sábado, 22 de junho de 2013

GUINÉ, GUILEJE, E O DESNORTE DO REINO

“O homem é o homem e a sua circunstância”
Ortega y Gasset

     Desde A. Henriques que há assuntos, na História de Portugal, mal arrumados. Alguns, até, de tão mal descritos, resultam em distorções e mentiras grosseiras.
 
    É o caso das últimas, e ainda recentes, campanhas ultramarinas em que a Nação Portuguesa esteve envolvida entre 1954 e 1975.
    E assim é, apesar do espaço temporal ser curto; haver muita gente viva que foi protagonista nos eventos; ampla documentação e excesso de meios de comunicação social.
    Entre os multifacetados aspectos que este longo conflito encerra, ganhou especial preponderância o teatro de operações da Guiné e, dentro deste, as operações que se desenrolaram no 1º semestre de 1973, em que se assistiu à maior operação da guerrilha, em toda a guerra. Esta ofensiva foi desencadeada pelo PAIGC e planeada e coordenada por instrutores soviéticos e cubanos e destinava-se a fazer “ajoelhar” militarmente, as forças portuguesas.
    Naturalmente o facto de o MFA ter nascido na Guiné; o protagonismo que o General Spínola – que acabou por ser o principal responsável pelo abaixamento do moral das NT, na Província – veio a ter em todos os eventos ligados ao 25/4 e posteriores; e ao mito que se veio a criar que a guerra na Guiné estava perdida são, seguramente, responsáveis por tal facto.
    No meio da ofensiva referida veio a ter destaque, pelas piores razões, o abandono do quartel e povoação de Guileje, no dia 22 de Maio.
    Piores razões, porque marca uma página negra da História Militar Portuguesa, dado que uma guarnição que estando longe de estar batida, quebrou o dever militar, ao abandonar a sua área de operações sem ordem para o fazer e sem razão que o justificasse. A única que o fez em 13 anos de combates.[1]
    O responsável directo por esta retirada foi preso em Bissau, ficando a aguardar julgamento em tribunal militar.[2]
    Desse julgamento, livrou-o o Golpe de Estado de 25 de Abril e o desnorte que se lhe seguiu, acabando o arguido amnistiado em tal processo. Ou seja, juridicamente a responsabilidade penal deixou de existir.
    O oficial em causa continuou a sua carreira militar e chegou a coronel.
    Depois de abandonar o serviço activo, escreveu um livro, profere conferências e entra em debates, no sentido de descrever o que se passou, explicar as razões por que tomou a decisão que tomou e insurgindo-se contra o processo de que foi alvo.
    Antes de entrar nesta última parte é mister fazer um brevíssimo enquadramento da situação ocorrida em Guileje.
    No dia 20 de Janeiro de 1973, o líder do PAIGC, Amílcar Cabral, um mestiço politicamente moderado (vagamente marxista), de cultura lusíada, foi assassinado em Conackri, por três elementos do mesmo partido.[3]
    Na sequência foram eliminados numerosos guerrilheiros e, até hoje, nunca se soube oficialmente os verdadeiros contornos da trama, tendo-se atirado para cima da PIDE/DGS a hipótese inverosímil, de estar por detrás desta morte.[4]
    A seguir foi congeminado um plano – seguramente com a ajuda de conselheiros cubanos e soviéticos – para se conseguir uma decisão militar, que viria a ser explorada politicamente (como acabou por ser, em diferido), com a declaração unilateral de independência, no Boé, a 24/9/73.
    Esta ofensiva teve algumas inovações: procurou-se utilizar o princípio da concentração de forças e atacar simultaneamente, numa espécie de tenaz, dois objectivos; as forças que atacavam seriam protegidas por uma nova arma anti – aérea, o míssil terra-ar “Strella”, o que permitiria anular a supremacia aérea nacional e, desse modo, fazer pender o potencial relativo de combate, a favor da guerrilha.
    O primeiro míssil foi disparado a 20 de Março, sem consequências. Porém a 25, um outro disparo abateu um Fiat, salvando-se o piloto por ejecção e posterior recolha no chão.
    Nas duas semanas seguintes foram abatidas mais quatro aeronaves tendo morrido quatro pilotos e cinco outros militares o que, naturalmente, abalou o moral das tripulações e passou a afectar o cumprimento de algumas missões, sobretudo por não se saber qual a arma e suas características, com que se defrontavam.[5]
    Os objectivos escolhidos para serem atacados, isolados e, eventualmente, tomados, foram as povoações de Guidage, na fronteira norte, e Guileje, na fronteira Sul.
    Estas povoações estavam defendidas com unidades tipo companhia, reforçados com outros (escassos) meios.
    Foram escolhidos pois estavam mesmo junto à fronteira, o que facilitava o ataque e o apoio logístico, além de que as equipas de misseis também não se deviam internar muito em território nacional, por imposição dos soviéticos que temiam que alguma destas armas caísse em mãos portuguesas.
