segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

AS MILITARES DA GNR QUE SE CASAM

Publicado no jornal "O Diabo" de 22 de Fevereiro de 2011

“O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”
Martin Luther King

Era um facto esperado que só admira por tardio. Já estava previsto acontecer logo que a iníqua lei fosse aprovada.

Temos uma sugestão a fazer às jovens nubentes: a nossa cabo deveria convidar o Sr. Ministro entre todos o primeiro, para padrinho, ou mesmo madrinha de casamento – a partir de agora a ordem é arbitrária – já que foi do seu grupo de “alfaiates” de leis, que saiu a proposta de legalidade agora em vigor; e a nossa capitão deverá endereçar o mesmo convite, ao recém-empossado inquilino de Belém, que genuflectiu sobre o diploma apesar de – confissão sua – não concordar com ele.

E que diabo, sempre se respeitava a hierarquia entre praça e oficial; bandalheira sim, mas não tanta!

Idêntico convite deveria ser endereçado ao coordenador Louçã e ao operário Jerónimo, para que, vestidos de meninas imaculadas e uns enfeites no cabelo abrissem o cortejo transportando as alianças; e também, no mínimo, uma participação do evento ao Passos laranja e ao Paulinho das feiras, a fim de poderem espreitar o evento, já que aparentaram vontade de participar na boda.

As paredes nuas do registo civil seriam ornamentadas com um grupo coral constituído por uma escolha de deputados inspirados nos tenores italianos (com voz de falsete), que cantariam árias burlesco – eróticas a quem o mestre maior do Oriente Luso, serviria de maestro. Ámen.

Já sei, sou um reaccionário sem respeito pela “liberdade” alheia que o “progresso” desacreditará. No meu estertor, porém, lamento informar que nem tudo o que se diz e faz é ou tem de ser aceitável, muito menos respeitável e que, para o caso de não terem reparado, também tenho direito a opor-me e, eventualmente, a que me perguntem o que penso, já que se dizem tão democráticos.

Ora nenhuma destas premissas parece fazer vencimento, nem em políticos, comentadores ou na classe dos jornalistas, que é quem filtra as notícias a serem divulgadas para a opinião pública. São assim como uma espécie de comissão de censura gigante, sem coronéis (visíveis) a tutelar. E há quem se lhes arrogue a autoridade de um 4º poder. Resta só saber quem os elegeu…

A campanha nos “média” a favor dos casos de acoplamento de sexos idênticos – a caminho de serem transformados em “géneros”, onde irá parar a esquizofrenia? -, destina-se a tornar o assunto banal e por isso “normal”. E a condicionar psicologicamente a maioria da população o que, diga-se em abono da verdade, têm conseguido. O assunto é até mais grave pois não fica por aqui: é um processo subversivo da sociedade.

Quando a televisão pública, por ex., dedica 30 segundos à tomada de posse do novo Chefe de Estado-Maior General das FAs – logo um acontecimento menor – (e os outros canais, creio, que nem se referiram a tal); e por causa de uma morte repugnante originada numa cena infeliz, sórdida e canalha, de um conhecido pederasta – cuja mais valia conhecida foi a de fazer crónicas sociais, de grande profundidade cultural e metafísica (!), para a imprensa cor de rosa – os telejornais (todos) abriram durante vários dias com a notícia. O que se há-de pensar? E estas notícias não duraram segundos, levaram muitos minutos e repetiam-se à exaustão, enviaram-se repórteres e coscuvilhou-se de tudo um pouco.

Isto não tem nada a ver com a sacrossanta liberdade de informação: isto merece a maior censura social porque é um nojo. E, no fundo, é como no casamento das “senhoritas”: tentar transformar vícios privados em públicas virtudes.

Filosofemos.

É por estas e por outras que, enquanto os povos sujeitos a ditaduras, aspiram à democracia (mesmo sem saberem muito bem o que isso é), nas democracias, ao fim de algum tempo, sobretudo nas que se deixam degenerar nas regras e na moral, os povos começam a pensar em ditadura! Infelizmente, a solução não está em nenhuma delas (isto depois de se terem inventado e testado numerosas ideologias e formas de governo, à esquerda e à direita, falhando todas!).

