terça-feira, 30 de junho de 2015

A TRANQUIBÉRNIA DO COSTUME

“Um povo que tenha a coragem de se manter pobre é invencível.”
Oliveira Salazar


A Fundação Oriente promoveu no passado dia 11/6/2015 uma conferência sobre o presente e o futuro da União Europeia (UE).

Em boa hora o fez, pois se há assunto que mais afecte a nação portuguesa, e os portugueses menos noção tenham do que está em causa, é justamente este.

Foram oradores a Deputada do Parlamento Europeu Dr.ª Maria João Rodrigues (PS) e o conhecido eurocéptico – se assim lhe podemos chamar – Prof. João Ferreira do Amaral.

A moderadora foi a conhecida jornalista e “especialista” em assuntos europeus, Dr.ª Teresa de Sousa.

A Dr.ª Rodrigues, que tem uma boa presença e excelente dicção, fez uma exposição dos pontos que considera relevantes de uma forma clara e bem estruturada de pendor favorável (embora não optimista) à manutenção da “União”, não apresentando, porém, grandes saídas para os actuais impasse e cacofonia, existentes.

O Prof. Amaral expôs os seus conhecidos pontos de vista críticos relativamente à UE e sobretudo relativamente ao euro, chegando a considerar a hipótese de Portugal, dever não só equacionar a saída do euro, mas também da própria UE (o que ouvimos pela 1ª vez), visão com a qual concordamos e só peca por tardia.

O Prof. Amaral fala pausadamente e com critério, o que é bom, mas falta-lhe viço e emoção, pelo que o seu discurso sai pouco apelativo; as ideias força dificilmente impressionam o negativo da mente e a poucos arrastará com o seu discurso.

A Dr.ª Teresa de Sousa está uma sombra do que já, certamente foi, mas não se limita a ser moderadora, intervindo e opinando sobre tudo um pouco.

O seu comportamento faz jus, aliás, à designação de “fundamentalista” da União Europeia, expressão que se me afigura feliz para a caracterizar.

Em todo o debate, porém, incluindo a assistência que interveio, todos laboraram num equívoco que foi o de falar na “Europa” como se tratasse de algo que vá para além de uma realidade geográfica – e mesmo sobre os limites desta, está longe de haver consenso…

Isto é, todos assumiram estar a falar de uma realidade política, quando pelo menos em termos da ciência política ninguém se atreve a dar-lhe uma designação como actor político na cena internacional.

Mas não é nestes aspectos que pretendo focalizar a ponta da caneta, embora não possa deixar de reafirmar, que todos os cenários previsíveis para o futuro desta pretensa UE, serem maus para Portugal e o nosso país dever procurar rapidamente uma estratégia de sobrevivência fora do referido âmbito.

Pretendemos, outrossim, focarmos num comentário que a citada moderadora fez a uma pergunta (pertinente) de um compatriota da assistência, sobre o equacionamento de outros cenários onde o nosso (ainda) país de pudesse mover, chamando a atenção para a centralidade atlântica e ultramarina da maioria da nossa História.

A Dr.ª Teresa antes de passar a pergunta, farpou-a a despropósito e, agastada, afirmou que em 1974, o país “era pobre, para já não falar na falta de liberdade”…

Oh Dr.ª Teresa…

Então nós, como país devemos “aliar-nos” ou fazermos opções políticas para ficarmos mais ricos? Eu julgava que era por razões de geopolítica e de geoestratégia!…

E, se até Maastricht, a CEE/CE, se podia considerar uma aliança, a partir daquele tratado a “aliança” ficou para trás, a fim de se tentar a integração. Ou seja elevou-se o patamar das intenções para tocar os aspectos verdadeiramente relevantes e sensíveis, que são aqueles relacionados com a soberania e o próprio carácter dos povos.

Já percebi, pelos vistos a Dr.ª Teresa não se importa de matar a própria mãe, para ficar rica…

Ser rico está acima de tudo? Ser rico é algum ideal de humanidade? Ser rico tem a ver com o Bem, com a Justiça, com a harmonia da sociedade? Com o Belo? Com a Moral?

Ser rico é, para a Dr.ª Teresa, um fim teleológico?

Ficámos pois a saber que a Dr.ª Teresa quer ser rica ou, pelo menos, não quer ser pobre.

Seguramente, que se sentia pobre em 1974 - gostava também, que me dissesse se nalguma altura fomos ricos...

*****

Vejamos, pelas minhas contas, em 1974, a economia do país, crescia a 7% ao ano (Angola e Moçambique cresciam mais); o escudo era a sexta moeda mais forte (e respeitada) do mundo; nos cofres do Banco de Portugal, jaziam cerca de 850 toneladas de ouro e 50 milhões de contos, em divisas. Havia paz social, apesar de rebentarem umas bombas, de quando em vez, accionadas por umas duas ou três “associações filantrópicas” de inspiração comunista, que sobreviviam.

As contas estavam equilibradas desde 1929/30 (apesar da crise de 1929 – “crash” da bolsa de Wall Street); da crise da Libra, de 1931; da Guerra Civil de Espanha e da II Guerra Mundial; lançando-se ainda as bases para a industrialização do país, que teve início a partir do Plano de Fomento de 1951 – o que acontecia pela 1ª vez desde Afonso Henriques…[1]

Tudo isto note-se, feito com meios próprios, sem qualquer tipo de ajuda externa (Plano Marshall, por exemplo) e com parco recurso ao crédito externo – sempre pago a horas – e com pouquíssimos casos de corrupção ou “derrapagens” de prazos, conhecidos.

