidos para a tal comissão de apoio aos migrantes e que os instalaram, como a Segurança Social não trata as famílias portuguesas. Finalmente os habitantes daquela, para sempre infame vila, serão transportados para a Núbia, a fim de serem vendidos como escravos (parece ser um negócio rentável por aquelas bandas), a fim de expiarem as culpas até ao fim dos seus dias!
Para evitar reincidências, o Regimento de Cavalaria da GNR – agora crismado com o delicioso nome de “Unidade de Segurança e Honras de Estado”, mandaria patrulhas a cada localidade que alberga as vítimas deste fenómeno - que existe há milénios, mas que só agora, aparentemente se deram conta.
E com timbales, tambores e cornetas lançariam pregão a avisar das consequências que advirão para o caso de mais algum caso semelhante ocorrer (pelourinho com eles!).
E para mostrarmos o nosso pesar por tão malfadado evento proponho que o PR e todo o Governo passem a andar de luto carregado durante seis meses; a Bandeira fique a meia haste (embora direita), por igual tempo; haja uma sessão solene na AR onde se aprovaria uma moção de lamento e frustração e outra de alvíssaras a quem der notícias dos foragidos a fim de lhes serem enviadas vitualhas e um bilhete em 1ª classe, no transporte mais adequado para os levar ao destino preferido (pede-se para que ninguém envie telemóveis, "iphones", MP3, "ipads" e outra parafernália electrónica, pois disso não há falta).
No fim fariam 30’ em silêncio em memória dos foragidos – aguentem que é serviço, além do que seria um bálsamo para as almas penitentes poderem usufruir de um tão prolongado período de tempo sem os ouvir!
Uma delegação do Parlamento iria ainda em peregrinação a Berlim, onde colocaria uma vela gigante na Porta de Brandeburgo, com a seguinte inscrição: “Desculpa Merkel, mas estamos contigo!”.
O Bispo responsável pela paróquia em falta iria com o respectivo cabido, em nome da Conferência Episcopal, todos de baraço ao pescoço, até ao Vaticano, em penitência, pois as suas orações não foram suficientes para evitar semelhante tragédia.
Finalmente todos os membros do SIS e do SIEDM receberiam guia de marcha para vasculharem os locais de possível destino dos agora excluídos da comunidade nacional, não agora à moda de D. João, O Segundo - que mandou caçar os implicados na conspiração contra si e trazê-los com anzóis na boca para não falarem, de volta ao reino, a fim de serem castigados pelos seus crimes - mas para poderem obter as informações vitais para se entender porque tão estimáveis criaturas não quiseram ficar entre nós e castigar os culpados (enfim, os que ainda não tenham ido para à Núbia).
Em conclusão, esta vergonha de proporções bíblicas irá ensombrar definitivamente, a nossa anunciada vitória no Europeu de Futebol.
É duro!




                                                                                    João José Brandão Ferreira
                                                                                        Oficial Piloto Aviador

O “BREXIT”: A MELHOR COISA QUE PODIA ACONTECER A PORTUGAL









O “BREXIT”: A MELHOR COISA QUE PODIA ACONTECER A PORTUGAL

28/6/16


“As Nações Europeias devem ser guiadas em direcção a um super estado sem que os seus povos percebam o que está a acontecer. Isto pode conseguir-se por passos sucessivos, cada um como se tivesse um propósito económico, mas que conduza eventual e irreversivelmente a uma federação.”

Jean Monet
(tido como arquitecto maior da unidade europeia e pai fundador da União Europeia).

