CURTAS E GROSSAS II

“Tantas vezes vai o cântaro à fonte…”
Aforismo popular
 
A reforma do Estado que “todos” reclamam e ninguém faz, passou a ser um cliché vazio de sentido. Por inócuo e indefinido.

Passou apenas a ser um chavão que os políticos intermitentemente expelem na sua loquacidade balofa e mentirosa.
 
Não se pode (deve) fazer a reforma do Estado sem começar por se reformar o sistema político, quiçá, o próprio regime político.
 
Ora neste (s) ponto (s) quase ninguém quer tocar ou mexer.
 
Seguramente os agentes políticos existentes, não querem. Logo não haverá reforma do Estado. Até este colapsar, é claro.
 
O resto tem a ver com seriedade e competência.
 
Ora o sistema político baseado em Partidos Políticos tem mostrado à saciedade que é a antítese do atrás apontado.
 
É isto que gera leis mal feitas, corrupção, imoralidade, maus exemplos, injustiças, etc..
 
E, quando a falta de seriedade e competência se transpõe para a geopolítica arriscamo-nos a ver o país passar vergonhas e desaparecer.
 
A maioria da população ao dar-se conta de tudo isto (leva tempo, mas dá), deixa de ter respeito pelos dirigentes, zurze-os com todos os adjectivos que há de pior no dicionário, tenta isentar-se por todos os meios aos deveres de pertencer a uma comunidade, passa ao “modo de sobrevivência” e, na pior hipótese, torna-se conivente activo da pouca - vergonha.
 
Estes últimos casos não são despiciendos.
 
Deste modo em vez de construirmos uma Democracia que se aperfeiçoa com o concurso dos melhores e bem - intencionados, afundamo-nos na partidocracia, na plutocracia e na corruptocracia.
 
A fronteira para a “bandalheirocracia” passa a ser ténue.
 
A “fome de sangue” para lavar as afrontas e injustiças, também.
 
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A semana que decorreu entre 17 e 23 de Novembro é exemplo do que acabámos de escrever e vai ficar nos anais da História da Nação portuguesa.
 
Por um lado por ser das mais vergonhosas, por outro e em simultâneo, como aurora de esperança. Esperança de que as coisas possam mudar…
 
Estamos a referir-nos ao encadeamento de escândalos e acções escandalosas que se sucederam em catadupas de gravidade crescente.
 
Lembremos a continuação do caso BES/GES talvez o maior “polvo” do regime; a má conduta recorrente e quase compulsiva dos senhores deputados cuja falta de elevação no debate transformou o hemiciclo numa feira de regateiras, permanentemente entrecortado por incidentes pícaros cujo recente episódio do “dá-me cá, toma lá” o microfone, apenas convida a um sorriso sarcástico; o episódio escabrosíssimo da tentativa de nos passarem a perna com a recuperação das subvenções vitalícias dos políticos.
 
Ficámos também a saber que a GALP e a REN se recusaram a pagar os impostos extraordinários a que estão obrigados.
 
De facto é necessário muito topete para se abalançarem a semelhante insubordinação: além de contribuírem há muito para castigarem os consumidores com os produtos/serviços que lhes prestam e de terem gozado de muitos favores estatais, quem é que são para se julgarem diferentes do comum do cidadão e das restantes (sobretudo) pequenas e médias empresas que andam a ser esbulhados dos seus bens?
 
Têm razão numa coisa, porém, que nunca invocaram ou tornaram pública: é que há empresas, instituições e “negócios” que ainda não foram afectados pela “austeridade”. E como têm poder (leia-se dinheiro, gente influente e advogados) pensam, eventualmente, que podem eximir-se às leis que se promulgam.
 
É mais um caso com que os órgãos do Estado, cuja autoridade anda pelas ruas da amargura e nunca se recompôs do descalabro dos idos do “PREC”, se vão confrontar.
 
Veremos se têm algum nervo ou apenas se limitam a amachucar (e depenar) os fracos e desvalidos.
 
