segunda-feira, 27 de junho de 2011

A DESPEDIDA DO MINISTRO DA DEFESA

Ex MDN, Santos Silva, do PS
Mais um de má memória. Um desastre este consulado!

Cortes em cima de cortes; desconsideração permanente; piadas e informalidades de mau gosto; infeliz despedida do anterior Cemgfa; chuva de demagogia bem articulada; enfim, uma desgraça completa.

Brindou-nos com o “granel” na saúde militar; a vergonha dos congelamentos nas promoções e a inenarrável e achincalhante, inspecção das Finanças, aos Ramos.

Finou-se com a degradação da categoria do Comando da NATO, em Oeiras, para uma função inexpressiva – uma derrota inquestionável do Estado Português.

Saiu, assim, de sendeiro depois de ter dado umas quantas facadas na Instituição Militar (IM). Um “práfrentex” que se prazia de tratar generais por tu (e eles deixavam), e de tecer alegorias de gosto duvidoso. Passamos a vida a aturar políticos absolutamente impreparados para os cargos que lhes são atribuídos, vá-se lá saber porque bulas, e ninguém lhes assenta as costuras.

O homem saiu em beleza:

Chamou os quatro chefes militares, na véspera de ir pregar para outra freguesia (o chefe do Exército não estava tendo enviado o chefe de gabinete) e, depois de mais uma tentativa alegórica (será que ele lê a bíblia?), entre chefes militares e instrumentistas de uma orquestra sinfónica, abriu uma gaveta donde retirou quatro medalhas de ouro de serviços distintos (vá lá que foi sem palma, mas ele também não saberia a diferença), e entregou-as a cada um dos quatro estrelados, cujo “fácies” gostaria de ter visionado, na altura. E eles aceitaram…

A menina que ele escolheu para chefe de gabinete, em vez do major general que sempre assessorou o MDN, certamente não estará por dentro dos meandros do Regulamento da Medalha Militar, nem das regras da instituição, para poder alertar a “malhadora personagem” de que não se distribuem condecorações, nas FAs, como beijos e abraços nas campanhas eleitorais. A ignorância sempre foi atrevida, mas deve haver limites para a imbecilidade.

Mais grave, porém, é a herança que vai deixar para o próximo ministro (é curioso que ambos foram escolhidos para irem à reunião do Grupo de Bildeberg, em 1996) – já aí está outro que não fez recruta e a quem vai ser preciso ensinar tudo – a questão da devolução de dinheiro, que o Ministério das Finanças - mancomunado com o seu colega da Defesa - quer que se faça, referente a promoções ocorridas em 2010, e que consideram ilegais.

As promoções fazem-se, há décadas, segundo regras fixadas em leis e regulamentos e a competência para as fazer também está devidamente legislada – e parece ser isto que está verdadeiramente em causa…

As FAs limitaram-se a cumprir o estatuído do anterior e que se explica em termos simples:

Quando um militar sai do respectivo Ramo para ir prestar serviço fora do mesmo – e há muitas situações destas – dá vaga a qual é preenchida por quem está imediatamente à sua esquerda na lista de antiguidade. O sistema é equilibrado quando os referidos militares voltam ao Ramo e quando não existe vaga, ficam supranumerários, ocupando a vaga logo que esta ocorra. O sistema é bom, está testado pelo tempo e é adequado à expedita gestão de pessoal, os quais estão condicionados pelas imposições da condição militar – não tem paralelo em nenhuma outra profissão.

Ora tudo isto foi posto em causa por um qualquer adiantado mental das Finanças que deve julgar que pode gerir a IM do mesmo modo que os partidos políticos. Ainda por cima querendo passar para a opinião pública o ónus da desconfiança, incompetência e irresponsabilidade. O que representa mais uma agressão gratuita a juntar à desconsideração e desvalorização das FAs consubstanciada na outorga medalhistica ministerial.

Já assisti a um golpe de estado e à queda de um regime politico, por muito menos do que isto.
Repito, por muito menos do que isto.

6 comentários:

  1. Meu caro amigo



    Mais uma vez de acordo contigo!



    Mas é preciso, digo eu, que se perceba, que se diga, que tudo isto acontece, porque infelizmente a maior parte das "chefias militares" perderam a "coluna vertebral", e por isso mesmo, "anadam curvadas" até ao chão, sempre "atentas veneradoras e obrigadas"!



    Depois, as próprias Forças Armadas não têm um serviço que dê a conhecer ao grande público oq ue elas são, para o que servem, e também reponham a verdade nas afirmações que tantas vezes a leviandade política afirma sobre elas.



    Relembro a frase que estava nas paredes no tempo da "outra senhora" e que hoje volta a ser verdade, mas pelso motivos opostos:

    «O Exército é o espelho da Nação»



    Não há dúvida hoje: Tão desacredidatas estão as Forças Armadas como a Nação!



    Um grande abraço

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  2. Caros "Visitantes"
    Relativamente aos eventuais comentários a serem publicados no blog, os mesmos devem seguir as seguintes regras:

    - serem devidamente identificados.
    - não conterem mentiras.
    - não serem insultuosos ou usarem expressões de vernáculo, que as pessoas educadas não utilizam em almoços de familia.

    Espero que não levem a mal, mas só excepcionalmente responderei a comentários, pela simples razão de ter outras prioridades na gestão do meu tempo.

    O blog "Novo Adamastor" é parte da minha "casa" e da minha privacidade. Estimo, pois, que entendam o direito que me reservo de estabelecer estas regras simples, para quem nela quiser entrar.

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  3. Pior do que este que andou no PREC a gritar contra as FA's é dificil!
    Espero que Aguiar Branco saiba engrandecer as FA's!
    Parabéns pelo seu artigo.

    Abel Matos Santos

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  4. Guilherme de Oliveira Martins28 de junho de 2011 às 00:34

    Caro T.Coronel Brandão Ferreira,



    100% de acordo com o seu escrito.


    É efectivamente uma vergonha o comportamento dos políticos para com as FA e pior, o da aceitação dos altos comandos dos enchovalhos por que fazem passar todos os militares! Será que são abrilinos?



    Cumprimentos,


    Guilherme de Oliveira Martinsaigon

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  5. Caro Coronel Brandão Ferreira,
    Eu tinha ficado com a impressão de que o problema das promoções eram as "guias voadoras", sistema que também é bom, está testado pelo tempo e é adequado à expedita gestão de pessoal. Mas o seu artigo esclareceu-me.
    Os meus cumprimentos,
    Jorge Silva Paulo

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  6. Meu TCor, será que o mal estará apenas nos ministros de clara qualidade duvidosa, ou também nas chefias militares? Parece-me claro que nos últimos anos os cargos de chefia militar ao mais alto nível,que deixámos de ter oficiais generais para passarmos a ter, digamos, que uma espécie de diplomatas entre governo e FAs. A verdade nua e crua doa a quem doer é muito simples, estes cargos de chefia militar (marinha, exército e força aérea)é um verdadeiro tacho para o Oficial General que lá chega,quer monetariamente quer pelo prestigio dai resultante, não quero com isto dizer que os mesmos oficiais generais, não tem competência para tal responsabilidade, antes pelo contrário, só que pela própria circunstancia actual do pais, penso que se retraem, e preferem passar o tempo descansados ou longe de problemas, evitando entrar em choque com o governo (o mais certo era serem destituídos do cargo se o fizessem) coragem não lhes falta,pois a maioria destes oficiais generais foram capitães de Abril, ou será que perderam a coragem com os anos????

    Cumprimentos

    Joaquim Marques

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