    Guidaje começou a ser atacada em 8 de Maio e esteve cercada e debaixo de fogo, constante, durante um mês.
    Foram organizadas várias colunas de reabastecimento que foram duramente atacadas e, finalmente conseguiu-se reforçar a guarnição com uma companhia de paraquedistas. No entretanto montou-se uma grande operação que envolveu a totalidade dos efectivos do Batalhão de Comandos Africanos, sobre a base de Cumbamori, que apoiava as forças do PAIGC.
    Durante este período as NT sofreram 47 mortos e mais de uma centena de feridos.
    No meio desta ofensiva séria, foi atacado o aquartelamento de Guilege, no dia 18 de Maio, possivelmente como diversão, para obrigar a retirar forças que estavam a auxiliar Guidage.
     A guarnição do Comando Operacional 5 sofreu um morto e dois feridos.[6] O Comandante, Major Coutinho e Lima, decidiu ir a Bissau expor a situação. Regressou no dia seguinte e tomou a decisão de abandonar o quartel, levando consigo toda a população para Gadamael-Porto, uma povoação a poucos quilómetros.[7]
    Entretanto a FA, numa acção notável, conseguiu descobrir as características do míssil e adoptou um conjunto de procedimentos e tácticas que permitiram continuar a cumprir todas as missões, com constrangimentos vários.
    A FA perdeu, de facto, a Supremacia Aérea, mas não perdeu a Superioridade Aérea. E nunca mais nos abateram qualquer aeronave, à excepção de um Fiat, em 30 de Janeiro de 74, por incumprimento de uma regra de segurança. Estima-se que foram disparados mais de 40 mísseis.
    Que se terá passado então, para que o Comandante de Guileje tivesse apenas resistido quatro dias – com mais meios do que o seu camarada de Guidage – o TCor Correia de Campos, que se veio a revelar um valoroso Comte. - que chegou a estar no limite das munições e dos víveres?
    Aqui parecem entrar o que se designa por factores imponderáveis da guerra, tão ou mais importantes que os outros…
    Do que se sabe o General Spínola tratou mal o major e não lhe explicou nada. Podia ter-lhe dito qualquer coisa do género “a preservação da sua posição é fundamental para a defesa da fronteira sul, eu agora não lhe posso valer pois tenho todas as minhas reservas empenhadas (o que era verdade), volte para lá, aguente-se, que logo que possa envio-lhe auxílio”.
   Em vez disto tratou-o nos moldes em que os que o conhecem sabem, quando não gostava de alguém. A agravar as coisas, o oficial em causa, não era oriundo de Cavalaria nem frequentara o Colégio Militar…
    E quando se despediu dele humilhou-o dizendo-lhe “regressa a Guileje e daqui a um ou dois dias irá lá ter o Coronel Durão e você passa a adjunto dele”. Ou seja passou-lhe um atestado de incompetência.
    O Comte. do COP 5 voltou ao quartel apenas para saber pelos seus subordinados – em quem segundo o “jornal da caserna” não tinha grande comandamento – que o último ataque sofrido tinha destruído o posto de rádio e parte da artilharia.
    A retirada fez-se nessa noite, sendo feita em boa ordem de marcha e com todos os cerca de 500 elementos da população, o que prova três coisas:
    - Que o quartel não estava cercado (se estivesse a saída das tropas e população poderia ter sido um desastre!);
    - Que a população estava toda do nosso lado;
    - Que o PAIGC estava ainda longe de querer assaltar a povoação, já que só deu pela evacuação três dias depois (entrando quase todos em coma alcoólico depois de terem esgotado o stock de bebidas existente…).
    Mas prova ainda outra coisa: que a retirada já teria sido preparada do anterior, pois era praticamente impossível organizar tal operação na hora. Será que estariam à espera que Spínola autorizasse a saída? Até que ponto haveria acção subversiva feita por eventuais infiltrados simpatizantes, idos da Metrópole? Eis duas questões que seria interessante dilucidar.
    Resta ainda acrescentar que o quartel tinha uma pista; a FA garantia apoio pelo fogo de dia, com os “Fiat” e de noite com um “C-47” modificado, em bombardeamento de área; Guileje era o único quartel em toda a Guiné, que tinha abrigos em betão.
    Sofreu bombardeamentos com precisão (cerca de 36), porque o tiro era regulado por guerrilheiros infiltrados até perto do quartel, pois estes tinham liberdade de movimentos, por as forças lá aquarteladas não fazerem batidas fora do arame farpado (como, aliás, estava determinado e era do mais elementar senso táctico).
    Guileje tinha, porém, um ponto fraco: não tinha um poço artesiano, que lhe fornecesse água potável, a qual tinha que ser obtida a cerca de 2Km, o que permitia emboscadas às colunas encarregues dessa missão. As evacuações de helicóptero tinham, ainda, que ser feitas a partir de Cacine, pois a ida dos Al III a Guileje e Gadamael estava, temporariamente, suspensa por razões operacionais.