Assim chegamos a 1974 em que a Dr.ª Teresa se sentia pobre e com falta de liberdade, lembrando ainda que como pano de fundo, o país mantinha cerca de 230.000 homens em armas, espalhados por quatro continentes e três oceanos, 130.000 dos quais lutavam vitoriosamente e com garbo, em três teatros de operações enormes, separados ente si e a base logística principal (que era a Metrópole) por milhares de quilómetros!

Um “pormenor” que provavelmente escapou à perspicácia (e pesporrência) da Dr.ª Teresa de Sousa.

*****

Mas eis que se ultrapassou o ano de 1974 e a citada senhora passou a sentir-se (depreende-se) rica e libertada.

Contudo, vendo bem as contas (e as coisas), estas não devem ser as do rectângulo florido (a cravos) à beira mar plantado – mas agora de costas voltadas para o mesmo e só com olhos postos em Bruxelas!

A “Liberdade” pelos vistos é má administradora pois, num ápice, isto é, em 1978, já o país estava em bancarrota e com uma intervenção do FMI, a que se seguiu episódio semelhante, em 1981.

As divisas foram-se; o dinheiro para as pensões delapidado e da pesada herança em ouro, restam agora 382 toneladas (nunca foram apresentadas contas da sua alienação) das quais o Banco de Portugal não pode dispor, pois estão “hipotecadas” ao euro!

Sim ao euro, já que ficámos sem a tal 6ª moeda mais forte e respeitada do mundo, coisa que nem a Dinastia Filipina se tinha atrevido a fazer!

O povo, ou parte dele, também anda muito satisfeito, sendo rara a semana desde então, em que não houve uma greve ou manifestação….

Entretanto entrámos para a CEE, em condições de extrema fraqueza, em 1986 – ao contrário de 1973, em que negociámos um tratado de comércio altamente favorável - sem debate que se visse e sem referendo, mas engalanando em arco: estávamos (finalmente!) sentados à mesa dos ricos e os nossos problemas estavam resolvidos!

Trabalhar e organizarmos em conformidade não estava, obviamente, na equação. Para quê maçar os portugueses com estes preciosismos, devem ter pensado os adiantados mentais que nos meteram neste imbróglio…

Ainda tramavam a demagogia do voto através do qual o povo, embriagado de liberdade, tratava do seu destino!

Foi assim, não foi, Dr.ª Teresa?

E ainda havia a NATO, que nos defenderia de qualquer eventualidade, obviamente descartada para o símbolo das impossibilidades – esquecendo convenientemente, que para sermos parte de uma Aliança também temos de contribuir para ela…

Ora, como ainda por cima já não tínhamos “colónias” e não havia ameaças, as Forças Armadas (essa “Instituição anacrónica”) não eram precisas para nada.

Desta forma começam a destruir a Instituição Militar estando o processo em vias de conclusão, no mínimo, bem encaminhado.

O mesmo caminho levou a Diplomacia.

Ora com a entrada para a CEE começou a chover dinheiro fácil, de vários programas comunitários, que a falsa elite tuga entendeu como oportunidade de negócio e promessa de caça ao voto, em vez de os aproveitarem para o que se deviam destinar, ou seja para serem usados parcimoniosamente no desenvolvimento do país e na reestruturação do Estado.

Em vez disso o país corrompeu-se e deixou-se corromper entre “fugas” para a frente, irresponsabilidade, negociatas ilícitas e na monumental estupidez de se pensar que tudo não passava de almoços grátis; que os recursos eram ilimitados e, ou, quem viesse atrás que apagasse a luz e fechasse as portas…

A classe política que desgovernou o país – originária na ditadura dos Partidos Políticos – é, sem dúvida, a que maior responsabilidade tem em tudo isto e o regime/sistema dito democrático implantado, entre sequestros e loucuras várias, nos idos de 1975/76, tem-se mostrado tão competente, que até faz com que o povo vote na sua própria destruição e no desaparecimento do País!

Mas, ao fim de 20 anos de entrarem nos cofres do Estado, cerca de dois milhões de contos/dia – uma soma astronómica que bate tudo o que trouxemos da Índia, do Brasil e de África, por larga margem e que nem sequer custou trabalho, vidas e fazenda a ir buscar – o país entrou novamente em bancarrota, ficando sujeito à humilhação não da bota cardada de algum exército inimigo, mas à muito pior vestimenta de veludo da “Troika”, a qual à pala de nos baixar os juros dos empréstimos que passámos a contrair desenfreadamente, empobrecerem a população em geral – obrigando, entre muitas outras, à inaudita medida do corte das pensões, medida esta que não lembraria nem ao pior Sátrapa do antigo Império Persa.

E não se ficaram por aqui: os “homens de fraque”, a mando de rostos invisíveis, obrigaram à alienação liberal de empresas e património, que já deve ir no valor de cerca de 40 mil milhões de euros, para mão estrangeiras.

A última vai ser a TAP e os transportes públicos de Lisboa e Porto, que a bandalheira de sindicatos e administrações, de mãos dadas com a pusilanimidade dos sucessivos governos, provocaram a acumulação de um passivo de biliões de euros!

