segunda-feira, 22 de abril de 2013

O MISERÁVEL “NEGÓCIO” TAP/SATA/GREVES/GOVERNO

O caso conta-se em duas penadas.

    Como se sabe o governo – isto é os senhores que a maioria dos votantes elegeu para nos governar em nome da “Troika” – na sua obediência canina em cortar em tudo o que mexa ou esteja quieto, com excepção dos órgãos que os sustentam e nas clientelas partidárias, decidiu abocanhar uma percentagem variável dos vencimentos dos cidadãos, depois de ter prometido coisas diferentes.

    Mas, ao arrepio do exemplo e à revelia de igualdades e justiças propaladas – para inglês ver – abriram excepções. Afinal sempre há uns quantos mais iguais do que outros…

    São conhecidos os casos da CGD, Banco de Portugal, NAV e TAP, que foram isentos de muitas das penalizações aplicadas ao vulgo, em 2011 e 2012. Note-se que estamos a falar de um grupo restrito, dos mais privilegiados trabalhadores nacionais.

   Este ano, porém, os jovens turcos que se reúnem às quintas - feiras, na R. Gomes Teixeira, decidiram ter uma eructação de personalidade, puseram voz grossa e atroaram os ares com uma decisão de peso: este ano, os cortes de 10% nos vencimentos do pessoal da TAP, SATA, Portugália e SATA Açores eram para ser aplicados!

    As administrações respectivas apresentaram os esgares e as frases, como é de costume; os sindicatos uniram-se todos, e cá vai disto: ameaça de greve na Páscoa.

    Pois, que diabo, não andam todos os outros transportes em greve (apesar de, ainda, não terem levado nada)? E os portos, aquilo é que foi, meses a fio, milhões de prejuízos! (A propósito, alguém sabe como acabou e porquê?).

     As hostes tremeram, ameaça para aqui, queixa acolá. Durou pouco, o governo cedeu logo.

    Afinal os jovens turcos só têm “coragem” de actuar contra os fracos. Afinal são uns cobardes!

    Poder-se-á alegar que foram pragmáticos a arranjar uma solução face aos prejuízos previsíveis. Concedo, passam então a cobardes pragmáticos e não se livram de outros danos.

     Aliás, nunca houve coragem para resolver o problema da TAP que se arrasta desde os tempos do “PREC”, para o que se poderia ter lançado mão das soluções aplicadas à “Suissair” e à “Sabena”. Mas não, ajoelharam sempre perante as ameaças de sindicatos (só na TAP há uma profusão de 14, de todos os quadrantes), sobretudo o dos pilotos, e clientelas partidárias – isto para já não falar nalgumas inverosímeis administrações.

    Por tudo isto a empresa foi acumulando milhões e milhões, de passivo, resultando que o país está a um passo de ficar sem uma companhia de bandeira – que é já um símbolo nacional – e o estado nem sequer alivia a tesouraria, pois se prepara para a alienar por “um euro”, dado que ninguém vai dar dinheiro por uma empresa falida, cujos proventos se esgotam em alimentar vidas de “novos - ricos”. [1]

    Como foi, então, feito o negócio usando de enleio discursivo para enganar distraídos e crentes?

    Simples: os cortes são feitos na mesma conforme a lei, para permitir ao governo salvar a face e a administração da TAP assume a diferença, dando com uma mão o que o governo tira com a outra. [2]

    Não se sabe ao certo de que rubrica sairá o dinheiro para pagar esta diferença agora acordada. Seja como fôr a solução encontrada não pôde ser transposta “tout court” para a SATA e, daí, o Governo Regional dos Açores ter dito que não tinha dinheiro para pagar a operação, o que obrigou a uma maratona negocial de mais de 24 horas, cujos termos acordados se ignoram. E quem, em última análise, vai pagar…

    Não contentes com isto, ainda conseguiram o desbloqueamento das carreiras. Outra excepção.

    Finalmente, para ilustrar a falta de norte e, sobretudo, de vergonha, reinante, queremos denunciar a argumentação por parte de sindicalistas e não só, de que face à “degradação” das condições remuneratórias e sociais, os pilotos e técnicos estão a “fugir” para outras companhias, nomeadamente, no Médio Oriente.

    É preciso ter lata: então e os restantes pilotos das companhias que não têm o Estado com principal acionista? Ou o sindicato só representa a TAP e, agora também a SATA?

    E o livre mercado é só para funcionar quando interessa?

    Já agora, durante décadas a TAP e a SATA, não foram alimentadas por paletes de pilotos e técnicos formados na Força Aérea (FA) e que aquelas companhias receberam de mão beijada e a custo zero?

    Sem dúvida que a sua falta de preocupação por este “pormenor” – que tem esvaído a instituição FA durante anos e anos, causando-lhe graves problemas de índole vária – só tem paralelo na falta de coragem em tentar resolver os problemas por parte da maioria das chefias militares e no olímpico desprezo votado pelo poder político. Uma área, aliás, onde os Ministros da Defesa – se o fossem – podiam ter servido para alguma coisa!

    Aos profissionais da Aviação abrangidos pelo teor deste escrito – contra os quais nada me move e onde conheço excelentes profissionais – pedia que metessem a mão na consciência, tomassem em devida conta as vergonhas existentes e actuem em consonância.

   A situação é imoral? Sim é imoral, mas quem é que, nos tempos que correm, se atreve a chamar imoral seja ao que fôr?

    Inacreditável? De todo, apenas mais um episódio resultante da putrefacção moral, política e social – que gera a lei da selva - em que caímos.


[1] E ainda está para se conhecer um peculiar acordo que terá sido feito, creio que durante o executivo Guterres, com o sindicato de pilotos, relativamente a cláusulas a garantir em caso de eventual privatização da TAP.

[2] Soluções semelhantes têm sido usuais, a fim de garantir a “paz” social, permitindo dizer para fora que não se têm aumentado os vencimentos base.

2 comentários:

  1. Parabéns pela construção deste sítio e pela sua verticalidade! É triste todo o condicionamento que se fez às massas para servir outros interesses que não os da Nação.

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  2. O garoto impreparado do passos coelho só pensa em roubar os trabalhadores e deixa de fora os canalhas que arruinam o país. Peço aos habitantes de Massamá que coloquem mensagens na varanda contra o governo, passos coelho e os bandidos que roubam país, para que ele veja todos os dias o que anda a fazer aos portugueses.

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