    Considera-se que as forças que defendiam Guileje não estiveram sequer perto, de não se puderem defender e nada justificava o seu abandono tão prematuro, que veio a causar algum pânico em Gadamael – Porto e poderia ter feito colapsar – por efeito de dominó – todo o dispositivo junto à fronteira - sul.[8]
    As forças do PAIGC reagruparam-se então em torno de Gadamael e atacaram-na fortemente, tendo a situação sido resolvida rapidamente por tropas paraquedistas, enviadas de reforço.
    Sem embargo de se gostar mais ou menos da atitude do Comandante – Chefe, ele era o responsável por toda a Guiné e era ele que tinha a visão global de todo o teatro de operações. E tinha a autoridade para tomar as decisões que tomou, sendo-lhe ainda lícito, sacrificar a guarnição de Guilege caso isso fosse importante para a salvaguarda do todo.[9]
    Como a consciência é o nosso último juiz, cabe sempre a cada comandante – e cada caso é um caso – face às circunstâncias, decidir o que, em última instância a sua consciência lhe diz, mas tem que, a seguir, se sujeitar às consequências dessa decisão.
   E não tem que levar a mal que, no caso vertente, se lhe tenha dado ordem de prisão e levantado um processo.
    O Dever e a Disciplina Militar assim o exigiam e só se deve lamentar que o julgamento não tenha ocorrido. E, nesse âmbito, só existe uma razão de queixa: contra quem o amnistiou.
    Ora este caso que devia ser, sem sombra de dúvidas, tratado em termos académicos, em fóruns próprios, a fim de reverter em ensinamentos para o futuro, tem sido transformado pelo seu protagonista – que ninguém tem maltratado nem acusado de nada - numa tentativa contumaz, não só de branqueamento da sua acção como a de que seja aceite o seu bom propósito e valor.
    Será que um dia destes vai requerer louvor e condecoração?
    As coisas estão, até, a entrar no campo do delírio, como se pôde constatar numa “mesa redonda”, que decorreu em Coimbra, no passado dia 23 de Maio, e para a qual se convidaram quatro coronéis do Exército, um ex-membro das “Brigadas Revolucionárias” e dois ex- guerrilheiros do PAIGC.[10]
    Um dos oradores foi, justamente, o antigo Comte. do COP5, que antes de falar se vestiu com um traje típico de indígena da Guiné – provavelmente o mesmo com que o agraciaram há uns anos atrás, quando foi a Guilege fazer “um frete” ao PAIGC - e não foi o único - que para ali “convocara” um “Simpósio Internacional”![11]
    O “nosso” coronel apenas seguiu, todavia, o exemplo da organização daquela “mesa sem bicos”, a qual no folheto de propaganda do evento, não encontrou nada melhor para pôr em fundo, do que a bandeira do PAIGC (quero recordar que o evento se passa em Coimbra – terra onde está sepultado o D. Afonso Henriques…) e uma foto de Amílcar Cabral que, em termos simples, não passa de um traidor português.[12]
    No dia anterior a esta redonda mesa, tinha estado previsto um colóquio promovido pela quase extinta Polícia Judiciária Militar, onde o caso de Guileje era tema, com direito a debate, e lá estava o nosso ex- comandante inscrito para o mesmo.
   Tem ainda participado em várias conferências, apresentações de livros, discussões, etc., onde raramente é contestado e escreveu um livro com a sua versão dos eventos, que teve o prefácio de um general de quatro estrelas e conseguiu o significativo feito, de o mesmo ser apresentado por um outro general de igual posto, num local que tem o nome de Academia Militar.
   Escola que, lembro, tem a peculiar missão de formar os futuros oficiais do Exército e da GNR.
   Parece que ninguém se deu conta do que se estava a passar…
    Há precisamente 39 anos que se passou a fazer o elogio da cobardia, em detrimento da coragem; promoveram-se desertores e traidores e depreciou-se (quando não se ridicularizou), heróis e patriotas; A corrupção passou a ser tolerada e a achar-se que era coisa de espertos; incentivou-se o vício e casquinhou-se a virtude; tem-se sido de uma compreensão dadivosa para com os “desvios”, ao mesmo tempo que se desdenha a “normalidade”; encolhe-se os ombros aos trapaceiros e fustiga-se o mérito, enfim, os exemplos são extensos e são todos maus.
    Chegou-se ao ponto de incentivar a morte e depreciar a vida, em troca do egoísmo, hedonismo e outros “ismos”, todos muito “progressistas” e modernaços…
    Não admira, pois, que estejamos mergulhados numa crise moral, política e social medonha, e á beira do desaparecimento genético (!), e que quase toda a gente confunde com uma crise económica e financeira, e apenas porque lhes estão a ir ao bolso!
    Fica-nos, contudo, e no meio disto tudo, uma dúvida existencial, que é a seguinte: Face ao descrito, o que se andará a ensinar aos cadetes e aos comandantes das actuais Forças Nacionais Destacadas?