E, Dr.ª Teresa, ao contrário daquilo que o governo do Professor Salazar que a senhora indecorosamente abomina, mas que conseguiu recuperar, nos anos 30 e 40, quase tudo o que estava em mãos estrangeiras, aqui e no Ultramar (portos, caminhos de ferro, carris, telefones, etc., etc.), nem daqui a 200 anos o que agora se foi, terá hipóteses de retornar à lusa gente.

Aliás, daqui a 200 anos ainda vamos estar a pagar a dívida entretanto contraída e que não pára de crescer. A tal dívida com que a senhora julga que ficou rica…

Nessa altura os descendentes da Dr.ª Teresa, se é que algum, hão-de estar riquíssimos e inchados de liberdade. Tenha esperança!

Isto claro, se entretanto uma multinacional preta, amarela, branca, árabe, assim-assim, etc., não tenha comprado já o país todo e a Dr.ª Teresa já nem um metro quadrado de terreno disponha para plantar cenouras e assim ficar com os olhos mais bonitos.

Ou, até, que o grande capital internacionalista, em grande parte de inspiração (e usufruto) sionista, onde aparecem aflorações de índole reformista, consigam impor um governo mundial de que já não têm escrúpulos em falar (não é Dr. Durão Barroso?) e de que a UE aparenta ser uma peça importante do puzzle (estando a posição da Alemanha e da Rússia novamente a baralhar essas contas - ironias do destino…).[2]

Ou seja, Dr.ª Teresa, O actual regime político, depois de deixar alienar num ápice, cerca de 95% do território e 60% da população portuguesa – semeando guerras civis por todo o lado, que provocaram perdas estimadas entre um e dois milhões de mortos -, nada fez com riqueza que criou, já que tudo o que realizou desde o 25/4, foi feito com os bens que herdou, recebeu de bandeja de Bruxelas e, ou, pediu emprestado.

É difícil ser-se mais incompetente em qualquer parte do mundo!
 
*****
Agora a Liberdade.

Não sabemos o que a Dr.ª Teresa entende por liberdade, mas sempre lhe quero dizer que esta, sendo um bem absoluto – por isso intangível – tem aplicação relativa.

Em termos comezinhos, tal quer dizer que a liberdade de cada um acaba quando colide com a liberdade do outro; que há vários “tipos” de liberdade e que há, até, hierarquia na liberdade.

A liberdade individual é para a Dr.ª Teresa mais importante do que a colectiva?

Como em tudo na vida, tem que ter regras que disciplinem e harmonizem as coisas, à luz da evolução dos conceitos morais de cada época.

O que é uma procura de sempre, mas não significa seguramente, cada um fazer o que quer. O que está sempre limitado pelo Direito Natural – conceito combatido por racionalistas, jacobinos e positivistas - e que quase desapareceu da escola, da família e da sociedade; pela Moral, pela Ética e pelas leis.

Estou seguro que, a agora moderadora, está também ciente de que em metade dos países da UE, existe o delito de opinião sobre certas matérias. Como vê uma medida muito democrática e respeitadora da liberdade…

Presumo que a Dr.ª Teresa já não seja do tempo daquele senhor que quando ouvia gritar por liberdade, ia à janela ver quem a turba levava preso, mas sempre lhe digo que este meu escrito tem 5% de hipóteses de alguma vez ser publicado, lido ou debatido, nos meios onde a senhora se movimenta e debita.

Do mesmo modo que, presumo, jamais entenderá(ão) a profundidade da citação do extraordinário estadista, que abre o texto, até porque todos, pelos vistos, querem ser ricos - o que está longe de significar, ter uma boa existência!

E ser “invencível” é superar as contrariedades e perseverar como nação independente e individualizada no concerto e desconcerto da Humanidade.

É isso que garante verdadeiramente a liberdade de todos nós e com isso as liberdades individuais.

A Dr.ª Teresa é livre de deixar a Nação dos Portugueses, mas já não lhe reconheço o direito, e por isso a liberdade, de querer acabar com a mesma.

E quando uma parte substancial das pessoas se começar a aperceber disto – e por toda a Europa já começaram – não há UE que resista. Dá guerra.





[1] Os afloramentos de desenvolvimento industrial tentados pelo Conde da Ericeira, pelo Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo e Alfredo da Silva, comparado com os planos de fomento dos anos 50 e 60 do século XX, podem apenas ser considerados de incipientes.


[2] Fukuyama, Fukuyama, não voltes, pois não estás perdoado!...

segunda-feira, 15 de junho de 2015

NO RESCALDO DO 10 DE JUNHO DE 2015. HOMENAGEM AOS COMBATENTES DA PÁTRIA: UM DEVER DE SEMPRE

As Forças Armadas são o poder executivo da consciência nacional, o braço da Pátria, a Nação em atalaia, a vigilância dos berços, o resguardo dos túmulos, a segurança do presente e do porvir. Nobreza não há maior que a da sua missão”.
Rui Barbosa, 1938.

As últimas campanhas militares ultramarinas portuguesas – ultramarinas porque se desenrolaram em terras onde os portugueses se estabeleceram além-mar – tiveram início no Estado Português da Índia, em 1954, quando se reforçou aquele território militarmente, por a ameaça assim o justificar; continuaram em Angola com o deflagrar do terrorismo, em 1961, e na Guiné e Moçambique, respectivamente em 1963 e 1964, com o início da guerrilha.