A coisa foi sempre em crescendo, passando para a gravíssima questão da detenção, imagine-se, do Director do SEF, do Presidente Nacional dos Registos e Notariado, e mais uma mão cheia de peixes médios e arrastou consigo a demissão de um ministro, por causa de suspeitas de corrupção. Desta vez ligada a esse aborto que dá pelo nome de vistos “gold”: uma autêntica prostituição da nacionalidade!
 
Não há maneira destes “agilizados mentais” perceberem que nem tudo o que tornam legal é legítimo ou moral!
 
Neste âmbito há um aspecto muito preocupante e muito mal explicado: a actuação do SIS (vulgo serviços secretos) versus PJ e ainda o facto do Juiz que impôs as condições em que os arguidos ficavam a aguardar julgamento, constar a proibição de contactarem outros juízes…
 
A cereja em cima do bolo viria a ser, porém, a detenção no aeroporto (com uma estação de TV à espreita!), do ex-primeiro ministro, cidadão José Sócrates.
 
As pessoas já não conseguem digerir tanta barbaridade.
 
Será que o Estado e a Sociedade estão podres?
 
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Apenas mais umas quantas considerações, que o cortejo é infindável.
 
No palco da AR – a que eufemisticamente chamam a “casa da democracia” – alguns deputados a quem não tratarei por senhores”, decidiram levar a votação, em plenário, a reposição das subvenções vitalícias dos políticos.
 
Felizmente a contestação à medida surgiu, antes que a indignação popular se fizesse ouvir, no seio dos próprios partidos políticos – a pior invenção, em termos de Ciência Política, jamais dada à estampa - e a iniciativa acabou abortada.
 
Mas a intenção está lá e só o facto de ter sido posta em marcha indicia o despudor e a amoralidade dos seus defensores.
 
Então esta classe política, que anda há décadas a desbaratar a Nação Portuguesa e se tem entretido a vender Portugal aos bocadinhos e a esbulhar o comum dos portugueses dos seus parcos haveres, tem a lata e o despautério de querer repor algo que nunca devia ter existido?
 
Como lhes quero fazer a justiça de não os considerar asnos de pensamento, só se pode entender a sua atitude como uma pulhice miserável e aviltante.
 
Será que lhes dá prazer gozar com a população?
 
Deviam ser amarrados a um pelourinho e açoitados publicamente, para exemplo dos que ainda não decidiram se andam por aí para praticarem o Bem ou o Mal.
 
A dita “Casa da Democracia” há muito que está desqualificada.
 
E se dúvidas houvesse, a reacção ao discurso do Dr. Paulo de Morais – a quem cumprimento e tiro o chapéu – que a apelidou (falando lá), de ser o maior coio da traficância existente em Portugal, provou-o à saciedade.[1]

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O culminar deste descalabro político, moral e social deu-se aquando da detenção do agente técnico de engenharia (parece que esse curso ele tirou) José Sócrates ex - primeiro entre os ministros.
 
Só nos falta agora mandar para os calabouços um ex-PR, um ex - Presidente da AR ou um ex - Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, ou um ex - PGR (sei lá, porventura por meterem processos na gaveta e impedirem o normal e correcto desenvolvimento da justiça...).
 
Seria o fim da picada e pior será, quando em vez de ser um “ex” qualquer, for mesmo um que esteja em funções.
 
Ora tudo isto está obviamente ligado à acção política e à organização do próprio Estado (o tal regime/sistema político).
 
Não vale a pena andar a escamotear as questões.
 
Toda a gente no país, minimamente informada, sabe – mesmo que não saiba pormenores – que se têm passado as coisas mais incríveis nas últimas décadas e que a liberdade de noticiar escândalos ou discutir assuntos não tem servido para quase nada (agora já não há a desculpa da censura…).
 
A pessoa de Sócrates tem, neste âmbito, um longo historial.
 
O ponto está em arranjar provas e conseguir provar.
 
Ora para que isto aconteça, têm de existir meios, organização e vontade.
 
