Coronel Gomes Bessa (11/08/1922 –
01/11/2013)
Os caminhos do destino levam a que, ultimamente, de todas as gravatas que possuo, aquela que tenho utilizado mais seja a preta.
Preta, de luto.
Desta vez usei-a para acompanhar à sua última morada, o Coronel de Artilharia do Exército (até agora, português) Carlos Gomes Bessa.
Um homem bom e corajoso em todas as fases da sua vida, em que se revelou ser uma “força da natureza”.
Morreu na paz do Senhor.
Falecido no primeiro dia de Novembro – ex-feriado de Todos os Santos – contava 91 anos de uma vida cheia, em que soube sempre ultrapassar os obstáculos com firmeza e bonomia.
Exemplo disso foi a luta que travou durante 14 anos, a fim de tentar ultrapassar a injustiça do saneamento de que foi alvo – como muitos outros camaradas – na sequência dos eventos “revolucionários”, ocorridos a seguir ao Golpe de Estado de Abril de 1974.
A sua carreira estendeu-se e espraiou-se, fundamentalmente, em duas áreas: a militar e a de académico e historiador.
No âmbito militar fez jus ao lema artilheiro de que “a Artilharia morre em sentido”.
Foi um oficial completo com uma personalidade e formação, sólidas.
Depois do Curso na Escola do Exército, iniciado em 1942, foi colocado no Regimento da Serra do Pilar, uma unidade de grandes tradições militares, que ficou conhecida como “Os Polacos da Serra”, e que viria a comandar, como coronel, em 1973.
Em 1950 foi chamado para frequentar o exigente Curso de Estado - Maior, tendo ingressado no respectivo “Corpo” e desempenhado funções correlativas, durante vários anos.
Fez duas comissões no Ultramar – de que se tornou grande conhecedor e estudioso – a primeira na Guiné, entre 1956 e 1960, onde desempenhou as funções de Chefe de Estado – Maior do Comando Militar e, logo em Abril desse ano, marchou para Angola a convite do Governador – Geral de quem foi chefe de Gabinete, tendo regressado em Junho do ano seguinte, na sequência do início do terrorismo naquela Província.
Foi Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa entre 1966 e 1970 estando sempre muito ligado à educação da juventude tanto na Metrópole como no Ultramar, tendo criado a “Procuradoria dos Estudantes Ultramarinos, em 1962. Foi ainda director da Revista “Ultramar” entre 1961 e 1970.
Foram-lhe concedidos 16 louvores e nove condecorações.
Como académico foi um trabalhador incansável, desenvolvendo o seu labor em várias instituições de que se destaca a Academia Portuguesa da História, de que foi Secretário nove anos; Academia das Ciências; Sociedade Histórica da Independência de Portugal; Comissão Portuguesa de História Militar, de que foi um dos fundadores e, depois, Secretário; Sociedade de Geografia e Revista Militar, de que foi Director muitos anos.
São incontáveis os trabalhos, comunicações e conferências efectuados, sempre com uma qualidade elevada, muitas delas de âmbito internacional, tendo desenvolvido contactos sobretudo com o Brasil, a Venezuela e a Espanha.
É ainda autor de vasta bibliografia histórica, de grande mérito.
Assim se manteve até que um lamentável acidente o confinou à sua casa e o impediu de continuar a sua prestimosa e multifacetada produção intelectual.
Mesmo assim pude constatar a alegria e vontade que tinha em viver, estar informado e em vir a realizar mais coisas.
Manteve-se “jovem” até ao fim.
Conheci o Coronel Bessa, na Revista Militar, vai para 30 anos e mantive sempre um contacto mais ou menos estreito com ele, durante todo este tempo.
Aprendi a admirar a sua vasta cultura, a sua habilidade nas relações humanas, o espirito militar e o seu amor a Portugal.
Devo-lhe atenções, ajuda, ensinamentos e amizade.
Privar com ele representou, sem dúvida, uma das coisas boas que pude usufruir nesta vida.
Partiu um homem honrado e um português de rara fibra e qualidade.
Amortalhou-se na Bandeira das Quinas mas, porventura ainda magoado, dispensou as honras militares. Foi, talvez, a última mensagem que nos deixou.
E, deste modo, ficámos mais pobres.