Pelo caminho ficou a mesquinha ocupação da fortaleza de S. João Baptista de Ajudá, pelo Daomé, em 1 de Agosto de 1961 – facto de que já ninguém se deve lembrar – e o reforço de todos os restantes territórios, como precaução, havendo a registar uma séria alteração da ordem pública, em Macau, em 1966, no auge da revolução cultural maoísta.

Directa ou indirectamente ligados a todos estes eventos, foi ainda necessário intervir ou fazer face, aos acontecimentos resultantes da secessão do Catanga, entre 1960 e 1963; na guerra do Biafra, entre 1967 e 1970 e ao bloqueio do Canal da Beira, por parte da Inglaterra a partir de Janeiro de 1966, na sequência da independência unilateral da Rodésia.

Na Metrópole teve ainda que se fazer frente, a partir dos anos 70, a um conjunto de atentados violentos e propaganda subversiva, por parte de algumas organizações clandestinas de orientação comunista e que visavam protestar e, objectivamente prejudicar o esforço de guerra em que a nação estava empenhada.

A soberania portuguesa terminou de forma dramática em Goa, Damão e Diu, em 19 de Dezembro de 1961, após ocupação “manu militari” do nosso território, por parte da União Indiana, resultante de uma vergonhosa invasão militar, sem declaração de guerra, à revelia do Direito Internacional e do normal convívio entre povos do século XX, e sem que a mais pequena réstia de razão o justificasse.

A luta nas restantes frentes desenrolou-se, vitoriosamente, em termos de guerra de guerrilha de baixa intensidade, até que os acontecimentos ocorridos em Lisboa, em 25 de Abril de 1974, quebraram psicologicamente a vontade de continuar a luta.

A extrema incompetência, ignorância e ingenuidade com que os autores do golpe de Estado então ocorrido, actuaram, fez com que rapidamente o poder caísse na rua; lançou o país no caos político, económico, social e financeiro, quebrou a disciplina e a confiança nas Forças Armadas e fez desmoronar todo o aparelho político/ militar nas quatro partes do mundo onde flutuava a bandeira das quinas.

O resultado foi a outorga do poder às forças marxistas – e só a essas – do poder político em todo o ultramar de uma forma atrabiliária, o que impediu qualquer tipo de autodeterminação minimamente organizada e que respeitasse fosse o que fosse. As independências surgiram assim, de qualquer maneira e em catadupa, por todo o ano de 1975 o que resultou, durante décadas, nas abominações mais indiscritíveis.

Macau foi excepção a esta debacle, não porque o desvario que corria em Lisboa o quisesse, mas porque a China milenar impôs a sabedoria dos antigos.

Na parte europeia de Portugal, chegou-se nesse ano às portas da guerra civil, evitada “in extremis” por alturas de 25 de Novembro de 1975.

Timor ficou ainda a pairar como uma chaga viva na consciência nacional, durante os anos que durou a ocupação indonésia, ocupação essa de que nós fomos, senão os únicos, pelo menos os principais responsáveis. O que se passou por causa disso, na sociedade portuguesa assemelhou-se a uma catarse de expiação de culpas, colectiva.

O período histórico em que tudo isto se passou, entre Abril de 74 e Novembro de 75, foi um tempo muito curto, mas olhando para toda a História de Portugal, não vislumbro nenhum outro, de tanta ignomínia e que tantos danos causasse.

Assim regressámos às fronteiras medievais europeias sem lustre e sem glória, depois de uma debandada de pé descalço – como lhe chamou o insuspeito Professor António José Saraiva.

A Nação dos portugueses não merecia que as coisas se tivessem passado desta maneira.

Muito menos, o cerca de milhão de homens que combateram abnegadamente nos quatro continentes e mares em que o território nacional de então se espalhava e que carinhosamente foram apelidados de “os melhores de todos nós”.

*****

“Pelo que toca a nossa pessoa não fico em cuidado, porque por cada pedra daquela fortaleza arriscarei um filho… Eu vos ponho no caminho da honra, em vós está agora ganhá-la”.
D. João de Castro
(A seu filho enviado de socorro a Diu durante o Segundo Cerco, 24Abr1546)

Não mereciam estes, nem os anteriores que lutaram por ideias e interesses que fazem parte da matriz nacional portuguesa desde a I Dinastia, alguns dos quais levaram a um combate de 600 anos – tantos quanto durou a diáspora portuguesa.

Esta é a primeira reflexão que vos proponho: nós não andávamos nisto há meia dúzia de dias, não o fizemos de ânimo leve e tal nunca teve a ver com regimes, pessoas, interesses de grupo ou sistemas políticos.

Não foi uma ideia de um qualquer rei louco; de corsários, ou aventureiros; de “lobies” económicos ou interesses mesquinhos. Foi obra de toda a Nação – da Coroa, dos Nobres, do Clero e do Povo e teve uma ideia transcendente como referência; a globalização espiritual do império de nosso Senhor Jesus Cristo, através da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo.

É tudo isto e a maneira superior dos portugueses em se relacionarem com os outros povos que explica a especificidade da colonização portuguesa e o modo como organizávamos e sentíamos os nossos territórios e as gentes que sempre procurámos integrar na coroa portuguesa e não descriminar.

