Professor Jorge Dias (Porto,
3/7/1907 – Lisboa, 5/2/1973).[1]
O recente reconhecimento pela
Unesco, do Cante Alentejano como património imaterial da humanidade, para além
de ser uma boa notícia, vai ao encontro do título deste escrito.
Esta distinção tinha sido
antecedida pela relativa ao Fado – essa canção que sendo originária de Lisboa,
passou a ser assumida por toda a Nação e a ser símbolo da mesma – e por outras
iniciativas do mesmo âmbito.
Daí também a importância que
reveste a iniciativa de dar cunho popular – que andava esquecido há décadas –
às comemorações dessa aurora gloriosa que ocorreu no dia 1º de Dezembro de 1640
e à recuperação da dignidade de feriado nacional, que uma decisão funesta, de
gente ignorante e pouco lúcida, retirou à data.[2]
Esta data, como muitas outras,
fazem parte da identidade nacional, que deve ser preservada, ilustrada e
reforçada.
Acção tão mais importante quanto passou a ser
fundamental à nossa sobrevivência como povo autónomo na comunidade dos países,
não só porque a “Globalização” materialista, capitaneada pela alta finança
internacional, se está a tornar asfixiante como, sobretudo, pela perda
constante e catastrófica do Poder Nacional Português.
A agravar tudo isto, apanhámos
com 40 anos de internacionalismos vários, de carácter politico - partidário e
de União Europeia, cujos cantos de sereia tanta gente tem enganado e tantas
portas de perigo de divisão e diluição da nacionalidade, tem aberto.
As várias organizações
internacionais, a que devemos ponderar pertencer, são aquelas que sejam do
nosso interesse (e onde possamos ter uma palavra a dizer) e que a Estratégia e
a Geopolítica aconselham ou determinam.
Como continua a ser o caso da
Aliança Luso - Britânica que, muito curiosamente deixou de ser falada, sequer
citada, nos conceitos estratégicos de defesa…
Uma outra organização “internacionalista”
que nos interessa e tem sido desprezada é a CPLP, o que obviamente para nós não
se trata de algo “internacional”, mas o prolongamento da Portugalidade…
É pois imperioso que ganhemos
juízo e arrepiemos caminho, pois o desastre tem sido extenso.
Por isso os governos portugueses
têm que passar a fazer uma política que seja eminentemente nacional e patriota,
a começar pela defesa da própria nacionalidade como um bem precioso que se
assume e apenas se outorga a quem prove e mostre merecer, através de leis
adequadas e controlo sobre a emigração, sob pena de termos problemas de
integração graves e, ou, passarmos a ser estranhos na nossa própria terra.
“Terra”, cuja venda também tem que passar a ter regras estritas, sob pena de nem um metro quadrado passar a ser nossa!
“Terra”, cuja venda também tem que passar a ter regras estritas, sob pena de nem um metro quadrado passar a ser nossa!
Para já não falarmos nesse
negócio de lupanar que dá pelo nome de “vistos dourados”…
Melhor será tratar da nossa demografia, das nossas famílias e dos bons costumes. Um problema fulcral.
Melhor será tratar da nossa demografia, das nossas famílias e dos bons costumes. Um problema fulcral.
Temos de apostar no reforço de
todas as instituições que velam pela Soberania (FAs, de Segurança, Diplomacia,
Tribunais) e acarinhar os nossos laços culturais e identitários pelo que é
necessário reorganizar e disciplinar a Escola e a Universidade, evitando que
sejam pasto de negócios, de ideologias, de facilitismos e de experiências
pseudo - pedagógicas, insanas.
E tudo isto tem de estar a salvo
de organizações cuja actividade está envolta em cortinas de segredo…
Será sensato apostar em tudo o
que é genuinamente português e que tenha provado bem ao longo dos séculos: um
sistema político baseado no municipalismo, no saber e organização das
corporações, nas Cortes Gerais e na aclamação do Rei; a preservação da língua,
que é o vínculo mais forte pelo qual nos ligamos; a tradição das feiras e
romarias, abrilhantadas pelas bandas filarmónicas, corporações de bombeiros e
ranchos folclóricos, sempre envolvidas pelas diferentes congregações
religiosas, que representam os traços fundamentais da tradição popular.
Que vá das touradas à arte de bem
cavalgar toda a sela; de darmos novamente substância à ideia de sermos um país
de marinheiros e, que diabo, dos homens gostarem de mulheres e vice - versa!
Passando tudo, obviamente, pela gastronomia,
essa catedral majestosa, que nos une quase tanto como a língua. Enquanto houver
bacalhau com batatas e couves a alma portuguesa não morre; pena é que já não
tenhamos frota para o pescar…
As instituições de solidariedade
social, onde se devem destacar as Misericórdias – a instituição nacional
permanente, mais antiga ainda em funcionamento (fundadas em 1498) – por serem
um elo de entreajuda entre todos, muito relevante.