Entre os meios destacam-se as pessoas, a tecnologia e o edifício legal. Ora sendo os meios abundantes, a organização existente (com falhas, é certo), resta a vontade. A vontade reside fundamentalmente nas pessoas com autoridade para promoverem as investigações e levá-las até ao fim.
 
Torna-se pois, necessário, averiguar das mudanças de “vontade” existentes.
 
É certo que as leis são os políticos que as fazem – sem embargo dos pareceres técnicos e tomada de posição existentes – e não é o primeiro nem o segundo caso em que existem leis que se modificam (curiosamente, quase sempre no sentido de protegerem eventuais prevaricadores) até no meio de processos importantes – caso do processo Casa Pia, por exemplo - mas mesmo assim temos que questionar o que mudou para que de repente, tenhamos uma avalanche de casos gravíssimos, finalmente a serem investigados a sério e com hipóteses de chegarem a bom termo.
 
Toda a corrupção gira à volta de pessoas e negócios. Se as pessoas são honestas, fazem negócios sérios e vive versa. As leis devem ser feitas em função disto.
 
Mas não se podem fazer leis adequadas, com gente ignorante ou moralmente maculada. Digam-me: qual é a escola/universidade onde um aluno chumbe por falta de idoneidade para o curso que escolheu?
 
Que escrutínio existe para alguém que se pretenda inscrever num Partido Político?
 
Estou em crer que se a justiça continua por este caminho, vamos ter que construir campos de concentração, pois as prisões não vão chegar.
 
Tratando-se de políticos ao mais alto nível, o país passa a ser uma vergonha internacional e o Estado Português perde toda a credibilidade. Mas quem é que hoje, está preocupado com isso?
 
Grave, grave, é que, entretanto, arruinaram o país, desbarataram os bens de toda a comunidade (e o Poder Nacional) e esfrangalharam as instituições nacionais, reduzindo Portugal a um estado menos que exíguo.
 
“Eles” bem podem (e devem) ser castigados a sério, mas a Nação dos Portugueses está perfeitamente diminuída, endividada e pasto de interesses estranhos.
 
Há danos que não são reversíveis.


[1] Para os desconhecedores ou mais esquecidos, a reacção foi, nenhuma. O que em bom português significa, quem cala consente…

terça-feira, 25 de novembro de 2014

ESCOLA MILITARIZADA...

Aspecto que possivelmente terão as nossas escolas, daqui a poucos anos, se ainda existirem...
 
 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PORTUGAL NA I GUERRA MUNDIAL

Junto escrito publicado no número de Outubro de 2014, da Revista Militar.
Revista que convido todos a assinarem, não só pela excelente qualdade/preço, mas também por se tratar da revista militar, de publicação ininterrupta, mais antiga em todo o mundo.
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

FILME DE 1933

Documento histórico (filme existente na Cinemateca Nacional, de cerca de 12') muito interessante, datado de 1933, onde se podem apreciar várias imagens de paradas e exercícios militares, nomeadamente a de uma companhia de tropa indígena, de Angola.
 

NA FOZ DO DOURO

Clicar na imagem para ver maior

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CURTAS E GROSSAS

“A razão principal pela qual os políticos mentem, é simples: as pessoas gostam que se lhes minta.”
Do abaixo-assinado

Ninguém assume que Portugal não está em condições de pagar a dívida, muito menos os juros da mesma.
Depois de a “Troika” ter fingido que se foi embora, a dívida do nosso País, aumentou.

Como, aliás, era expectável pois apenas se empurrou com a barriga para a frente. Por outro lado, nunca deixámos de pedir dinheiro emprestado.
É certo que a juros mais baixos, mas isso não evita o aumento da dívida, apenas a torna menos elevada.

Ninguém sabe exactamente os números e também ninguém sabe em quem acreditar.
A confiança esvaiu-se…
É uma tristeza, mas é uma realidade.
Como não se consegue encontrar um político que fale verdade ou seja coerente hoje, com o que diz amanhã; nem tão pouco há autoridade para impor uma estratégia – que teria que ser sempre muito dura e isenta – não iremos sair da situação em que estamos, antes iremos apodrecer com ela.