A solução está na escolha representativa dos homens bons, íntegros, capazes e desprendidos, que sejam pelo bem comum e que sejam colocados nos lugares de responsabilidade. Quando, raramente, isso acontece os povos prosperam, a justiça aperfeiçoa-se, a vida melhora.

No fundo, trata-se da eterna luta entre o Bem e o Mal. Luta essa que nenhuma religião, também, conseguiu “resolver”, sem embargo das teologias existentes – que também lutam entre si – e que, sem excepção postergam a solução final para o que acontecer depois da morte…

Verificando-se que a vida na terra – inserida no cosmos – consubstanciada nas leias da natureza, o que engloba os seres vivos e inanimados, a geografia, o clima, etc., vivem em equilíbrio e geram o equilíbrio, não deixa de ser assaz perturbador constatar que o homem constituiu-se no único e extraordinário perturbador das leis naturais. É o único ser vivo que pratica a guerra; depreda até à exaustão os recursos naturais; altera o clima; quer mudar as leis genéticas; é capaz de matar a sua descendência ainda antes desta nascer e mesmo não acreditando em Deus intenta desafiá-lo no seus poderes e competências…

E passou a estar de tal modo centrado no seu “eu” que deixou de perceber porque é que uma zebra fêmea não se satisfaz sexualmente com outra fêmea até porque isso representa romper com o equilíbrio da espécie.

E não se querer perceber, ainda, a gravidade que um comportamento semelhante tem numa Instituição Militar é algo de que já não me ocuparei hoje. Já filosofei demais.

6 comentários:

  1. Tenho recebido muitos comentários a os meus textos sem estarem devidamente identificados. Lembro que a identificação (e não pode ser apenas um nome),é condição indispensável para a publicação dos mesmos.
    Cumpts
    Brandão F.

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  2. Meu caro TCor antes demais permita-me dar-lhe aqui os meus parabens pela frontalidade e coragem pelas suas opinioes livres e sinceras e que muito doem a muitas pessoa, mas isso são outros casos.
    Em relação a este artigo acho realmente que o meu TCor tocou nos pontos sensiveis e muito preocupantes, realmente mal deste pais quando o casamento de duas cidadãs (apenas mediatico por usarem farda) se torna alvo de maior atenção do que a tomada de posse do CEMGFA, infelizmente as nossas forças armadas estão a tornar-se em tudo menos no que deviam tornar-se e representar como a ordem, o rigor, a disciplina, o aprumo, a justiça, desde que acabou o SMO que realmente as FA (bem aqui talvez seja um pouco injusto referir-me na generalidade, por isso vou basear-me no exercito, onde prestei serviço entre MAI03 e OUT10 tendo saido como 1º cabo)se transformaram em simples empresa, doa a quem doer e a verdade, hoje em dia o comando militar em exercicio preocupa-se em arranjar numeros que justifiquem a instrução militar, não sendo obrigatorio, e para que os meninos e meninas com 18 anos acabados de sair da escola, ou vindos dos centros de emprego por serem preguiçosos e so quererem a vida militar pq e uma boa maneira de receber dinheiro e não trabalhar, dp acontecem casos que eu vi de capitões e majores por exemplo a darem ordens simples a soldados e estes simplesmentes se recusam porque não lhes apetece.
    temos uma hirarquia fraca, e não so na vida militar, mas na sociedade em geral, falando de politica acho que nem e preciso dizer nada para nos apercebermos das incriveis incompetemcias dos nossos excelentes governantes, que apenas se governam a eles proprios, primeiro com brutos ordenados, dp chorudas reformas e por fim criação de empresas para as quais vao trabalhar como administradores dp de sairem da vida politica ganhando mais uma vez quantias exorbitantes, depois temos os nossos comandos militares que em certo ponto tambem se misturam com politica, ha muito tempo que não vejo um general de 4 estrelas defendendo os militares. e por fim temos o conformismo a que nos habituamos desde os oficias aos sargentos e praças, tenho mil e uma situações a que me poderia referir que de tão comicas de certeza que teriam lugar numa bela comedia do teatro portugues, infelizmente são situaçoes do dia a dianos nossos quarteis, não quero de maneira nenhuma com estas palavras ofender as forças armadas das quais sai recentemente por imposição legal, com tres louvores, medalha de comportamento exemplar e os mais variados elogios da parte dos meus camaradas e superiores. mas entendo que se esta a tomar um rumo em direcção ao abismo, as forças armadas e o país em geral precisam de homens e mulheres com menos "politiquice correcta" e mais "tomates" no sitio, precisamos de actos e não de aberturas solenes, cerimonias e protocolos, se me permite a ousadia, Portugal precisa de homens como o meu TCor que bem sei que por essa sua personalidade directa e frontal por vezes teve dissabores, mas sei que nunca se arrependeu, porque a palavra e a honra de um homem e o que nos define pela vida fora, o meu bem haja.

