Pela Comunicação Social soubemos que as chefias militares tinham condecorado o Dr. João Jardim (JJ) com a medalha militar da Cruz de S. Jorge, em “reconhecimento pelos serviços prestados que em muito contribuíram para a eficácia e cumprimento das Forças Armadas na Madeira” (devia ler-se Região Autónoma da Madeira e não, simplesmente, Madeira).
Fomos ver a data e não, não era 1º de Abril. Beliscámo-nos, e sim, estávamos acordados.
Passado que está o episódio em que o saudoso coronel Lacerda assentou as costuras ao Dr. Jardim, por causa de uns trocadilhos de honra (estávamos em pleno “PREC” e consta que depois ficaram amigos), o Dr. Jardim até que não tem tratado mal a Instituição Militar (sobretudo se o compararmos com a generalidade dos políticos com responsabilidades), e bem gostaria – ao que intuímos – que a presença militar no Arquipélago fosse mais expressiva.
Além do mais cumpriu o serviço militar obrigatório (ao contrário de muitos que foram refratários, desertores e, até, traidores) e guarda do mesmo uma boa recordação de que já fez pública evidência.
Defendeu, ainda, publicamente – outra coisa rara em políticos contemporâneos – que as FAs, a Igreja e a Universidade são os pilares fundamentais da nacionalidade. Por uma das vezes que o fez até lhe escrevi uma carta a elogiá-lo e da qual recebi resposta. JJ é um político hábil e atento…
Por isso não me custa aceitar a relevância dos “serviços” invocados para o condecorar.
Mas, também, não deixa de ser verdade, que JJ tem porfiado em querer fazer drapejar a bandeira da autonomia nos quarteis da Região (o que é proibido por lei – e bem); arranjou um conflito grave com um capitão de Porto do Funchal – que levou a Armada a defendê-lo); tem conseguido trespassar para as autoridades civis algumas instalações onde os militares estavam instalados (de que é exemplo o Forte de S. Tiago e outro sobre o cais onde estavam as antenas das Transmissões) e ainda não desistiu de fazer mão baixa do Palácio de S. Lourenço (onde está instalado o Comando da Zona Militar e o gabinete do “Representante da República” – que JJ anulou, há muito, por acusações de representar o poder “colonial de Lisboa”…).
Há alguns anos atrás terá escrito uma carta ao Ministro da Defesa, de então, em que fazia depender o bom andamento da instalação do radar de defesa aérea que a Força Aérea pretendia instalar no Pico do Areeiro, da satisfação de uns compromissos financeiros para a Região (sempre as finanças…). Convenhamos que, mesmo na Política, não deve valer tudo.
O mais grave de tudo, porém, - e que há - de ensombrar, para todo o sempre, os aspectos positivos da governação daquele, a que numa intervenção infeliz o Dr. Jaime Gama apelidou de “Bokassa”- é a atitude recorrente, insensata e inadmissível, de JJ em acenar com o espantalho da “independência” – como se a Madeira alguma vez o pudesse ou devesse ser.
Ora, isto representa uma ameaça, sem propósito, à secessão daquele que é parte do território nacional português, desde 1418. Faz agora 595 anos.
O Dr. JJ já devia ter sido admoestado severamente pelos órgãos de soberania, a começar pelo PR – a quem JJ, boçalmente, apelidou de “Senhor Silva” (o qual, por acaso e por inerência, é o Comandante Supremos das FAs…) – e contra ele já há muito devia ter sido levantado um processo-crime, pela PGR, ao abrigo do artigo 308 do Código Penal (isso, vão ler, para ver se acordam).
O facto de, até agora, todos os referidos órgãos se terem demitido dessa acção, tal não exclui ou isenta, as chefias militares de tomarem as iniciativas requeridas para colocarem os pontos nos “Is” (mas, após a pouca vergonha que representou o que ficou conhecido por “descolonização” e o que se lhe seguiu, parece que vale tudo).