Os caminhos do destino levam a que, ultimamente, de todas as gravatas que possuo, aquela que tenho utilizado mais seja a preta.
Preta, de luto.
Desta vez usei-a para acompanhar à sua última morada, o Coronel de Artilharia do Exército (até agora, português) Carlos Gomes Bessa.
Um homem bom e corajoso em todas as fases da sua vida, em que se revelou ser uma “força da natureza”.
Morreu na paz do Senhor.
Falecido no primeiro dia de Novembro – ex-feriado de Todos os Santos – contava 91 anos de uma vida cheia, em que soube sempre ultrapassar os obstáculos com firmeza e bonomia.
Exemplo disso foi a luta que travou durante 14 anos, a fim de tentar ultrapassar a injustiça do saneamento de que foi alvo – como muitos outros camaradas – na sequência dos eventos “revolucionários”, ocorridos a seguir ao Golpe de Estado de Abril de 1974.
A sua carreira estendeu-se e espraiou-se, fundamentalmente, em duas áreas: a militar e a de académico e historiador.
No âmbito militar fez jus ao lema artilheiro de que “a Artilharia morre em sentido”.
Foi um oficial completo com uma personalidade e formação, sólidas.
Depois do Curso na Escola do Exército, iniciado em 1942, foi colocado no Regimento da Serra do Pilar, uma unidade de grandes tradições militares, que ficou conhecida como “Os Polacos da Serra”, e que viria a comandar, como coronel, em 1973.
Em 1950 foi chamado para frequentar o exigente Curso de Estado - Maior, tendo ingressado no respectivo “Corpo” e desempenhado funções correlativas, durante vários anos.
Fez duas comissões no Ultramar – de que se tornou grande conhecedor e estudioso – a primeira na Guiné, entre 1956 e 1960, onde desempenhou as funções de Chefe de Estado – Maior do Comando Militar e, logo em Abril desse ano, marchou para Angola a convite do Governador – Geral de quem foi chefe de Gabinete, tendo regressado em Junho do ano seguinte, na sequência do início do terrorismo naquela Província.
Foi Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa entre 1966 e 1970 estando sempre muito ligado à educação da juventude tanto na Metrópole como no Ultramar, tendo criado a “Procuradoria dos Estudantes Ultramarinos, em 1962. Foi ainda director da Revista “Ultramar” entre 1961 e 1970.
Foram-lhe concedidos 16 louvores e nove condecorações.
Como académico foi um trabalhador incansável, desenvolvendo o seu labor em várias instituições de que se destaca a Academia Portuguesa da História, de que foi Secretário nove anos; Academia das Ciências; Sociedade Histórica da Independência de Portugal; Comissão Portuguesa de História Militar, de que foi um dos fundadores e, depois, Secretário; Sociedade de Geografia e Revista Militar, de que foi Director muitos anos.
São incontáveis os trabalhos, comunicações e conferências efectuados, sempre com uma qualidade elevada, muitas delas de âmbito internacional, tendo desenvolvido contactos sobretudo com o Brasil, a Venezuela e a Espanha.
É ainda autor de vasta bibliografia histórica, de grande mérito.
Assim se manteve até que um lamentável acidente o confinou à sua casa e o impediu de continuar a sua prestimosa e multifacetada produção intelectual.
Mesmo assim pude constatar a alegria e vontade que tinha em viver, estar informado e em vir a realizar mais coisas.
Manteve-se “jovem” até ao fim.
Conheci o Coronel Bessa, na Revista Militar, vai para 30 anos e mantive sempre um contacto mais ou menos estreito com ele, durante todo este tempo.
Aprendi a admirar a sua vasta cultura, a sua habilidade nas relações humanas, o espirito militar e o seu amor a Portugal.
Devo-lhe atenções, ajuda, ensinamentos e amizade.
Privar com ele representou, sem dúvida, uma das coisas boas que pude usufruir nesta vida.
Partiu um homem honrado e um português de rara fibra e qualidade.
Amortalhou-se na Bandeira das Quinas mas, porventura ainda magoado, dispensou as honras militares. Foi, talvez, a última mensagem que nos deixou.
E, deste modo, ficámos mais pobres.
Sentidas Condolências.
ResponderEliminar(JCAS)