Com o problema da tesouraria sempre premente os sucessivos governos, fracos e pusilânimes, vão vendendo o país a patacos, até ficarmos sem nada e passarmos à condição de escravos ou mendigos permanentes, de uma qualquer “entidade”.
O que alguns espertinhos optam por apelidar de “cidadãos do mundo”…

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O atrás apontado nota-se em tudo e no desnorte de tudo.

Ao cruzar parte do Algarve, recentemente, em época baixa para o turismo, pude verificar como a região está a ser submersa por emigrantes residentes. Não estou sequer a referir-me aos emigrantes que vêm para cá trabalhar e, mais tarde, optam por ficar ou por regressar ao país de origem; estou-me a referir a uma soma alargadíssima de pessoas, normalmente oriundas do centro e norte da Europa, que se fixaram em permanência na parte mais ocidental do antigo “Al Andaluz”.
Toda a região está a ficar descaracterizada e, a pouco e pouco, os portugueses vão ficar em minoria e estranhos na sua própria terra. Tal já se nota, sobretudo nas terras pequenas!

Um dia destes nem um metro quadrado de terra estará em mãos nacionais…
Nada do que digo tem a ver com racismo, xenofobia ou qualquer sentimento menos cristão. Trata-se, tão - somente, de aquilatar se alguém já pensou nas consequências futuras desta “anarquia sociológica” e se é esta a realidade que queremos para o que nos resta de Nação.

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A passada questão leva-nos a uma outra que é a da destruição da família tradicional e da quebra da demografia, sobretudo nos países ditos ocidentais. Uma coisa está, aliás, ligada à outra.

A destruição da família começou a ser desenhada a seguir à Revolução Francesa. Está inscrita na “guerra” para a aniquilação da religião cristã, nomeadamente a católica; entroncou depois no “Positivismo”; mais tarde no ataque às Nações (uma nação não deixa de ser um conjunto alargado de famílias), teve um momento alto nos disparates do Maio de 68, em França e seus derivados e tem o seu clímax no individualismo e relativismo moral mais exacerbado.
Para atacar a família usaram-se todos os meios: a interferência estatal; a destruição da autoridade parental; o negócio das drogas; a legalização e, ou tolerância, de todas as taras; a defesa da homossexualidade (e o que mais adiante se verá); a desresponsabilização militante; a desvalorização da Honra e da palavra; a banalização dos sentimentos; o culto do hedonismo e, sobretudo, a chamada “libertação da mulher”, onde o fenómeno do feminismo representa o expoente mais agudo.
Ora tudo isto passou a ser politicamente correcto e aceite algo acefalamente, pelo vulgo.

A questão da demografia - que é um fenómeno complexo – tem a ver, salvo melhor opinião, sobretudo com a “emancipação da mulher” e o aparecimento da pílula, que banalizou e desresponsabilizou as relações sexuais (apesar da praga da Sida – há sempre um praga qualquer, que aparece…).
Ora a maioria das pessoas foge a discutir estas coisas, optando-se pela fuga para a frente, e os poucos que começam a preocupar-se com a falta de crianças, aponta apenas as batarias para a crise económica que coíbe os casais de terem filhos – se isto fosse assim quase ninguém tinha tido filhos desde o princípio da Humanidade…

Não direi que nas últimas décadas – o fenómeno começou a ocorrer após a II Guerra Mundial, sobretudo a partir da década de 60 – não tenham ocorrido, neste âmbito, muitas coisas positivas e progressos sensíveis, mas deve ter-se sempre em conta que todas as decisões e mudanças sociais, encerram em si vantagens, inconvenientes e consequências e cada medalha tem sempre o seu reverso.
Ora, por norma, é raro pensar-se nas consequências a não ser quando já é tarde.