[1] O Quartel de Copá, no Nordeste da Guiné, também foi abandonado, em 30/1/73, por metade da guarnição, mas a mesma foi obrigada a regressar, pela notável acção do Comte. do Batalhão, TCor. Jorge Matias.
[2] O militar ficou preso cerca de um ano, o que se estima ser um exagero - mesmo tendo em conta a situação da altura – para se instruir o processo e levá-lo a julgamento. E, possivelmente, não deveria ter sido o único a quem devia ter sido dado ordem de prisão…
[3] Amílcar Cabral foi, sem dúvida, o mais capaz líder guerrilheiro de todos os que combateram contra Portugal.
[4] O que, a ser verdade - convenhamos – seria mais do que legítima…
[5] Foram abatidos um Fiat, um T-6 e dois DO-27. Só a 8 de Abril se teve a certeza de que a nova arma era o SAM-7. Outros disparos foram efectuados, mas não se considera relevante a sua discriminação.
[6] O COP 5 dispunha de uma companhia de caçadores; um pelotão de milícias; um pelotão de artilharia, com peças de 11,4 e algumas autometralhadoras “Fox”.
[7] É importante referir que o Comte. do COP5, foi lá colocado, também, com a missão de disciplinar e levantar o Moral a uma tropa considerada fraca e desmotivada.
[8] Além disso a saída de Guileje não foi coordenada com Gadamael e esta povoação e respectivo quartel, não tinham condições mínimas para albergar tão elevado número de “fugitivos”. E não se sabe, exactamente, porque é que Guileje não foi reocupado, o que não favoreceu as nossas cores.
[9] No fim da ofensiva, nós ganhámos e o PAIGC perdeu, é bom que se diga. Mas o que se passou em Guileje causou um abalo muito grande no moral do conjunto das tropas e comandos. E pode ter contribuído fortemente para o início do MFA, na Guiné. Se assim foi, a vitória táctica portuguesa, resultou numa derrota estratégica, a prazo.
[10] Foi organizada pelo “Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra”, criado em 1998. O moderador foi o Prof. Dr. Luís R. Torgal, que tinha a missão impossível de dar a palavra, numa tarde, a sete oradores e promover o debate…
[11] O tema era a ofensiva sobre Guileje de que trata este escrito e decorreu de 1 a 7 de Março de 2008, promovido pela “Universidade Colinas do Boé” e pelo INED, uma das ONGs que por lá pululam.
[12] Amílcar Cabral tinha a nacionalidade portuguesa. Veja-se artigos do Código Penal de então e de agora…