Desde a criação da EFTA, em 4/1/1960 – de que Portugal é membro fundador – que não me lembro de, a nível internacional, ter havido uma notícia tão boa para o nosso país.[1] E eu, nessa altura, só tinha sete anos. As coisas de que me lembro!
Ora a EFTA foi justamente criada para concorrer/combater a Comunidade Económica Europeia (CEE), recém - fundada, em 1957, sobre a qual o primeiro-ministro britânico MacMillan (um socialista) exclamou “mas isso é o bloqueio continental!”.
A EFTA representava ainda, uma espécie de aliança dos países “marítimos” contra os continentais.
Os nossos vizinhos espanhóis ficaram de fora de uma e de outra (como também tinham ficado de fora da NATO) porque, aqui para nós que ninguém nos lê, na Europa, nas Américas e no Norte de África, poucas simpatias têm.
Já o Churchill – que queria manter o “Império” – tinha, no fim da II Guerra Mundial, defendido os Estados Unidos da Europa, mas acrescentando logo, que os súbditos de S. Majestade ficavam de fora dessa união…
Foi sempre assim que a Grã-Bretanha actuou face ao velho continente, sobretudo após ter perdido a guerra dos cem anos, apesar de ter ganho quase todas as batalhas…
Eles não têm nada a ver com o “continente” onde manobram pondo uns contra os outros, conforme a égide do momento.
Quando a amálgama de normandos, celtas e saxões deixou de andar em guerra civil quase permanente, após a chamada Revolução a que chamaram Gloriosa, de 1688, (embora a Escócia e a Irlanda tenham sido desde então, ossos duros de roer), montaram um comércio cada dez mais extenso, protegido pela Royal Navy. E é disso que vivem.
O Canal da Mancha permitiu-lhes, até hoje, não terem que dispôr de um Exército permanente formado por conscritos, sendo fundamentalmente um Exército expedicionário. Deixou de ser “real” pois resolveu embarcar na aventura republicana do Cromwell e cortou a cabeça ao Rei Carlos I. Passou a ser simplesmente o “British Army”, desde então.
Com a fórmula proporcionada pela NATO de, os americanos “in”, os soviéticos “out” e os alemães “under”, a Europa Ocidental foi-se desenvolvendo, havendo por parte dos dois principais partidos britânicos a oposição à CEE. Só que o Conservador era de opinião que era preferível estar dentro e o Trabalhista, que era melhor estar fora (agora parece que é ao contrário…).
O General De Gaulle, porém - que sempre foi defensor da Europa das Pátrias, a única, aliás, que podia ter futuro – sempre os colocou à porta, vetando-lhes a entrada (até o Napoleão quis vingar Crecy, Poitiers e Azincourt, e falhou…).
Quando De Gaulle saiu de cena e os poderes no Reino, agora desunido, alinharam na entrada, o que ocorreu em 1973. O que, naturalmente fez implodir a EFTA.
Até que, a partir de Maastricht aquilo que começou por ser uma organização política e económica transnacional, incipiente, abriu caminho para uma fórmula federalista, que a ser levada a termo, acabará com os países e respectivos povos.
Aqui a Grã-Bretanha começou a reagir, não entrando no “euro” ou aderindo ao “Acordo de Schengen”, ao passo que passou a negociar e a exigir variadíssimas cláusulas de exclusão (são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros…).
Contudo, após a reunificação alemã (que está longe de se ter concretizado…), Berlim começou a dominar a economia e as finanças da teórica união – onde, de resto, nunca deixou de funcionar a hierarquia das potências, que a recente e despudorada declaração de Juncker, a propósito dos "deficits" dos países, de que “a França era a França…”, ilustra à saciedade – fazendo soar as campainhas de alarme na “Rule Britânia” com um barulho ensurdecedor.
As sucessivas atitudes ditatoriais da burocracia não eleita de Bruxelas e do BCE, adornados por um Parlamento cacofónico (que vivem em gaiolas douradas algo obscenas, enquanto impõem medidas de austeridade e relativismo moral, a esmo) têm irritado e revoltado toda a gente – tirando obviamente, os beneficiados com as mesmas – e naturalmente, tiveram o mesmo efeito sobre os ingleses.