*****

“As praças D’el - Rei D. João IV, nosso senhor, não se rendem senão depois de todos mortos!”
Palavras que D. Pedro de Menezes, Capitão-Mor da Fortaleza de Massangano, dirigiu aos seus soldados no mais aceso da luta contra um ataque holandês.


A segunda reflexão que vos queria propor tem a ver com a escala dos ataques exteriores de que Portugal foi sujeito, que desembocaram nestas campanhas, e que modernamente foram explicados pela falácia dos “Ventos da História”.

Basicamente desde o início da Nacionalidade até à perda da independência, em 1580, Portugal contou apenas com dois inimigos que se podem classificar de clássicos: a Moirama e Castela; tendo de se fazer ainda frente, a partir do século XV à guerra de corso movida principalmente por franceses e ingleses.

Porém, a partir do domínio filipino, Portugal veio a herdar todos os inimigos da coroa espanhola, pelo simples facto de Filipe I como Rei de Espanha não poder estar em guerra com vários países e como Rei de Portugal, poder gozar a paz. E foi assim que passámos a ser atacados por povos do centro e norte da Europa.

Os judeus, que tinham sido bem tratados em Portugal até D. Manuel I, passaram a guardar inimizade ao nosso País após a sua expulsão, em 1496 e posterior perseguição pela Inquisição.

No século XX, a URSS tornou-se nossa inimiga política, por razões ideológicas e nunca perdoou ao estado português o facto de ter ajudado a derrotar as forças republicanas durante a guerra civil espanhola. Isto significa o empenho que colocou no apoio à autodeterminação dos povos e o anti colonialismo (leia-se dos povos que estavam debaixo do domínio político das nações da Europa Ocidental e apenas dessas) – e entre estas estavam englobados os territórios portugueses. Conceito que tinha sido posto em marcha após o fim da II GM e do início da Guerra Fria, de que passou a ser uma forma indirecta de a travar.

A este desiderato juntaram-se os EUA, a fim de tentarem subtrair os novos estados ao controlo da União Soviética, ganharem acesso a fontes de matérias-primas e a posições estratégicas relevantes, e por preconceito político/social, já que eles próprios tinham sido uma colónia.

Chamaram a isto os “Ventos da História”, que tinham muito mais a ver com a substituição de soberanias do que com a autodeterminação dos povos.

E farão os leitores o favor de reparar, que os ventos da história são sempre soprados por quem tem o poder na altura, no sentido dos seus interesses e não por causa dos eventuais princípios filantrópicos que proclamam.

Portugal tem sido amiúde vítima, destes “ventos”, por uma razão muito simples: as grandes potências do mundo jamais perdoaram a uma pequena potência como Portugal, se tenha alcandorado a tão grande grandeza histórica e territorial e sempre que puderam, aproveitaram-se das circunstâncias para nos depredar.

Foi isso mais uma vez que aconteceu no Ultramar a partir de 1954, e já é tempo de nós todos termos noção da realidade dos factos e não dos mitos e falácias que nos quiseram e querem vender.

Portugal tinha, ao tempo em que começaram a ocorrer os eventos que descrevemos, poder efectivo – político, diplomático, económico, financeiro, psicológico e militar; vivia uma paz social e dispunha de uma liderança forte, patriótica e competente, que se dispôs, altaneira, a defender as suas gentes e património e a vender cara a pele. Nenhum bom português pode condenar esta atitude.

E foi assim que cerca de um milhão de homens foi ocupar sucessivamente os seus postos de combate, naquilo que constituiu, sem sombra de dúvidas, a melhor campanha efectuada desde os tempos do Sr. D. Afonso de Albuquerque, chegando-se a combater simultaneamente em três teatros de operações de uma extensão enorme, separados entre eles e a Metrópole – que era a base logística principal – por milhares de quilómetros, sem generais ou almirantes importados – o que já não sucedia, note-se, desde Alcácer Quibir - e fazendo-o vitoriosamente com a excepção já referida do Estado da Índia, devido à esmagadora desproporção de forças em presença.

Mesmo assim fizemos frente com sucesso a 10 anos de malfeitorias da União Indiana, não foi coisa de somenos!

Todo este esforço foi feito sem qualquer disrupção política, social ou financeira; mantendo-se o desenvolvimento económico sempre a subir e de forma sustentável, em todos os territórios do Minho a Timor; sem qualquer tipo de ruptura logística, casos de indisciplina notórios e com uma taxa de desertores (incluindo as tropas negras), que não encontra paralelo em nenhuma campanha contemporânea.

Até ao 25 de Abril de 1974, os batalhões embarcaram todos completos e em boa ordem de marcha!... E lembro que antes de embarcarem, permitia-se que os militares fossem a casa, despedir-se dos familiares durante 10 dias …

Foi pois todo um povo irmanado de um mesmo ideal e sentir, que aguentou firme e estoicamente, anos e anos de campanhas e sacrifícios.

E se eram os combatentes que na linha da frente aguentavam os embates da guerrilha, eram as suas famílias que na retaguarda, suportaram os sacrifícios e a incerteza que as frentes de combate implicavam. Neste âmbito há que fazer uma menção especial às mulheres portuguesas.

Se é certo que aos expedicionários cabia sofrer as agruras da campanha, que não poucas vezes lhes causavam ferimentos ou a própria morte, foi a mulher portuguesa que desde a expedição a Ceuta, em 1415, aguentou a retaguarda, tratou da casa, criou os filhos e passou toda a sorte de infortúnios para que a gesta se cumprisse. É ela que verdadeiramente cria e justifica a palavra “saudade” e foram a suas lágrimas que salgaram o mar português.