Numa palavra, não pode haver nenhuma outra atitude que possa ferir mais os brios militares do que um ataque à soberania nacional, por razões que me dispenso de referir.
Repito, nenhuma outra.
Bom, mas em vez de fazer saber a S. Exª (o Dr. JJ), que a Força Aérea, ao fim de duas horas de ser dada ordem, lhe pode enfiar um míssil pela janela da sala onde trabalha, na Quinta Vigia, ou que com um estalar de dedos, um pequeno comando militar o ex-filtra da ilha (mesmo que esteja escondido num “furado”[1] e o colocam nas Selvagens, numa tenda a fazer companhia às gaivotas, em vez disso, dizia, louvaram-no e condecoraram-no, tendo o cuidado de lhe chamar”… homem de honra, de uma só palavra e… patriota”![2]
Será que o CEMGFA ao dizer ter por ele “o maior respeito”, está concordante quanto aos desejos de independência? É que pode parecer.
O Comandante Operacional cessante também usou de menor prudência nalgumas frases mais entusiastas nos elogios ao ainda Presidente do Governo Regional, não só porque não são correctas face à realidade das coisas, como andou nas margens da luta política, o que lhe valeu reparos de forças político/partidárias.
Sempre defendemos que deve haver a maior harmonia possível entre as autoridades civis e militares e outra coisa não faz sentido. Mas, outrossim, tem que haver decoro e Princípios.
E, também, não se deve dizer ou escrever algo que, em consciência, não se acredite ou concorde.
Portugal tornou-se um país de pequenas dimensões e quase todos nós nos conhecemos uns aos outros.
O Dr. JJ é um homem bem-disposto, é pandego e, às vezes, tem graça. Mas já tem idade suficiente para saber que não se deve fazer chalaça com coisas sérias.
Mas, num País há muito virado do avesso e onde a realidade ultrapassa largamente a ficção, ainda me arrisco a ser eu o “mau” da fita.
O que vale é que já estou habituado.
[1] Nome que os ilhéus utilizam para designar um túnel.
[2] A primeira parte deste período poderia ser dispensada por não acrescentar nada de essencial ao escrito. Mas deu-me um certo gozo, escrevê-lo.
Senhor tenente coronel piloto aviador Brandão Ferreira,
ResponderEliminar"Numa palavra, não pode haver nenhuma outra atitude que possa ferir mais os brios militares do que um ataque à soberania nacional,..."!?
Que militares e que brios, senhor Brandão Ferreira?
Instituição Militar sob obediência ao juramento feito à "mãe Pátria" ou aos desígnios do poder político partidário que escolhe a sua chefia superior??
Cabo Verde e S. Tomé diferente da Madeira e Açores?????
Autonomia para a Madeira e Açores e porque não a qualquer outra província de Portugal?
Porque para uns se foi de caravela e para outros de cavalo?
Por um Portugal melhor para todos, bem haja senhor Brandão Ferreira.
Cumprimento cordial.
David Pinto
O Alberto João Jardim não passa de um PALHAÇO que anda a comer à custa da nação há muitos anos.
ResponderEliminarEle e gente como ele são quem mais tem rebentado com isto país.
O fuzilamento ainda seria um castigo leve para toda essa canalha...
Abraço
Meu caro amigo
ResponderEliminarE todos os outros que foram condecorados e deram independência aos territórios portugueses, alguns dos quais virgens de população quando foram descobertos pelos Portugueses.
Estou-me borrifando para o Alberto João, mas é um civil. Outros que são, ou foram militares, colaboraram inteiramente nessas independências e foram promovidos e condecorados.
Para já não falar das condecorações a alguns desertores.
Qualquer dia um sujeito que seja honesto, digno e sério, se o quiserem condecorar, só pode ter uma atitude: recusar a condecoração, porque a companhia de tais condecorados é realmente muito mazinha, e como tal não querer ser confundido com tal gente!!!
Um abraço