Estas atitudes podem sintetizar-se, numa outra frase do Sr. Jean Claude - Juncker Presidente da Comissão Europeia e cito, “ Não pode haver qualquer escolha democrática contra os tratados europeus”…
Comentários para quê, é um artista luxemburguês!
Finalmente, estamos em crer, que a gota – de - água que fez os britânicos votarem favoravelmente o “Brexit”, foi a imigração desregulada, que a irresponsabilidade da Srª Merkel piorou catastroficamente, ao incentivar as vagas de “migrantes” (a que se tem que juntar a inacreditável postura da Santa Sé, sobre o assunto).
O Senhor Juncker também apoiou tal irresponsabilidade e não é, certamente, por acaso que já foi agraciado com o “prémio Coundenhove – Kallergi”, em 2014 (A Senhora Merkel recebeu-o em 2010).
Eu falei em Kallergi? Agora me lembro, este senhor e não o acima citado Jean Monet, é que é verdadeiramente o “pai” (diria mais “padrasto”) da União Europeia, e já agora, o primeiro defensor destas vagas de migrantes, no já recuado ano de 1925.
A razão é simples: foi ele o fundador do Movimento Pan-Europeu em 1922, que ficou em suspenso com o início do segundo conflito mundial e foi ressuscitado após o seu termo.
Este movimento foi inicialmente financiado pelos magnatas judaicos, de origem Ashzekenazi (leia-se sionista), protagonizada no início, pela banca Warburg de Hamburgo. Aconselha-se leitura sobre isto.
Por tudo o que foi dito e mais mil coisas que ficam por dizer, o povo britânico fez bem em votar pela saída. Votaram pela Liberdade e pela sua Soberania e disseram não, a serem escravos (mesmo que pudessem viver melhor) e a assistirem ao “genocídio” da sua população, matriz cultural e independência (embora desde 1815, que estejam na mão de meia dúzia de famílias, mas isso já extravasa o escrito).
Pois esse seria o seu destino caso o projecto europeu como está a ser concretizado, continuar na sua senda.
E esta senda configura uma ditadura ainda pior que a levada a efeito pelo politburo soviético, regime que só se aguentou enquanto foi financiado pela banca judaica maioritariamente Ashzekenezi (leia-se sionista), a qual, já agora, também financiou os próceres marxistas e comunistas - cujas figuras mais importantes eram também judeus- desde o início e ajudou a deflagrar e a implementar a Revolução Bolchevique.
Nem sempre o que parece é. Menos em política, como é bom de ver...
Por tudo isto os britânicos fizeram bem em terem votado maioritariamente na saída da UE frisa-se – apesar da lamentável campanha feita contra tal, que passou pela incrível ida de Obama a Londres apelar (e fazer ameaças veladas) à não saída; pela exploração miserável do estranho assassinato da deputada Joe Cox, passando por acções ilegais junto às assembleias de voto, que chegaram ao ponto de tentar obrigar os votantes a fazê-lo apenas com lápis…
E tal é, por arrastamento, bom para Portugal para ver se os portugueses acordam do embuste onde foram postos por políticos que têm demonstrado uma grande dose de ignorância histórica e geopolítica; gente vidrada nos cifrões; com parte do cérebro torrado por ingenuidades idiotas e, ou, ideologias cretinas e malsãs, que têm atirado o país para o desfiladeiro da morte.
Sempre invocando os sacrossantos princípios (que não cumprem), de uma falsa Democracia, que alcandoraram ao alfa e ao ómega.
Está pois mais do que na altura de salvarmos a nossa Nação quase nove vezes secular e preparar rapidamente a saída do euro, primeiro, e depois da UE, caso esta não seja a do respeito pela identidade e individualidade dos países que dela fazem parte e, simultaneamente, criar mecanismos de poder que nos possam fazer perseverar no meio de organizações poderosas e tenebrosas que querem à força instaurar uma “Nova Ordem Mundial”. A deles, mas não a nossa.
Convinha, pois, pôr à frente dos destinos do que resta do nosso país, profundamente endividado e descrente de si mesmo, portugueses a sério e que, já agora, percebessem alguma coisa do que se passa no mundo.
Pois a pergunta crucial que se tem de colocar acima de qualquer outra é a seguinte: Nós queremos continuar a ter país, ou não?
E temos que saber, em consciência, dar-lhe resposta, assumindo e arcando com as consequências da mesma.