Algumas se destacaram: mulheres, como Filipa de Vilhena e Mariana de Lencastre, que armaram, elas próprias, os filhos, cavaleiros e os incentivaram a defenderem a Pátria; as mulheres de Diu, que atrás das pedras da fortaleza, obraram prodígios, ajudando a aguentar dois terríveis cercos, tratando dos feridos, transportando armas e munições, municiando espingardas, etc.; como as mulheres de S. Aleixo da Restauração, que mesmo correndo o risco de ficarem sepultadas debaixo dos escombros da igreja, motivaram os homens a resistir.

Foram estes e outros exemplos que perduraram nas mulheres do terceiro quartel do seculo XX e que permitiram que as famílias se mantivessem coesas na defesa dessa família maior que é a Nação dos Portugueses!

Da mesma têmpera são as enfermeiras paraquedistas (oficiais e sargentos) que, a partir de 1961, numa iniciativa percursora e original, integraram a Força Aérea Portuguesa tendo prestado relevantes serviços à Pátria.

A homenagem que lhes foi feita neste último Dia de Portugal foi justíssima e só perdeu por tardia.


*****

“O peso das grilhetas do escravo é bem maior que o da mochila do soldado”
Eisenhower.
 
Esta questão do “tardia” leva-nos à última reflexão:
Porque é que 41 anos depois de as campanhas terem terminado e os centuriões regressado a casa, ainda existem tantas reticências nas homenagens que lhe são devidas?
A resposta sendo triste e dolorosa, é simples de dar. E eu tenho de a dar.
A Pátria não se tem mostrado agradecida porque está de mal com ela própria.
As forças políticas que saíram vitoriosas daquilo que era para ser um golpe de estado e virou revolução, sem lei nem roque, eivadas de ideias erradas e anti - nacionais, fizeram seu, o ideário político dos, até então, inimigos da nação portuguesa – fazendo crer que eram apenas inimigos do estado português – sanearam quem se lhes opunha e intimidaram a restante população.
Quem não concordava, não conseguiu, quis ou soube, fazer frente a tudo isto. Depois iniciaram um processo de lavagem ao cérebro onde participaram muitos desertores, traidores, repatriados e refugiados políticos, de modo a fazer crer que a acção dos portugueses tinha sido criminosa; que os combatentes andaram a defender o imperialismo, o fascismo, o colonialismo e outros “ismos”, que eles tinham metido na cabeça mas colados com cuspo, arrumando-os na prateleira da ignomínia histórica.
E decretaram, liminarmente e sem direito a contraditório, que a guerra que travámos era injusta!
O condicionalismo psicológico foi enorme e, de omnipresente nos “media”, no discurso político, na literatura e artes plásticas, passou para os livros da escola.
Um vento mau assolou o país e, porque não dizê-lo, uma onda de cobardia também o varreu.
Por isso, só muito lentamente a população tem estado a acordar das mentiras em que a enlearam e cujos efeitos morais e materiais estão hoje à vista de todos.
Lembrar e homenagear estes e outros combatentes no dia maior do calendário português, é um momento desta reacção. E é preciso gritar bem alto que os combatentes portugueses, de então, o merecem, que fizeram uma guerra justa, pois actuaram em legítima defesa e proporcionadamente e além de justa, limpa, com pouquíssimas quebras na ética militar; foram, generalizadamente, humanos e usufruindo de meios materiais pouco sofisticados. E podem justamente orgulhar-se de, para lá de legitimamente defenderem territórios e gentes herdadas dos seus antepassados e que eram incontestavelmente portugueses – nossos! – ajudaram ao desenvolvimento dos mesmos, o que ultrapassou tudo o que se fez nos quatro séculos anteriores.
Divisava-se, assim, a formação de uma sociedade multirracial e pluricontinental, que vivia em harmonia, única no mundo e que constituía e constitui um dos mais altos ideais da Humanidade. Era um Ideal digno dos nossos maiores de que, justamente devemos estar orgulhosos.
E o facto de não se ter conseguido fazê-lo perseverar, não invalida o que atrás se disse.
Caros leitores afirmar a verdade histórica e as boas intenções e repudiar a mentira e os mentirosos, é um imperativo de sempre; há que separar águas e voltar à matriz original portuguesa.
Os “ventos da História” não foram erradicados e podem voltar a soprar contra nós, de novo; não sei até, se o deixaram de fazer...Há que estar preparado e nunca, mas nunca, baixar as guardas! Lembro apenas que, presentemente nos querem esbulhar do nosso mar, da nossa ZEE.
O combate não acabou e creio que não irá acabar enquanto Portugal existir.
E o primeiro dever dos combatentes portugueses ainda vivos é, no ano 887 da sua existência como ser independente e soberano, não ter dúvidas sobre a continuação do seu devir colectivo!
É mister terminar.
E faço-o, curvando-me comovido e grato, perante a memória de todos os nossos combatentes já desaparecidos e cuja evocação devemos garantir enquanto perdurarmos.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