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  3. Sr. Cor
    Curiosamente o seu testo chegou-me as mãos, através dum camarada, mas há 2 questões que me apoquentam.
    1-Tenho ideia que no meu tempo, os oficiais não podiam casar com inferiores, se bem que mulheres nas F.A., só as enf. PQ, que eram todas Alferes, e as agentes da PSP.
    2-Como será o relacionamento com a hierarquia, e com os camaradas directos, no serviço?.
    A Capitão vai poder ir á messe de soldados almoçar com o(a) marido(a), ou vai a Cabo almoçar á messe de oficiais ter com o(a) esposa?
    Enfim, isto é confuso.
    Atenciosamente, sou
    Carlos Coutinho
    ccbitton@gmail.com

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  4. Sr Tcor não vou sequer comentar as suas sujestões sobre a cerimónia nupcial das nubentes.
    Mas vou directamente aos pontos que muita gente certamente colocará!
    Porque entende o senhor que uma praça não deve poder casar com uma oficial? O senhor pretende que os casamentos entre praças e oficiais sejam todos anulados ou só os do memso sexo? E no que isso pode impede os valores profissionais que cada pessoa deve de ter para servir nas forças armadas?

    Certamente também não aceitará comentários no seu post de praças ou sargentos, visto que entre hierarquias não há comunicação informal, mas fica aqui a minha tentativa.

    Concordo, que os média dão demasiada importãncia ao assunto, mas não pelo facto do casamento ser menos digno do que outro casamento qualquer, mas porque os militares são seres humanos, pessoas com direitos e deveres como qualquer outros, e não faz parte da hierarquia e da disciplina militar policiar com quem cada um casa.Logo isso deveria ser um não assunto.

    Para terminar gostaria de lhe deixar o art.º 13.º da CRP . Exactamente aquela que os militares juram defender no seu juramento de bandeira - embora depois sejam muito selectivos na hora de o aplicar, esperando que aprecie a leitura :

    Artigo 13.º
    Princípio da igualdade
    1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

    2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

    Castelo Bento
    (sargento)
    continências !!!!

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  5. Numa simples palavra:
    BRILHANTE, como sempre.
    Abraço
    Medina da Silva

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  6. você diz "...sou um reaccionário sem respeito pela “liberdade” alheia que o “progresso” desacreditará"... será que o que queria escrever não era "... sou um estupor de mente fechada que tenta lutar para que o país se mantenha num passado histórico e que ninguém possa ser feliz"???

    Meu caro... evolução... liberdade... democracia... direitos... vida pessoal de cada um... algum destes conceitos lhe diz alguma coisa?

    O facto de 2 PESSOAS (seres humanos) casarem não afectará certamente em nada o seu relacionamento profissional! Ou será que se a sua esposa entrasse agora para praça na Força Aérea você iria almoçar com ela na messe de praças durante a sua recruta ou ela consigo na messe de oficiais? Será que você não a trataria como praça? E isso faria de si um mau marido ou um mau militar?

    Deixo aqui um ultimo pensamento: O que cada um faz da sua vida pessoal (com quem casa ou de quem se divorcia) unica e exclusivamente aos envolvidos diz respeito. Se você tem a liberdade de opinar sobre a vida privada dos outros também os outros terão a liberdade de viver as suas vidas conforme decidam, sem que a opinião publica influencie em nada essas decisões.

    Sem qualquer problema em me identificar,

    Nuno Filipe da Cunha Pereira
    http://www.facebook.com/nunpreira
    nfilipec@hotmail.com

    P.S. - se quiser mais avise e até o meu número de identificação fiscal, de bilhete de identidade, de identificação militar e de telefone lhe forneço!
    Bem haja!

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