                                                            João José Brandão Ferreira
                                                                Oficial Piloto Aviador
           


[1] A EFTA – Associação Europeia para o Comércio Livre – foi estabelecida pelo Tratado de Estocolmo, era liderada pela Grã-Bretanha e compreendia a Suécia, Dinamarca, Áustria, Noruega, e Suíça. Em 1970 entrou a Islândia e, em 1991, aderiu o Liechtenstein. Hoje a EFTA ainda existe formada pelos quatro últimos países.

Conferências da CPHM


 

Comissão Portuguesa de História Militar




CONVITE

 

 

O Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar tem honra de convidar a participar na conferência que irá realizar-se no dia 4 de Julho de 2016 no Palácio da Independência (Lisboa) pelas 17.30 horas.
Será orador o Sr. Prof. Franck Scherer (York University - Canadá)

 
 

Comissão Portuguesa de História Militar
Palácio da Independência – Largo de S. Domingos, 11 - 1150-320 Lisboa
Telm. 964779799 | E-mail: cphistoriamilitar@defesa.pt | www.cphm.pt
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Largo de S. domingos, 11 , Lisboa, 1150-320, Portugal

terça-feira, 14 de junho de 2016

HOMENAGEM AOS COMBATENTES



HOMENAGEM AOS COMBATENTES – XXIII ENCONTRO NACIONAL
 10/06/2016


“Estes homens, nos tempos de lutas e de crises,
tomam as velhas armas da Pátria, e vão, dormindo mal,
com marchas terríveis, à neve, à chuva, ao frio,
nos calores pesados, combater e morrer longe
dos filhos e das mães, sem ventura, esquecidos,
para que nós conservemos o nosso descanso
opulento.
Estes homens são o povo, e são os que nos defendem”.
Acabo de ler um trecho de “O Povo”, de Eça de Queiroz.
Bom dia a todos.
Os meus agradecimentos por me dispensarem uns minutos da vossa atenção.
A Constituição da República Portuguesa (CR), apesar de ser a mais extensa que tivemos, desde 1822, não encontrou espaço nos seus 296 artigos e sete revisões, para referir uma única vez a palavra “Nação”- a Nação dos Portugueses.
Já relativamente à palavra “Pátria”, a Constituição é mais pródiga: invoca-a, nada mais, nada menos, do que uma vez, mais concretamente no seu artigo 276, e cito “A defesa da Pátria é direito e dever fundamental de todos os portugueses”!
É sabido que a defesa da Pátria não se faz apenas de armas na mão; essa defesa pode e deve, estender-se a todas as áreas da actividade humana.
Mas convém não esquecer que a defesa armada é o último argumento, que se faz em extremo e pode implicar o sacrifício de bens, sangue e vida.
E, ao ter-se abandonado o Serviço Militar Obrigatório, parece que a defesa da Pátria – esse dever e direito fundamental, segundo a Constituição, ficou direito de todos e dever só de alguns…
A Lei de Defesa Nacional e das Forças Armadas, por sua vez, continua omissa sobre a “Nação”, mas já fala duas vezes em Pátria; no seu artigo 9º repete a fórmula da Constituição; e no Art.º 22 afirma perentoriamente que, “será assegurada de forma permanente a preparação do País, designadamente das Forças Armadas para a defesa da Pátria” (atenção, eu só estou a dizer o que está lá escrito, não confundir com o que se tem feito…).
Ora haver Nação sem Pátria é curto; mas haver Pátria sem Nação, é impossível!…
Porém, não havendo aparentemente, Nação, o Estado, que é justamente a Nação politicamente organizada, representará, então, quem ou o quê?
Ora se o Estado não representar a Nação, não pode sentir a Pátria como sua, tão pouco a entender.
Portugal é, todavia, uma Nação coesa, seguramente desde o tempo do esclarecido Rei, o Senhor D. Dinis; com as mais antigas fronteiras estáveis do mundo, mau grado o esbulho pendente de Olivença; formou um Estado Nacional Português, desde o tempo do preclaro Rei, Senhor D. João II e ganhou consciência que era uma Pátria, senão antes, garantidamente, depois de Camões ter escrito os Lusíadas!
E Camões – que também foi um combatente - não se esqueceu de, neles, referir a Nação – fê-lo, até, por sete vezes – e não foi avaro em relação à Pátria já que a evoca em 35 ocasiões!
E a obra de Luís Vaz – cuja morte neste dia também evocamos - foi-lhe tão superior e transcendente, que ele próprio se enganou ao dizer, pressentindo o fim, que “morria com a Pátria”, antevendo a ocupação castelhana.
O certo é que, a Nação que já era Pátria, sobreviveu aos 60 anos da Coroa Dual Filipina e passou a viver de vida própria, qual fénix renascida!
O que atrás se disse representa, pois, a dissonância existente entre o Estado e a Nação, que é a razão por que nós nos reunimos aqui, desde há cerca de 25 anos, a comemorar o Dia de Portugal, honrando os combatentes, enquanto as figuras que ocupam transitoriamente as cadeiras do Poder – Poder que está hoje, maioritariamente, fora do país – estão sempre noutro lado. E quanto aos combatentes por norma, aos costumes dizem nada.