9 comentários:

  1. Quando esta maldita geração dos anos 70 for embora, vamos repor certas coisas no bom sentido...

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  2. Verdades inconvenientes para alguns pseudo ex-militares.

    Cumprimentos,
    Constantino Costa

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  3. ...
    citando: «[...] convidaram [...], um ex-membro das "Brigadas Revolucionárias".»

    Conhecido e lido, desde a semana anterior ao "evento", aquele vergonhoso panfleto, de entre os nomes nele impressos não se percepciona qual deles terá desempenhado - nos idos dos anos 70 -, a função de terrorista urbano, pelo que, em face à presumida utilidade pública, fará Brandão Ferreira o favor de explicitar a quem se refere.

    Um abraço, do Abreu dos Santos.

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  4. Finalmente encontro um Português que se honra de o ser e de relatar a verdade da FUGA DE GUILEJE. Claro que é triste ter de salientar os COBARDES pois eles denunciam-se a si próprios e aqui, falta falar do grande comandante de companhia a quem, por incompetência, o General Spínola expulsou da companhia que até então comandava no papel-Vasco Lourenço.
    Estamos de facto (os honestos), cansados dos Miguéis de Vasconcelos deste País- Mas uma vez que ainda temos voz, temos de defender a memória de quem lá morreu. Esses não se podem defender.

    OS COBRAS DE GUILEJE-C.CAÇ.3325 que tanto lutaram para libertar a zona de Guileje, desde a fronteira Sul até ao rio a Norte, passando pelo Corredor de Guileje onde realizámos 07 operações militares SEM QUALQUER TROPA ESPECIAL e indo até Gadameal, saíam para o mato todos os dias sem descanso. Ao ponto até do cobardolas do Nino dizer pela rádio: "SE TIVEREM QUE PASSAR POR GUILEJE, FAÇAM-NOS DEPRESSA MAS COM BASTANTE CUIDADO".
    Tudo isto se deveu ao trabalho patriótico que empreendemos. E para quê? Para vermos e ouvirmos estes bandoleiros a denegrir a nossa Pátria.
    O nosso então Comandante e grande militar (Coronel Parracho) e os seus antigos Oficiais de que me honro ter feito parte, estão ao dispôr de todos para contar a verdade ou verdades, pois sabemos de muito mais.

    Para mais esclarecimentos sobre Guileje, podem consultar o meu blogue: GUILEJE3325-VAMOS FALAR VERDADE.

    Um abraço a todos os Portugueses patriotas.
    Orlando Silva - Ex-Alferes
    AVEIRO-966765914

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  5. A sabedoria popular vai dando os seus frutos: "a VERDADE, mais tarde ou mais cedo, vem sempre ao de cima".
    Guileje, pelos relatos finais havidos, tem o seu quê de mítico pela negativa.
    Inegavelmente, nestes tempos finais, a Guerra era encarada com demasiada displicência, irresponsabilidade, falta de tudo o que seja, ou se assemelhe, a disciplina.
    Ter a Arma numa mão e a picareta na outra, para legar uma construção, naturalmente "apressada", de abrigos inexistentes, foi obra de outros tempos, de outros HOMENS e outros MILITARES.
    Assim se partiu do zero no Cômo e lá se viveu duramente durante muito tempo.

    Que desejam os heróis da fuga?

    Louva-se o Comentário (POST) do Orlando Silva que vem atestar o que já antes se produzia em termos de Guerra e de Guileje em particular.