“MIGRANTES”, DEFESA NACIONAL, COISAS GRAVES E PARVOÍCES AVULSAS

“E ainda muitos dos meus naturais que, por alguns negócios estão desterrados dos meus reinos, é melhor que estejam aqui fazendo serviço a Deus e cumprindo sua justiça, do que irem-se para terras estranhas e desnaturarem-se para sempre da sua terra”.
Fala de D. João I, in “Crónica da Tomada de Ceuta”, de Zurara

Parece que passámos a ter uma nova classe de cidadãos no mundo: Os “migrantes”!
De um dia para o outro, deixou de se falar em imigração/emigração; refugiados; fugitivos; párias; perseguidos políticos, etc.; passámos a ter migrantes.
Fomos ao dicionário ver: vem do latim e designa aquele que muda de país.
Ora quem muda de país tem que se sujeitar às regras dos países objecto da mudança. Não parece ser nada disto que se passa, por um lado porque de uma parte não há regras e do outro não se aplicam…
O que se passa é que esta designação passou a designar (vá-se lá saber porque bulas) as sucessivas vagas de refugiados que vêm do Norte de África, tentarem acolher-se ao “velho Continente”.
Porque o fazem?
Basicamente para fugir à guerra, às injustiças, à pobreza, às purgas, ao genocídio, às perseguições e a todo um restante rol de desgraças que assola o mundo desde o seu começo.
Sobretudo ao desespero e à falta de esperança…
As “migrações” não são de agora, sempre ocorreram desde a Antiguidade, acomodando-se à força.
Desde que começou a haver fronteiras e o seu contínuo oscilar (Portugal é um felizardo neste âmbito pois tem as suas – no Oeste da Europa, que é o que nos resta - mais antigas e estabilizadas, desde 1297, havendo apenas o lamentável contencioso relativo a Olivença e seu termo, pendente).
Bolsas de nacionalidades têm ficado espalhadas por outros territórios que não são originalmente o seu, com as graves implicações para o futuro que tal fenómeno sempre acarretou.
Ora a questão dos refugiados (não migrantes) levanta sempre um problema ético grave, de muito difícil solução, já que não é moralmente aceitável não prestar ajuda a quem está em risco de morrer ou ficar desamparado.
A situação actual está, porém, na fronteira de ficar fora de controlo, por insustentável e poder vir a criar tensões sociais explosivas, originando mini guerras civis por toda a Europa.
Vejamos.
A partir, sobretudo, dos anos 50 e 60, do século XX, verdadeiras vagas de emigrantes vieram procurar trabalho nos países europeus vindos, na sua maioria, de África e alguns da Ásia e do Médio Oriente.
Por outro lado, também se verificaram deslocações de milhões de pessoas dentro da própria Europa (já para não falar dos deslocamentos directamente relacionados com o fim da II Guerra Mundial), nomeadamente dos países mais pobres para os mais ricos.
Ficou imune ao fenómeno (salvo o relacionado com a II GM) o bloco soviético, não só pela pobreza que por lá existia, como pela odiosa ideologia com que escravizavam os seus povos e o controlo paranoico exercido nas fronteiras.
Um lote alargado de razões originou as vagas de emigração referidas, a saber: o “boom” económico no Ocidente, após a guerra; o excesso de população e pobreza existente em vários países do globo e a estreita relação de muitos países europeus com povos e territórios que estavam ou tinham estado sob sua administração colonial.
Por outro lado, a partir dos anos 60, a facilidade do controlo artificial da fertilidade; o aumento do aborto legal; a luta da “libertação da mulher”; o predomínio dos direitos face aos deveres; o consumismo e o hedonismo, etc., complementadas com a melhoria da segurança social e outros fenómenos sociais, levaram à quebra brutal da natalidade, na Europa, com os consequentes problemas demográficos.
Tal originou a necessidade de emigrantes, o que levou ao aparecimento de redes de tráfico e a modernas formas de “escravatura” social.
A demagogia da caça ao voto – que é a doença infantil da “Democracia” – fez o resto.
E já nem quero falar noutro âmbito – que é um patamar diferente de discussão – que tem a ver com a mistura “artificial” de populações, que visa objectivamente, o desaparecimento da raça branca e, a prazo, o fim das nações (dada a misturada alargada e não só) e, em sua substituição haver apenas uma cidadania universal com o respectivo governo mundial…
Ideias que nasceram na Europa dos anos 20 (interrompido pela IIGM), com origem num tal senhor Richard Kallergy e no Movimento Pan - Europeu, e cujo nome deu origem a um prémio ainda hoje entregue, em Viena de Áustria, no âmbito da UE.
Vamos, sem embargo, deixar esta discussão para outras núpcias.
A questão da emigração envolve, outrossim, um lado ideológico, politicamente correcto, que foi consubstanciado na doutrina do “multicuralismo”, e que se transformou num desastre extenso, pois representa um modelo que separa e não integra, dando origem a uma ilusão de prosperidade e de respeito mútuo.
Para além do mais o sistema estava condenado a falhar pela simples razão de que a grande maioria das populações é racista e uma percentagem elevada de emigrantes também o é, e não se quer ou consegue, integrar.
Entre estes últimos, tomam especial relevância, aqueles imbuídos da religião muçulmana que, além de não quererem integrar-se e serem uma espécie de “racistas religiosos” – como aliás a maioria dos judeus sionistas, que tratam os não aderentes à Lei do Talmude, com o termo depreciativo “goyin” – ainda querem impôr as suas regras e o seu modo de vida, aos locais!