Essa é também a razão pela qual as Forças Armadas só voltaram a integrar as comemorações oficiais do feriado nacional, há 10 anos, depois delas terem estado arredadas cerca de três décadas.
E caros compatriotas aqui presentes, não somos nós que estamos mal; “eles” é que se afastaram do trilho certo. Do trilho do Dever, da Honra, do Patriotismo, do amor a Portugal.
                                                                         *****
Esta cerimónia, singela mas muito digna, realizou-se sempre sem se pedir um ceitil que fosse, ao Estado e junto a um monumento, em memória dos combatentes, em que nada se pediu, também, ao Estado – aliás, em várias alturas, teve que ser construído com a oposição desse mesmo Estado.
                                                                          *****
Parece que a frase, entre muitas, célebre, do grande português e militar, que foi o Tenente- Coronel Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, de que “Portugal é obra de soldados” passou a estar na moda.
Mas estando ou não, na moda, essa frase foi sempre uma realidade, pois sem soldados – isto é, sem combatentes – não haveria território, a tal “nesga de terra debruada de mar”, no dizer de Torga; não haveria população; não haveria matriz cultural; não haveria segurança, não haveria Justiça, não haveria Bem-Estar, não haveria liberdade.
E quem permitiu e fez isto? Pois foram os soldados, os combatentes, o tal povo, do Eça.
Onde se devem individualizar as mães e as mulheres, pois foram elas que sempre aguentaram a rectaguarda!
Por isso todos nós devemos estar orgulhosos dos nossos combatentes; de quem disse “pronto”, quando chegou a hora; quem lutou quando foi preciso lutar; quem não virou a cara aos sacrifícios; quem não desertou do combate ou, pior ainda, quem traiu a terra que lhe serviu de berço, a terra dos seus pais.
Porque, desgraçadamente, desses sempre os houve e ainda há.
Também deles falam “os Lusíadas” e não há estátuas, nomes de ruas, séries de televisão, condecorações, prémios, branqueamento da História, etc., que possa apagar essa realidade da memória colectiva da Nação.
Pelo menos enquanto restar um português com algum saber, vergonha na cara, coluna direita e bem - querer na alma!
                                                                    *****
Caros compatriotas, o combate não terminou com aqueles que hoje homenageamos e desenganem-se aqueles que julgam que não teremos de guerrear, novamente, ou que o terrorismo é apenas uma expressão de lunáticos contemporâneos, já que a sua origem remonta ao século XI, ao “velho da montanha” e à seita dos hashashin e, modernamente, em termos de terrorismo de Estado, à Revolução Francesa de 1789.
Temos que nos preparar para os combates do futuro.
Os nossos antepassados não andaram a trabalhar, a lutar, a edificar e a expandir o nosso país, desde 1128, para agora estarmos a alienar ao desbarato, a nossa soberania, a nossa nacionalidade, a nossa cultura (onde a língua tem um lugar de destaque), as nossas gentes, o nosso património e a nossa terra.
Para ficarmos escravos de dívidas perpétuas e enredados em leis alheias, iberismos serôdios ou federalismos espúrios; sermos, eventualmente, submersos por vagas de estranhos, cujas matrizes culturais não estejamos aptos a integrar, sem perdermos a nossa; e a caminhar para, a breve trecho, não haver um Km2 de território em mãos portuguesas.
E, outrossim, por nos estarmos a suicidar colectivamente, por via de excesso de emigração, imigração, leis de naturalização erradas, quebra demográfica gravíssima e corrupção galopante.
Finalmente para sermos reféns de organizações sem rosto oficial, de carácter internacionalista e mais ao menos secretas ou discretas, que ninguém elegeu e que transformam, só por si, a Democracia e a Justiça, numa ficção.
E em vez das cinco Quinas passarmos a ter como símbolo o “Deus Mamon”.
Temos de olhar à nossa volta, acordar e reagir!
É que, como disse o tão mal citado Fernando Pessoa, “só existem Nações, não existe Humanidade”.
Caros compatriotas, esta cerimónia destina-se à exaltação da memória dos combatentes, nossos antepassados ou contemporâneos, mas destina-se também, aos que hoje vivem e a quem compete receber e passar o testemunho.
Pois deles é o futuro e, por isso, a quem compete refletir sobre o exemplo dos que caíram ou se sacrificaram no campo, que tem de ser da Honra, enquanto as imperfeições da natureza humana não permitem a erradicação da guerra e outras imoralidades, na eterna luta entre o Bem e o Mal.
