Camões
O
Coronel de Infantaria “Comando” Jaime Rodolfo de Abreu Cardoso faleceu a 19 de
Agosto de 2012. O seu funeral ocorreu dois dias depois.
Porque falamos de um cidadão militar, entre tantos outros, que nem
sequer conhecíamos? Por isto: o referido oficial era condecorado com a Cruz de
Guerra de 1ª classe, a Medalha de Prata de Valor Militar, com palma, e a Ordem
Militar da Torre e Espada, por acções valorosas em combate, durante as cinco
comissões de serviço nos teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambique.
Um
cidadão que é condecorado com a Torre e Espada (a mais alta condecoração
nacional), do Valor, da Lealdade e do Mérito, é um herói nacional! E assim deve
ser tido e considerado.[1]
Ora o meu
ilustre camarada morreu voando – uma actividade de que era amante, como em
tempos foi do paraquedismo – num trágico acidente, após descolagem do aeródromo
de Braga. O acidente foi profusamente noticiado na generalidade dos “média”. O
acidente, pois o funeral e a pessoa, passou despercebido a todos…
E nós a julgarmos que tal notícia abriria os
telejornais do dia, dado tratar-se de quem se tratava… Pois se qualquer
mundano, ou mundana, que aparece nas páginas da “imprensa cor-de-rosa” o
consegue!…
Sr.
Ministro da Defesa Nacional, já pôs V. Ex.ª os olhos neste caso? Está,
porventura, preocupado com outras coisas? Pois creia que o desfecho deste
triste evento, representa um verdadeiro problema relativo ao título da função
que desempenha.
Abreu
Cardoso deixou este mundo com as honras da ordenança (minguadas pela triste situação
de falta de efectivos) e com a estima de alguns dos seus camaradas D’ Armas,
mas no olvido de todo o País.
Ele
apenas fez o que devia e a Pátria o que costuma.
Parece
ser sina.
*****
Aliás, problemas
relativos à defesa nacional são o que não falta, pois que dizer de recentes
anúncios passados na televisão (será que era serviço público?), em castelhano e
sem tradução? Quem velará por isto? Porque não se castigam os infractores? Sim
porque isto é (ainda) contra a lei…
Porque
não há um senhor deputado (já nem falo no ministro) que se indigne com
semelhantes actos?
Parece
que ninguém se indigna. Também é sina.
*****
Por falar
em castelhano, que dizer do concurso que corre aqui ao lado da fronteira, para
saber qual “O Melhor Recanto de Espanha”?
Pois
gostaria de alertar os meus eventuais leitores (se é que algum), para o facto
de um dos monumentos que passou aos quartos – de - final, ser a magnífica Igreja
de Santa Maria Madalena, na Vila de Olivença, mandada construir pelo Rei D.
Manuel I, no mais puro estilo manuelino!
Será que
os nossos vizinhos a querem eleger como monumento representativo da sua
cultura, apropriando-se do que é nosso, à semelhança do que já tentaram fazer
com os enchidos de porco preto e as falsificações do vinho do Porto?
É que o
estilo manuelino não representa uma simples escola de arquitectura, é um traço
identitário da Nação Portuguesa.
Fez bem o
prestimoso “Grupo dos Amigos de Olivença” em protestar, aproveitando o ensejo
para relembrar (pela 500ª vez…) que a portuguesíssima Vila de Olivença se
encontra cativa de Espanha, desde 1801, seguramente desde 1807, sem qualquer
dúvida após o Congresso de Viena, de 1815!
No MNE o
silêncio é de chumbo e o MDN pode estar a ouvir falar no caso pela 1ª vez…
De Belém
S. Ex.ª o PR, também não dá indícios de querer lançar o seu republicano
sobrolho sobre tão “ínfimo”, apesar de curioso, assunto que nem sequer importa
a qualquer questão económico/financeira. Não vá incomodar a boa vizinhança,
mesmo à custa da justiça e da soberania…
O que
está em sintonia com o “conselho” emitido de não se criticar “os mercados”, não
vá eles se indisporem…
E a sina
continua.
*****
Insiste o
Governo na redução dos efectivos militares – apenas mais um pequeno crime de
lesa-Pátria – e agora está o MDN ufano por mais um corte de 300 e picos, dos
quais 11 oficiais generais, por ter sido tudo concertado com as chefias militares
(“eles” também já não precisam desses lugares para serem promovidos…). Deixe –
me fazer uma pergunta: caso não fosse isso, verdade – e já houve algumas vezes
em que tal sucedeu – acredita que algum dos chefes viria, publicamente,
desmenti-lo?
Pergunto ainda o seguinte: V. Ex.ª, e presumo
que os seus colegas que se reúnem às quintas- feiras, entenderam reavaliar o
Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN); ora é do CEDN que devem
decorrer os conceitos estratégicos dos restantes ministérios (o que nunca foi
feito), e o Conceito Estratégico Militar, que é o único que existe; por sua vez
é deste último que devem derivar as missões, conceito militar de acção,
dispositivo e sistema de forças; e é em função de tudo isto que são calculados
os quadros orgânicos e restante pessoal, necessários ao correcto funcionamento
das FAs; assim sendo, com que lógica é que os governos estão sempre a reduzir
os efectivos antes, durante e depois, da aprovação de qualquer um dos CEDN até
hoje existentes, incluindo o que vem a caminho?
