domingo, 18 de março de 2012

“É PRECISO QUE O PODER POLÍTICO DIGA O QUE QUER DAS FAs”!...

“Uma Força Aérea sem munições é apenas um aeroclube muito dispendioso”.
Da gíria aeronáutica

“É preciso decidir se queremos ter FAs ou não”!

Estas são duas frases recorrentes, que se ouvem nos últimos 35 anos! Já não há pachorra.

Ultimamente houve mais umas quantas personalidades gradas, que voltaram a por a questão.

Não há pachorra, pois as frases – passe a irresponsabilidade que encerram – querem dizer tudo e não querem dizer nada e não significam grande coisa a não ser um quase encolher de ombros resignado ou um “passar de bola”, que não lhe pertence.

São frases perigosas e não surtem efeito algum.

São ainda, em rigor, uma mentira.

E são uma mentira pois o poder político, com a Nação supostamente representada na AR, aprovou uma Constituição onde está definida a missão – em senso lato – das FAs e o seu posicionamento na esfera do Estado.

Depois, por haver uma Lei de Defesa Nacional e demais Leis que regulamentam o seu funcionamento, dependências e estrutura; o Conceito Estratégico de Defesa Nacional que enquadra a sua actuação e o Conceito Estratégico Militar, que define as missões, a ameaça e o conceito militar de acção, donde decorre o dispositivo e o sistema de forças.

Finalmente existem as Leis de Programação Militar que devem providenciar o armamento, equipamento e munições.

Não falta, pois, definição e enquadramento legal q. b.; isto é claro como água apesar de estar sempre a mudar – o que já de si é mau.

O problema não está aqui, o problema é que tudo isto é uma grande mentira, pois ninguém está interessado em que alguma coisa funcione, mas sim em reduzir tudo à ínfima espécie…

Por isso o diagnóstico está errado: não é necessário definir o que se quer, o que é urgente é consubstanciar e tornar operacional o que se define…Ora é exactamente isto que é escamoteado, constantemente, quer seja por políticos, comentadores, chefes militares, etc.

Estamos, apenas, perante mais uma variante da história do rei que se passeava nú… 

Conhecem algum Ministro da Defesa ou PM, que não tenha repetido qualquer coisa deste género: Que têm muito apreço pelas FAs, que o País precisa de FAs, mas estas precisam ser pequenas (?),bem equipadas (?), modernas (?), bem armadas (?),projetáveis (?), blá, blá, blá. Alguns até acrescentam outros adjectivos de que nem devem saber o significado.

E o que fizeram até hoje? Isso mesmo, tornaram-nas mais pequenas, até já terem um tamanho que deixe de fazer qualquer nexo (mudam os governos mas ficam os 3”R”:reduzir, reduzir, reduzir). Perceberam?

O que é necessário entender a seguir são as razões porque tudo se tem passado assim (porque tudo se tem passado assim!).

As razões são fundas e não posso explicitá-las todas, mas deixo algumas evidências: o embuste e má vontade política; o não querer encarar as coisas importantes para o País em detrimento das trivialidades da luta político-partidária e o império dos negócios; a ignorância e os preconceitos da maioria da “intelectualidade”, sobre estes temas; a espantosa despreocupação da opinião pública, sobre os mesmos e a total incapacidade da elite militar em lidar com todas estas situações.

Cada uma destas razões dava resmas de escrita.

Em conclusão, enquanto não houver uma desgraça qualquer, ou uma qualquer ruptura com o “statuos quo”, não passaremos disto. Porque, em boa verdade ninguém quer passar disto…

Existe, porventura, uma maneira económica, correcta, legal, educada, sensata, de se minorar o estado a que chegámos e, até, simples:

Os chefes militares (não um, mas todos – e com os restantes generais e almirantes com eles), vão ao “Comandante Supremo” e entregam-lhe um estudo de estado-maior, com várias opções, do que é possível fazer (missões a cumprir), com os meios disponíveis (informações, financeiros, pessoal, infraestruturas, armamento, equipamento, munições, etc.), com as respectivas vantagens, inconvenientes e consequências.

De seguida o Governo teria que assumir o que deseja manter e cortar e ir ao Parlamento assumir as decisões perante a população. Aliás, já há muito tempo que isto se devia ter feito.

Só os chefes militares podem provocar isto, pois não parece haver coragem nem interesse, em nenhuma força política - ou outra – em tocar no assunto.

Mais ainda, se o não fizerem, além de irem assistir ao asfixiamento da Instituição Militar (que deviam representar), e à sua desmontagem peça a peça, ainda irão ser acusados de negligência quando algo falhar no futuro, nem que seja por inanidade.

Deixem-se de frases ocas e banais e actuem. Cortar repetidamente na qualidade de vida das tropas é injusto – sobretudo perante os ganhos pornográficos dos “Mexias” cá do burgo – não resolve nada e só chateia “branco”.

Fazer nada, deixou de ser opção.

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