    Saudações

    Santos Oliveira

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  6. Este texto escrito pelo Sr. Tenente Coronel Aviador está amplamente cheio de mentiras e imprecisões de tal modo que não irei perder muito tempo com ele. Assiste-lhe o direito de formular a sua opinião sobre a tomada de decisão, mas não lhe é reconhecido o direito de deturpar os factos, que não conhece. Não vou por aí.
    Só quero recordar ao Sr. Tenente Coronel Aviador que a referida mesa-redonda realizada em Coimbra, onde estive, teve a presença de um GRANDE SENHOR: CORONEL MOURA CALHEIROS.
    Lembrar ainda ao Sr. Tenente Coronel Aviador que a 1ª Companhia do Batalhão de Para-quedistas só reforçou Gadamael no dia 2 de Junho de 1973. Lembrar ainda que para além de muitos "ismos" que refere com progressistas, havia muitos "istas" que eu designo de fachistas. Esqueceu-se e foi pena, o texto ficava mais equilibrado.
    Como o Sr. Tenente Coronel Aviador procura um bode expiatório, talvez não fosse de todo errado escolher-me a mim, sempre me situei no campo dos "ismos" e o Sr. pode rotular-me como entender. É contra os meus princípios abordar este tema de forma irónica, mas não vejo outro processo de o abordar, quando ao fim de 40 anos ainda se procuram bodes expiatórios para um acontecimento que destruiu a vida de muitos militares física e psiquicamente, e isso ainda dói.
    Com os cumprimentos.
    Manuel Reis
    Ex-Alf. Mil. CCAV 8350

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  7. Caro Manuel Reis;

    Tendo presente o tema "Guiléje", vem o ex-2º. cmdt da CCavª. 8350, tecer considerações sobre a pessoa de um digno militar.
    O senhor cor. foi rigoroso na sua análise ao ocorrido em Guiléje e Gadamael e muito mais haveria para dizer.
    Não é o senhor coronel que tem andado de debate em debate a tentar construir uma versão que tem estado muito longe da realidade.
    A isso chama-se desonestidade intelectual/moral.
    Quem é que afinal, enquanto 2º. cmdt, desobedeceu às ordens do coronel Rafael Durão.
    Perante a vossa insistência na defesa de uma versão em que muitos dos factos ocorridos são omissos, reservo-me o direito de repor a verdade.
    Alguns dos militares da CCavª. 8350na sua sede de protagonismo procuram repetir a versão(deles)na vâ tentativa de silenciarem as vozes incómodas que pretendem repor a verdade dos acontecimentos.
    O contraditório deve elevar-se à grandeza de carácter e admitir a verdade dos factos.

    Constantino Costa
    CCavª. 8350
    Piratas de Guileje


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  8. Caro amigo Constantino, li com muito gosto a sua mensagem.

    Como já evidenciei várias vezes, e o comentário da personagem que o antecedeu prova, a honestidade e o saber ouvir e aprender, não é para todos. Alguns incrustaram no cérebro ou no que resta dele, que a mentira repetida muitas vezes se transforma em verdade. É democrático!

    Uma vez mais esclareço, que a Companhia que fugiu de Guileje, o fez porque tinha no seu comando um pseudo-militar a quem os PORTUGUESES sempre chamarão de COVARDE.
    Para que todos saibam (pois pelos vistos ainda nem todos sabem), quem não sai para o mato sujeita-se a que o inimigo se vá aproximando do Quartel. É das NEPES. E foi isso que aconteceu até àquela data.
    Para que saibam também, após a fuga, o inimigo só entrou no Aquartelamento ao terceiro dia, pois não tinham reacção de ninguém.

    E FOI UM FARTAR CAMBADA!
    A primeira coisa que fizeram após a sua entrada no Quartel de Guileje, foi beber todo o whisky e restantes bebidas que a tropa tinha na arrecadação.

    Como já disse mais que uma vez, a verdadeira história do Ultramar português há-de ser contada. E digo Ultramar e não Guerra Colonial, como dizem todos os reduzidos de ideia deste País que se chama PORTUGAL. Esta última, começou com o MOVIMENTO DE CONTESTAÇÃO MILITAR EM 25 DE ABRIL/74, e teve origem na busca/manutenção das regalias, que o então Dr. Marcelo Caetano alterou, dando essas mesmas regalias a todos os Oficiais de igual patente (fossem do Estado Maior ou Milicianos), uma vez que esses é que aguentavam e se sacrificavam na guerra, enquanto os outros eram Oficiais de gabinete.
    FOI A GUERRA DO ULTRAMAR PORTUGUÊS! SEM VERGONHA, PORQUE É VERDADE!

    Se calhar, há algumas pessoas que vão ficar indignadas, por ainda haver pessoas dignas neste pequeno País. Mas isso só nos honra.

    Um abraço a todos os PORTUGUESES.
    Orlando Silva
    ex-Alf. Miliciano nº 10412969.

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