Ora tudo isto passou a tomar proporções tais que está, aos poucos, a sair fora de controlo e a gerar tensões que se não forem esvaziadas – e nada aponta para tal – irão pulverizar a Europa em depredações violentas, cujo alcance, extensão e consequências ninguém pode prever.
A reacção dos políticos tem sido a de meter a cabeça na areia como a avestruz e assobiar para o lado – ou não fosse a sua actuacção no passado a principal causa do imbróglio em que estamos metidos.
A maioria da população narcotizada pela imbecilidade e cultura do desfrute, reinante; inchada de direitos e bajulada pelo sistema dito democrático, opulento; vivendo centrada em si, num egoísmo e narcisismo que se suplanta a Deus, vive anestesiada, baralhada e, até, acobardada na esperança (vã) de ir vivendo sem ser afectada.
Todos os ingredientes estão reunidos para que as coisas acabem mal.
É neste quadro, assaz sucinto, que as fronteiras Sul da Europa – depois da fuga em catadupa dos cidadãos dos países de leste, após a queda do muro de Berlim – se vêm ameaçadas por dezenas de milhares de refugiados (hão - de ser mais!) vítimas do descalabro civilizacional que varre grande parte do globo.
Descalabro em muitos casos causado pelas grandes potências do Ocidente, que abandonaram cobardemente a África à sua sorte; não sabem lidar com os países muçulmanos (que têm uma maneira de ser e estar em tudo distinta); que se afundam voluntariamente no vício, na corrupção dos negócios e na rejeição da sua matriz cristã; na negação da sua própria cultura e no assalto geopolítico às fontes de matérias - primas, só para ficarmos por aqui.
Mas não podemos deixar de frisar a sua completa sujeição às fontes de poder financeiro que se escondem constantemente atrás de organizações difusas.
Tendo, ainda, há muito esquecido um princípio de Jean Bodin: “Contudo, mesmo assim, a pior das tiranias não é tão má como a anarquia, onde não há qualquer forma de República, nem ninguém que comande, ou que obedeça” (livro VI, Cap. IV)[1].
O exemplo mais gritante foram as recentes consequências da “Primavera árabe”…
É difícil – a não ser que seja propositado – fazer tantas asneiras seguidas, em qualquer parte do mundo!
A União (!) Europeia, onde aparenta confluir a mais incapaz classe política de todos os tempos, não lhe ocorre mais nada do que querer distribuir, mais equitativamente, os refugiados pela totalidade dos países membros, estabelecendo quotas.
Falta porém arranjar uma definição de “equitativamente”, que satisfaça a miríade de interesses de cada estado…
E, apesar da Comissão Europeia oferecer dinheiro – que é a única coisa, insiste-se, que sabem fazer, estão a arranjar mais um molho de brócolos que a todos dividirá.
Todos? Eu disse todos?
Perdão, em Lisboa grassa o optimismo e a mania parola de querer ser sempre o melhor aluno e de aceitar tudo o que vem de fora numa despersonalização acéfala que até doí.
E além de aceitarem – agora com uma “nuance” de finta, lembrando o problema do desemprego – os 778 refugiados propostos, que não irão parar de subir se o sistema for aprovado, pois há milhões a fugir, ainda vem o Primeiro-Ministro defender que a política de emigração deve ser liberalizada!
Há que o enviar já a uma junta de médicos, que são três (ao contrário de uma junta de bois, que são dois), para aferir do seu estado psicossomático…
O que há a fazer, infelizmente, - o pragmatismo neste caso vai ter que ferir alguma justiça e preceitos éticos, sob pena da situação se tornar ainda pior para todos – é justamente o de cerrar mais as portas e exercer um controlo maior. O acordado em Schengen tem de ser revisto de alto a baixo.
Como medida preventiva, profilática e dissuasora!
Se assim não acontecer, além de não se resolver nenhum problema, arriscamo-nos a um verdadeiro “tsunami” político e social que a todos prejudicará.
Os problemas devem ser resolvidos fora das nossas fronteiras (não os importando), evitando-se a guerra e as injustiças sociais; obrigando a que cada país resolva os seus problemas; responsabilizando quem mal procede (a eterna luta entre o Bem e o Mal…) e impondo sanções; prendendo e, ou, eliminando os traficantes de humanos e devolvendo à procedência os clandestinos.
Em tudo isto tem mais uma vez evidenciado a sua falência, aquela organização desconforme, com sede em Nova Iorque, conhecida por ONU.
E, sobretudo, impondo o respeito da nossa ordem e valores sociais e morais a quem vem viver connosco.
Deve-se ainda perguntar, já agora, ao Governo de Passos Coelho/Portas, quantos “migrantes” irão viver para casa de cada um dos políticos que fazem parte do Executivo; dos Parlamentares ou, eventualmente, irão acampar nos jardins da Presidência.
É que estão a tentar meter gente em nossa casa, que nós não convidámos e ninguém perguntou se queríamos receber.
Há uma luta contra o tempo, que é um recurso escasso.
Mais escasso até, que o dinheiro.



[1] “Six livres de la République”, publicado em 1576. Jean Bodin (1530-1596), jurisconsulto francês – um clássico da Ciência Política.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

AINDA HÁ GENTE COM PINTA!

Assunto: INSTITUTO ODIVELAS - Carta de pai de aluna do IO

Circular do Exército e a seguir, abaixo, posição de um encarregado de educação