Não têm
vergonha de terem transformado tudo isto numa palhaçada, tratando-nos como se
fossemos todos atrasados mentais?
E diga-me,
quando os “gatos-pingados” da “troika”, se atreveram a sugerir (ou mandaram
mesmo?), reduzir o número de militares em 10%, também lhes acenaram com o CEDN?
Será que
também passou a ser sina, gozarem connosco?
*****
O Dr.
João Jardim, eterno Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, lá
expeliu mais uma “boutade”, ao dizer que são os “contenenta…is” (convém ler à
madeirense), que querem o separatismo da Madeira (não sei se Porto Santo o
acompanha nesta afirmação, nem o que pensam os mais distantes Açorianos).
Já
escrevemos várias vezes que, na luta política, não pode valer tudo e não se
deve brincar com coisas sérias, muito menos arranjar problemas onde não os há.
É certo
que o Dr. Jardim teve azar em não nascer preto, pois se assim fosse os
revolucionários de 1974/5, tinham-no logo independentizado, mesmo sem referendo
nem nada… Mas que quer, como estava a norte do trópico de Câncer e a Nato
precisava dos Arquipélagos, ficou assim. Não lhe falte a esperança, talvez
arranje uns parceiros berberes ali perto.[2]
Todavia,
os trocadilhos verbais, com “ameaças” à mistura, sobre referendos, autonomias,
separatismos e afins, além de não terem graça nenhuma (mesmo que acompanhados
com poncha), já ultrapassaram as marcas, há muito. E há coisas que não se
dirimem por palavras.
Enquanto
não se faz mais nada sugeria, à PGR, que estivesse atento ao artigo 308 do
Código Penal (Traição à Pátria), e o aplicasse logo que surgisse uma
oportunidade.[3]
Parece
certo que vários cidadãos com nome na sociedade portuguesa, também já deviam
ter sidos julgados pelos mesmos motivos e não foram. Mas tal não é desculpa
para se insistir no erro. A não ser que passe a ser sina.
*****
Como vê
Sr. MDN, mesmo com os poucos casos apontados tem V. Ex.ª bastas razões para se
preocupar em termos de Defesa Nacional, em vez de andar a “chatear branco”, com
racionalizações idiotas ou escusadas, e entretido a desmantelar o que ainda vai
funcionando.
E, por
favor, tire de vez a Bandeira Nacional da lapela e inste com os seus colegas de
equipa para fazerem o mesmo. O direito que tinham a usá-la derivava do facto de
terem nascido nesta terra e não noutra.
Esse
direito perderam-no, pois nada do que têm feito justifica o seu uso. Ponham a
mão na consciência: os senhores e os partidos que representam, por acaso
prosseguem alguma política que seja portuguesa e patriota?
Respondam se têm coragem!
[1] Enfim, tirando aquelas
atribuídas por exercício de função, como tem sido o caso dos Ex-Presidentes da
República… Existem, neste momento, 25 portugueses, vivos, a quem foi atribuída
esta condecoração.
[2]
Os piratas mouros tinham até por costume, quando assaltavam as ilhas que A. J.
Jardim, agora senhoreia, roubar umas moçoilas que, mais tarde, devolviam… grávidas!
[3] Art.º 308 reza assim:
Traição à Pátria/Aquele que, por meio de usurpação ou abuso de funções de soberania:
a) Tentar separar da Mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele, ou
a) Tentar separar da Mãe-Pátria ou entregar a país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele, ou
b) Ofender ou puser em perigo a independência do
País;
É punido com pena de prisão de 10 a 20
anos.
Uma vez mais puramente BRILHANTE. "AH, ouvera mais como o senhor, e este estado de coisasnão se davam". Abraço do MEDINA DA SILVA.
ResponderEliminarHouve uma ocasião, não me recordo quando, essa era uma ocasião, esperava eu que fosse dita uma palavrinha sobre o "milhões", um sobrevivente raro de La Lys, 1ª guerra mundial. (ver Soldado Milhões; Wikipédia, a enciclopédia livre.
ResponderEliminarEm Portugal é assim.
José Rosa
Lamento a morte do nosso camarada - um herói nacional -, que eu não conhecia.
ResponderEliminarSegui as notícias do acidente desde o início, sem terem feito nenhuma referência especial; nas últimas, cheguei a ler "que se tratava de um militar".
O texto do Ten. Cor. Brandão Ferreira é uma justíssima homenagem póstuma e simultâneamente um grito de revolta. É isso que eu sinto: revolta! Há quem insista - pobre gente essa! - em tornar Portugal num país miserável.
O país está infestado de miseráveis!
Sobre os restantes pontos: ficámos a saber como são banais e rasteiros certos indivíduos, com grandes responsabilidades, que deveriam servir de (bom) exemplo e esforçarem-se em dignificarem os cargos que ocupam. Todavia...
Repito: o país está infestado de miseráveis!
... subscrevo: o nosso querido País «está infestado de miseráveis»!
ResponderEliminarE segue-se mote destinado às "últimas da defesa" (parte VI),
para que se não perca a oportunidade de 'desancar' nesta espécie-de "Ministro da Defesa Ibérica", o qual...
- «Aguiar Branco quer defesa militar conjunta com Espanha».
(what the fuck is this...?!?!? )
http://expresso.sapo.pt/aguiar-branco-quer-defesa-militar-conjunta-com-espanha=f751064