A Sociologia podia dar, neste campo como noutros, uma contribuição muito útil, desde que não esteja eivada de preconceitos, correntes ideológicas ínvias, ou sequestrada de falsos profetas.
Numa palavra assumindo-se e comportando-se como uma ciência séria. Quanto ao resto todos compreendemos que não possa ser exacta.

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A Chanceler Merkel resolveu animar as hostes indígenas ao sair-lhe pela boca fora que havia licenciados a mais em Portugal (e Espanha), frase que foi realçada e algo retirada do restante contexto.

A coisa não teria qualquer importância se não vivêssemos uma época em que toda a gente fala e opina sobre tudo e a Comunicação Social sente uma pressão enorme (diria uma compulsão de negócio), em nos atulhar com todas as minudências que se passam no planeta Terra.
Acresce que desataram quase todos a bater na germânica senhora, sem quererem entender que a “União” Europeia (UE) não existe, como tal, e que ela só está a defender o que entende ser os interesses da Alemanha (ainda não reunificada).

Não vejo, por outro lado, que a Chanceler não possa falar sempre que lhe apeteça pois, que se saiba, pertencemos todos ao mesmo clube (o tal da UE).
Devemos ainda lembrar-nos da apetência que os “peixes grandes” têm em comer os “peixes pequenos”, sobretudo aqueles a quem emprestam dinheiro, não para investimento, mas para continuarem a viver…

E não enviamos nós centenas (ou milhares?), de licenciados para a Alemanha, faz anos?
Que prova é mais necessária para dar razão à Srª Merkel?

Ora os críticos da mesma senhora devem é escrever-lhe a exigir o seu retorno por eles, supostamente, fazerem cá falta, mas não estou seguro que as leis comunitárias, da livre circulação de pessoas e mercadorias, o permitam…
Se eu fosse aos críticos da chefe do governo teutônico estava mais preocupado em tentar descortinar alguma razão ponderosa naquilo que ela disse ou quis dizer.

Penso até, que há muita verdade implícita naquilo que afirmou mesmo sem, naturalmente, o saber ou ter intenção.
Parece-me inquestionável que Portugal, no seu conjunto, não tenha licenciados a mais, mas não tenho dúvidas, outrossim, que tem portadores de “canudo” a mais numas áreas e a menos noutras; que nada tem sido feito para tentar regular o mercado; que aprovaram imensas licenciaturas que não têm razão para existir; que quase tudo na Educação – melhor dizendo, na Instrução, já que a educação se dá em casa – virou negócio; que o que interessa não é ter muitos licenciados, mas sim bons licenciados – quem confia, desde há 40 anos, nos graus académicos concedidos? Etc..

Um “etecetera” extenso que não cabe aqui desenvolver, mas em que faço excepção para referir o ensino técnico e comercial (também referido pela Srª Merkel) que era de grande qualidade e que foi assassinado nos idos da última revolução que nos calhou em sorte, e que até hoje não foi posto de pé, novamente.
Os extraordinários estadistas (obviamente muito democráticos) têm andado entretidos com as “novas oportunidades”…
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Grave é também o caso de Timor e a expulsão dos juristas portugueses, datada de 31/10, o que só é ultrapassado pela reacção pífia das entidades que dizem representar a nossa soberania.

Timor continua a ser um equívoco nacional. Melhor dizendo, uma monumental mentira política.
Criou-se em Timor, em 1974/5, um problema que não existia, nem havia razões para existir.

O Timor português vivia em paz e perfeitamente integrado na soberania portuguesa.
Nenhuma reivindicação ocorria no, ou sobre o território, nem interna, nem externamente.

Os esparvoados “revolucionários” portugueses, de então, resolveram exportar a loucura que grassava em Lisboa, para Díli e criaram, artificialmente, um partido comunista, local, a “Fretilin”.
Os cordelinhos da Geopolítica internacional começaram a equacionar a existência de uma eventual pústula comunista numa zona que lhe era adversa.

