“O que é medido aparece feito”
Aforismo popular
O “recrutamento” e escolha dos
políticos que irão ocupar os lugares/funções, sobretudo os de maior
responsabilidade, nunca mereceram, desde os alvores desta III República, a mais
pequena consideração.
Tudo se baseia na sacrossanta
teoria jacobina do voto, que é o alfa e o ómega do actual sistema.
E vota-se em quem? Pois vota-se
naqueles cidadãos que se filiaram nos Partidos Políticos autorizados (e
sobreviventes) e nalguns independentes (muito poucos) que furam a ditadura
partidária e, ou, naqueles que as chefias dos partidos, por interesse seu, vão
cooptar como “independentes”.
Melhor dizendo, o cidadão
“ovelha” está limitado a votar nos atrás apontados, e apenas naqueles que,
escolhidos pelas chefias partidárias, se apresentem a escrutínio.
É possível fugir a isto, sobretudo
nas eleições autárquicas e presidenciais, mas a lei está feita de modo a
beneficiar largamente os Partidos Políticos – uma das piores “invenções da
Ciência Política – e a dificultar a vida a tudo o resto.
Ou seja, vivemos não numa
Democracia, mas sim numa Partidocracia, onde a pedra de toque é o dinheiro, ou
seja uma Plutocracia (o PC que não refile, pois aparenta ser o partido com
maior soma de cabedais, de todos os existentes).
Bom, para já não falar na nula selecção existente, para que um
qualquer cidadão possa ser admitido num Partido Político.
Ou seja, no limite, podemos até ter um Partido, apenas constituído por uma
colecção de bandidos de várias estirpes…
É como se nos concursos para
médicos, militares, diplomatas, etc., ninguém tivesse que prestar provas!
Ora, a política devia ser encarada
como uma das actividades mais nobres da “Polis”, para a qual deveriam
concorrer, ou ascender, os cidadãos mais bem preparados para o efeito, pois a
sua acção vai afectar a vida de todos, ou de uma grande parte da comunidade e a
do próprio país.
Mas todo o mundo tem encarado
tudo isto de ânimo leve e agora diz-se que a Europa não tem líderes, muito
menos estadistas…
A piorar as coisas, nenhum
escrutínio, a não ser a demagogia das campanhas eleitorais – que, em boa
verdade, só baralham as coisas e as pessoas – nada mais é exigido aos
candidatos em função dos lugares a que concorrem.
Ser político é, pois, a única
actividade que está para “além” de qualquer profissão, para a qual não é
necessário apresentar currículo, habilitações profissionais, idoneidade, ou
prestar qualquer tipo de provas, ou sujeitar-se a quaisquer regras.
O exemplo mais flagrante disto é
a da candidatura a PR, para o que é necessário apenas ter mais de 35 anos e
reunir 7.500 assinaturas!
Este estado de coisas representa
e configura, uma situação irresponsável, confrangedora, que não serve a
comunidade, mas apesar de entrar às escâncaras todos os dias em nossas casas,
tem sido encarado como um assunto tabu.
Deve ser por isso que o treinador
Jorge Jesus e outros colegas do mesmo ofício, têm mais tempo de antena, do que
todos os políticos juntos.
Ao menos é suposto e intuído, que
eles devem saber alguma coisa do que falam.
E falam.
E falam.
Concordo inteiramente.
ResponderEliminarP.Lopes
PORTO
Quanto à comparação com Jorge Jesus (permita-me o arrojo) "perdoo-lhe" meu Ten-Coronel, perdoo-lhe...eehheeh! No entanto tudo o resto é verdade a mais pura das verdades! E tem de ser dito! A partidocracia tudo ocupa e tudo arrasta. Arrasta até a cabeça deste povo que passa a vida a protestar para na eleição seguinte ir dar de "comer" aos mesmos constantemente e em modo contínuo. Até parece que, para esta gente, mais nada existe para além dos próprios pés e da memória selectiva na mudança de governos! Mas a "partidocracia" transformou-se também numa "cleptocracia" descarada e infame, destruidora da pátria e da sua alma. Destruidora da sua essência e do seu sentido! Portugal (para quem o ama e o não desdenha, apesar de tudo) mereceria melhor. Que ao menos a voz não se nos acabe e a razão também!
ResponderEliminarContinue senhor Tenente-coronel.
Jorge Silva