A expressão maior da
solidariedade social, porém, revela-se no espirito de defesa, pois trata-se da
solidariedade (sobrevivência) para com toda a Nação. Por isso nunca se deve
menosprezar o aparelho de segurança e as tradições militares nacionais. Por
isso, também, se deve retomar o serviço militar obrigatório, que tem origem e
tradição desde o início da nacionalidade.
Os portugueses também têm a sua Filosofia
(embora não sejam dados a grandes reflexões), a sua Música, a sua Pintura, a
sua Arquitectura (cujo expoente se encontra no “Manuelino”), a sua Escultura, o
seu Teatro, o seu Cinema e uma Literatura em prosa e poesia, que foi sempre
pujante.
As Ciências portuguesas também
têm os seus pergaminhos e o seu lugar na História.
História que não nos coloca mal
no ranking das maiores nações a nível mundial e só nos tem deslustrado quando
as divisões internas são mal resolvidas, como acentuadamente se fez sentir
desde 1820 até aos nossos dias.
Todo este passado deixou rastro e
deixou lastro. Está representado em todo o património cultural, a que se deve
juntar o património territorial – a geografia física - que vai desde o coberto
vegetal à orla marítima, das belezas naturais ao reordenamento do território.
Existe ainda, e sobretudo, um
património moral e religioso, enformado pelo Cristianismo e um sentimento de
pertença e de coesão que foi moldado por uma vivência em comum de séculos, com
as suas tragédias e alegrias; vicissitudes e objectivos alcançados; derrotas e
vitórias.
Foi tudo isto que fez com que nós
sejamos como somos e não uma coisa diferente.
E poucos portugueses tomam
consciência da sorte que têm em estarmos neste canto do ocidente europeu, com
muito mar pelo meio – mar que une, não divide. Só nos damos conta disso quando
estamos longe e aí sentimos a “Saudade”, que não necessita definição pois todos
sabemos o que é sem qualquer tipo de aprendizagem e, estou em crer, ninguém no
mundo a entende como nós.
Existe ainda uma saudade
interior, confinada ao espaço lusíada, que está ligada à memória das grandezas
passadas e ao mito sebástico. Enfim, coisas nossas…
Devemos pois, voltar a tudo o que
seja português - sem arrivismos, xenofobismos nem chauvinismos que nunca
tivemos pois não estão na nossa índole – (sem fechar os olhos a nada e estando
atentos a tudo), pois é imperativo reaportuguesar Portugal.
[1] In “Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa”.
[1] In “Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa”.
[2]
O Professor Cavaco Silva fez-se representar nas cerimónias. Esteve bem
representado, com o senão de dever ser ele a estar presente. Pela simples razão
de que apenas existe um local para o Chefe do Estado estar, em todos os dias 1º
de Dezembro: a Praça dos Restauradores!
Sr. TC Brandão Ferreira
ResponderEliminarO meu mais vivo aplauso por mais um texto tão cheio de patriotismo.
Como refere, o ponto mais urgente onde uma mão patriota tem de fazer grande limpeza e mudar de azimute,urgentemente, é a ESCOLA.
Aí, há muito tempo que se está a cometer UM CRIME DE LESA-PÁTRIA, a todos os níveis e em todas as direcções.
O Sr. TC ainda há pouco trouxe à reflexão de todos nós, a arrepiante entrevista dada pela Sr.ª Dr.ª Maria do Carmo Vieira que muito me impressionou.
Mas a situação nas diversas disciplinas e nos diversos graus é idêntica.
Falando com colegas do meu curso de há quarenta anos, hoje distintos Professores Universitários, estes referem a situação pavorosa, e quase generalizada, dos alunos que lhes chegam às mãos, cuja bagagem de conhecimentos gerais é muito preocupante.
Por vezes nem sequer conseguem entender o enunciado das questões que lhes são colocadas, por desconhecerem o Vocabulário de Português.
As respostas geralmente são também muito deficientes por dificuldades na redacção mesmo quando o Aluno sabe a matéria!
A caligrafia de muitos Universitários assemelha-se à das crianças da 2ª Classe antiga!
A indisciplina escolar que grassa nas escolas portuguesas creio que só poderá ser resolvida por um meio algo semelhante à excelente experiência brasileira, que o Sr. também nos apresentou recentemente.
Se nada for feito nos pontos que atrás refiro acredito que entraremos num colapso social por falta de elementos válidos para a construção diária do nosso viver colectivo.
A mão internacionalista não é alheia a tudo isto, estou certo.
Desenraizar e alienar, por todos os meios, o indivíduo, para mais facilmente o manipular, creio ser o objectivo de tudo o que vemos acontecer à nossa volta.
Meus cumprimentos
Manuel Alves