Depois de muitas peripécias onde os desgraçados governos portugueses (sem autoridade para fazer coisa alguma), acumulavam asneiras e omissões, ignoraram todos os alertas e pedidos da Indonésia, levando este país a invadir o território de Timor-Leste (com luz verde dos EUA) – já depois da bandeira portuguesa ter sido arriada pela Fretilin…
As autoridades (?!) portuguesas protestaram; a tropa que lá estava não disparou um tiro e a ocupação passou a ser um facto (quase) consumado.

O Governo português perdeu, entretanto, toda a autoridade moral, diplomática e política, para exigir fosse o que fosse, dado que a partir de Dezembro de 1974, decidiu reconhecer “de jure” a escabrosa invasão de Goa, Damão e Diu, pelo estado malfeitor da União Indiana, efectuada em circunstâncias muito mais gravosas do que aquela ordenada por Jacarta.
Ninguém consciente e com vergonha na cara gosta de ouvir dizer isto, mas é a mais pura das verdades!
Os Indonésios não tiveram, por sua vez, qualquer tipo de “jeito” em lidarem com a nova realidade, usaram de brutalidades várias e conseguiram alienar qualquer tipo de empatia que se pudesse criar. A resistência armada continuava a lembrar que, apesar de tudo, o gesto indonésio beliscava o Direito Internacional (normalmente só aplicado aos grandes…), até que o bambúrrio do vídeo que documentava o “massacre” de Santa Cruz, onde se ouviam vozes de mulheres e crianças a rezarem a Avé – Maria, em português – o que parece impressionou até, alguns empedernidos ímpios tugas – acordou a diplomacia portuguesa da sua letargia, que levou, numa arrancada digna dos bons velhos tempos, a que os Indonésios acabassem por se retirar do território.
Esta fase foi acompanhada por uma mobilização nacional genuína, onde até as forças políticas mais antimilitares e outros ex- revolucionários queriam uma intervenção militar.

A má consciência, às vezes, opera prodígios…
Deu-se início, então, ao que designaram por “processo de descolonização”, que foi complexo e difícil. A má consciência internacional também ajudou, e muitos não deixaram de logo colocar os olhos no potencial em hidrocarbonetos existente.

Aí fez-se e deixou-se fazer, uma outra asneira grave: faltou colocar no referendo a 3ª pergunta, isto é, se os timorenses queriam a integração em Portugal, mas isso não interessava nada à quase totalidade dos intervenientes mais destacados. Por motivos diferentes, mas confluentes.
A má consciência, afinal, não dá para tudo!

Deste modo Timor ficou um grão de areia perdido no universo, onde apenas o catolicismo garante alguma homogeneidade, já que o português está em regressão e é apenas falado por uma minoria da população.
Ou seja Timor Lorosae não tem o mínimo de capacidades para ser uma entidade autónoma no seio das nações. A única coisa que vai subsistir são os negócios entre as pessoas que se consigam movimentar na área do poder nominal.

A actual classe política portuguesa não tem, nem tão pouco quer ter, qualquer capacidade para influenciar o que se passa em Timor. E como também destruiu todo e qualquer poder nacional – a partir do que não se pode definir qualquer política nem desenhar qualquer estratégia – faz as figuras tristes que tem feito em toda a parte do mundo.
Mas sempre orgulhosamente acompanhados.

Por isso é que o ex-guerrilheiro maubere, que muito deve a Lisboa, ocupar o cargo que ocupa, se permite impor a presença do presidente da Guiné Equatorial, na última cimeira da CPLP, ocorrida em Díli, antes de ter sido formalmente eleito; expulse como criminosos (ou espiões) os juristas portugueses que eles tinham pedido para os ajudar e, num gesto magnânimo tenha, antes, oferecido ao nosso país mais de um milhão de euros para ajudar nos incêndios florestais.
É triste e é uma vergonha para a lusa gente.

Mas lá que é merecido, é.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PARA VER E OUVIR

Entrevista com a Drª Maria do Carmo Vieira. Verdades como punhos que só o são porque, simplesmente, o "Bom Senso" emigrou do nosso País há umas décadas atrás.