Ninguém gosta de ouvir a verdade, por isso raramente se antecipam os problemas. E para quem quer ganhar eleições os problemas só existem na cabeça dos outros...
Este escrito muito mais do que um artigo é um manifesto. A moda pegou, depois. Mas este foi o primeiro. Não ligaram nada, e continuarão a não ligar até ser demasiado tarde.
Este escrito muito mais do que um artigo é um manifesto. A moda pegou, depois. Mas este foi o primeiro. Não ligaram nada, e continuarão a não ligar até ser demasiado tarde.
A INDEPENDÊNCIA EM PERIGO publicado no "Expresso" de 5 de Janeiro de 2002
Cerca de 30 anos antes, deste "Manifesto" agora muito apropriadamente relembrado por um dos seus ilustres co-autores, também um outro Português de primeira água, (o meu ribatejano de estimação Franco Nogueira) - por ocasião da famigerada "revisão constitucional caetanista" -, fez publicar num calhamaço de 500 e tal páginas, uma série de "avisos à navegação" das elites, e do qual extraí o que se segue (e que aqui deixo à consideração dos visitantes deste blogue):
ResponderEliminar- «Em todas as épocas, as gerações novas esquecem situações e factos passados, e por isso acreditam que estão em face de épocas inteiramente novas e desprendidas do que lhes está por trás, sem antecedentes e sem raízes; e o seu comportamento traça-se, como se as realidades permanentes se houvessem desvanecido e como se os interesses básicos e os objectivos de outros povos, se tivessem modificado.
«Em todas as épocas houve mitos e os de hoje são a "civilização nova em marcha", o "mundo novo em gestação", a "era nova que desceu sobre a humanidade", os "movimentos irreversíveis", a "época da tecnologia", o "diálogo", a "conjuntura", as "estruturas".
«Tudo é erigido em conceito sagrado, cuja aceitação denota espírito rasgado, moderno, progressivo; e cuja rejeição denuncia espírito retrógrado, conservador e imobilista. «Não se repara todavia, que estas inovações são meramente vocabulares e que são lançadas por outros, para esconder ou mascarar os seus propósitos reais; e nisto também não é nova nem original a nossa época, porque em todas sempre os homens sofreram, lutaram e morreram por frases e vocábulos. Mas a cada povo impõe-se apurar se a frase ou o vocábulo, a que no momento seja atribuído curso generalizado, traduzem ideais que correspondam ou se afeiçoam aos interesses nacionais permanentes.
«É essa distinção essencial que a História nos ajuda a fazer; e a sua necessidade é mais aguda, quando os povos defrontam uma crise grave. Joeirar o que é duradouro do que é efémero, e apartar o que é episódico ou provisório do que é permanente, torna-se então vital, se se querem acautelar os interesses e os valores que importam.»¹
¹ (Franco Nogueira, in "As Crises e os Homens" (pp.15/6); Edições Ática, Lisboa 1971)