Devemos, deste modo, curvar-nos, reverentes e obrigados, junto aos nomes daqueles que estão gravados nos muros deste memorial, que combateram nas últimas das centenas de campanhas ultramarinas que realizámos nos últimos seis séculos (não foram seis décadas…), fazendo jus ao Padre António Vieira que um dia disse que “Deus deu aos portugueses um berço estreito para nascer e o mundo inteiro para morrer”.
Evoco em nome de todos, aquele cujo nome figurou primeiro neste local: o do Subchefe da polícia Aniceto do Rosário, morto em combate, que na iminência de um ataque dos indianos disse ao Governador, “Parta V. Exª descansado que eu não deixarei ficar mal a bandeira portuguesa”.
E não posso deixar de dizer, com todas as fibras do meu ser, que eles lutaram bem, competente e vitoriosamente, numa guerra justa, em termos humanos e que, infelizmente terminou de forma trágica e não merecida.
Nesta luta fizemos frente à maior campanha montada a nível global e mundial, contra a Nação dos Portugueses, desde a Guerra da Restauração.
Nela chegámos a manter 230.000 homens em pé de guerra, em quatro continentes e três oceanos, a combater durante 14 anos, em três teatros de operações enormes, distantes entre si e a então Metrópole – que era a base logística principal – por milhares de quilómetros, sem fazer uso de alianças militares e sem generais ou almirantes importados, o que já não sucedia desde Alcácer-Quibir.
Usufruindo de uma logística notável – basta comparar com o que se passou com a nossa participação na I Guerra Mundial – que já não conseguíamos montar tão bem, desde que enviámos a terceira Armada, à Índia, comandada pelo João da Nova, em 1501!
Abro um parêntesis para destacar a Marinha Mercante, neste esforço logístico, sem a qual não poderíamos ter reagido rapidamente nem sustentado tão longo período de operações.
Hoje, dos 70.000 navios mercantes existentes no mundo, apenas uma dezena são de armadores portugueses e ostentam o pavilhão nacional. Nem meio batalhão conseguem transportar…
Nesta campanha só não conseguimos resistir à miserável invasão de Goa, Damão e Diu, pela União Indiana, em 1961, pela enorme desproporção de forças em presença e pela usual hipocrisia das relações internacionais. Mesmo assim ainda conseguimos pô-la em sentido durante mais de 10 anos – não foi coisa de somenos.
Nova Deli usou o “direito da força” mas nunca teve a força do Direito, nem da Razão!
Toda esta acção, a todos os títulos magnífica, não encontra paralelo em nenhuma campanha contemporânea, mas foi apenas corolário daquilo que o escritor americano, James Michener, disse de nós e cito: “Nesses anos quando um soldado português desembarcava de um dos barcos da sua nação para servir num forte de Moçambique, ou em Malaca, ou nos estreitos de Java, já previa, durante o seu tempo de serviço, três cercos, durante os quais comeria erva e beberia urina. Estes defensores portugueses contribuíram para uma das mais corajosas resistências da História do Mundo”.    
A estes se devem juntar todos aqueles e seus descendentes, que desde a tarde de S. Mamede, acompanharam o nosso pai, Afonso Henriques, e têm mantido o seu legado até aos dias de hoje.
Lembrar o seu exemplo e preservar a sua memória, é tarefa ingente de todos os bons portugueses, pois tal deixou de ser feito na escola, na generalidade dos “média” e quase desapareceu do discurso político a não ser em frases de circunstância, ditas sem convicção.
Em 1582, esse grande patriota que foi Ciprião Figueiredo de Vasconcellos, Governador das Ilhas dos Açores, escreveu ao monarca Habsburgo, que reinava em Madrid e atirou-lhe, “Antes morrer livres que em paz sujeitos” e logo acrescentou, “nem eu darei aos moradores destas ilhas outro conselho, porque um morrer bem é viver perpetuamente”.
Afirmamos hoje, o mesmo, com Esperança e acrisolada Fé, em que consigamos manter a estamina necessária para preservar a nossa terra, Portugal, livre e independente.
Lembro que um combatente só dá baixa para a cova!
Caros compatriotas, vou terminar com a melhor homenagem que podemos fazer a quem combateu e, porventura, morreu na defesa da terra dos nossos antepassados, e por tudo o que tal representa, incluindo o de que o seu sacrifício não possa ser considerado em vão.
Vamos todos em conjunto e em uníssono, darmos um grande e empolgante viva a Portugal.
Viva Portugal.
 Viva Portugal!

                                                                              João José Brandão Ferreira
                                                                                   Oficial Piloto Aviador